O dia a dia ordinário de Tessa

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― Onde ele está? Não dá para enxergar no escuro.

― É para isso que usamos magia de detecção.

Tessa revirou os olhos, sem se dignar a olhar para trás ou responder aos dois aurores que a seguiam no túnel do metrô de Nova York. Estava preocupada demais em seguir rastros, preferiria ter ido sozinha, mas já que foi obrigada a carregar os dois com ela, havia se tornado indiferente à discussão entre Melissa Bass, uma auror habilidosa e o jovem aprendiz dela, Chuck Martin, quase da idade dela, mas ainda extremamente inexperiente. E sem noção.

― Calem a boca os dois! – ela sibilou, irritada, sem olhar para os dois. – Lumus.

Uma pequena fagulha de luz apareceu na ponta de sua varinha, iluminando fracamente uma órbita ao redor de Tessa. O sussurro de seus companheiros ecoava o feitiço, e logo três pontos de luz se destacavam em meio à escuridão do túnel.

― Se dividam.

Melissa e Chuck prontamente obedeceram, seguindo a esquerda e a direita, deixando Tessa para trás. Tessa continuou onde estava, apurando os ouvidos para identificar o gotejar distante, o silvo do vento que ecoava até ela. Um silvo distinto de respiração. Tessa se alarmou, voltando a atenção à direção norte do túnel.

Um tremor percorreu as paredes.

Sem precisar avisar, tanto ela quanto os acompanhantes aparataram para cima, para o teto do trem que passava a toda velocidade, estremecendo as paredes de pedra. Tessa não esperou ao desaparatar de novo para o chão, para metros ao norte de onde estava, para onde sentia seu instinto a conduzir. A escuridão não a incomodava, logo, Tessa começou a correr pelos trilhos.

Ondas ecoavam de um ponto adiante. Mais alguns passos, e finalmente, com um arquejo alto, ela percebeu o que causava tudo aquilo. A grande massa de energia escura flutuava no fim do túnel, próximo à porta aberta de manutenção, e mesmo de longe, ela conseguiu distinguir o líquido vermelho espalhado pela porta, pingando sobre os trilhos, e a massa, se movia dinamicamente, como um pulsar de coração.

Seu sangue gelou, e com muito controle da respiração, Tessa se forçou a continuar calma, a não sair correndo de onde estava, a não fugir perante a visão de um Obscurial.

― Porra.

Tessa passou a retroceder, passo a passo, com o máximo de silêncio que conseguia impor aos seus passos, as mãos involuntariamente tremiam, e sua mente rapidamente repassava todas as informações existentes que possuía sobre Obscurus. Para sua completa frustração, seu conhecimento era quase insignificante.

― Ali está ela! – Tessa congelou onde estava com o grito de Chuck; Os passos barulhentos se aproximavam dela, e o Obscurus parou o movimento, praticamente se eriçando e esticando-se em direção a ela – Ei Potter, estávamos procurando por você por todo o túnel. – Tessa tornou a retroceder, passos cada vez mais apressados, não tão mais preocupada com o barulho – Você nem avisa onde vai... O que é isso? Ei, Potter...

Tessa chutou uma pedra, que ricocheteou nos trilhos, e o Obscurus se agitou.

― ABAIXA!

Em um intervalo de respiração seu grito preencheu o túnel escuro junto ao expandir do Obscurial, que se jogou em direção a eles. Chuck havia congelado, completamente assustado, e Tessa teve segundos para alcança-lo, segundos para um contorcer terrível de seu estomago, desaparatar para a superfície agitada da quinta avenida antes que as paredes do túnel fossem quebradas e a criatura não conseguisse tocar mais que os dedos dos pés deles.

Chuck caiu assustado no chão, os pés enegrecidos pelo contato com o Obscurus, tremendo por todo o corpo.

― O... qu...que...fo...i...aqui...aquilo? – Ele perguntou, pupilas dilatadas e respiração acelerada.

Huntress - A História de Tessa PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora