Não se pode fugir do destino

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Já se passavam das dez da noite e Mariana ainda não havia retornado, era por volta das seis quando a morena  recusou a tradicional carona de Ana e saiu do escritório dizendo que precisava resolver umas pendências.

As coisas não eram tão estranhas quanto esperava-se que fosse. A dinâmica de sustentar um relacionamento de fachada não era nenhum desafio tão grande, se respeitavam, confiavam uma na outra e, secretamente, nutriam um sentimento ainda nem tanto explorado. Elas sabiam que dariam certo juntas, sempre deram, as filhas e o aplicativo estavam como prova concreta dessa união.

Deitada no sofá, folheando as páginas de um livro qualquer, Ana estava inquieta por não ter recebido mais nenhuma informação sobre Mariana. As crianças já dormiam tranquilas, conforme indicava a babá eletrônica deixada ao seu lado no sofá.

Foi quando ouviu um leve ruído na porta e a mais nova empresária entrou com um leve sorriso no rosto. Seguiu seu caminho até a cozinha, alheia a presença da loira na sala. 

Curiosa, a passos leves, Ana a seguiu até o outro cômodo fingindo uma sede repentina. 

_Oh! Você me assustou!?_ a morena virou-se com as bochechas avermelhadas pelo susto. _Não sabia que ainda tinha alguém acordado.

_Você demorou pra chegar e não dava notícias..._ a mais velha se aproximou pegando também um copo e despejando o líquido transparente. _Você estava com Tere?_ os olhos azuis demonstravam certa curiosidade 

_Ah, não_ respondeu a morena, dando de ombros sem querer continuar o assunto.

_Não!?_ maneou a cabeça domonstrando uma leve confusão.

_Eu precisava resolver algumas coisas que não deu tempo antes de "nós" acontecermos. Coisas com o Ferrán_ os olhos da mais velha se sobressaltaram, os braços se cruzaram em frente ao corpo e a sobrancelha erguida dava os primeiros sinais de uma leve irritação.

_Mariana, você sabe que para o nosso plano dar certo, você precisa ser fiel ao que temos, ne? Todos precisam acreditar que estamos apaixonadas, aceitamos fazer isso pelas meninas.

_Eu sei e compreendo a sua irritação..

_Não estou irritada.

_Ana, por favor! Eu precisava esclarecer as coisas com ele, nosso segredo permanece guardado. Você não confia em mim?

_E o que você disse a ele? 

_Falei que vocês foram a melhor coisa que me aconteceu no último ano e que estar ao seu lado é o que eu quero e o que me faz bem. E que ainda não tínhamos nos acertado porque você não havia decidido sobre o seu casamento. Mas que agora estamos muito bem e decididas sobre o nosso amor e a família que queremos.

_E ele acreditou? 

_Eu espero que sim.

_Também espero, porque assim ele não nos atrapalha mais _ o clima pesou um pouco e a troca de olhares se tornou mais intensa, como se já não falassem mais somente sobre a farça e sim sobre elas, sobre o que poderia ser real_  e… p-podemos seguir com o plano. Pelas meninas, certo?

_Pelas meninas, sempre por elas._assentiu _ Se me permite, vou tomar um banho e tentar dormir.

Abraçou e depositou um beijo na testa de Ana, mas antes de seguir seu caminho até o andar de cima, foi parada mais uma vez pela voz da outra mulher.

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