chapter One

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- Melissa Carson -

Hoje o dia foi exaustante, foi horrivel como todos os outros, vou resumir: acordei, tomei meus remédios, me forcei a ir pra escola, na escola fui zoada e humilhada, não consegui assistir nenhuma aula em paz, voltei pra casa, e não fiz nada o resto do dia. É sempre assim, por que mudaria de uma hora pra outra? Sinceramente eu não vejo mais motivos pra continuar viva, na verdade, a um ano eu não sinto vontade de viver, por que a um ano meu irmão e meu primo (meus dois melhores amigos, e únicos) simplesmente sumiram em uma viagem com seus amigos, e ali se foi tudo que já me fez sorrir.
Os amigos deles continuam lá, na cidade do outro lado do país, a procura dos dois perdidos, mas quer saber? eu não tenho mais esperanças.
A cinco meses eu desisti de procurar respostas, meu irmão e meu primo foram dados como mortos aqui na nossa cidade, passou até no jornal, mas, ninguém da escola ou do bairro...ou da cidade, sabe que são meus parentes.
Me corta profundamente falar sobre eles, e é por isso que estou chorando.

Limpo minhas lágrimas com a manga da blusa e deito me embrulhando, o sono não vem.

06:00

Desligo o despertador, e penso que talvez mais tarde eu tenha coragem de dar fim a essa vida dolorosa que eu levo.
Depois de colocar a roupa, tomar café e arrumar o material, respiro fundo me preparando pras humilhações, os insultos e até ameaças que receberei.

Saio enfiando o celular na mochila, hoje não vi meus pais porque eles dois tiveram que sair cedo para trabalhar. Na verdade eu não sei se é mesmo pra trabalhar, já faz uma semana que eles saem muito cedo pra "trabalhar", sempre deixam um bilhete falando que me amam e desejando boa aula, eles sabem do meu sofrimento, e são os meus únicos amigos que tenho agora, eles e minha irmã mais velha, sempre tentam de tudo pra me fazer feliz, eu sou grata a eles por isso, mas a felicidade é algo que não esta na minha vida a um bom tempo.

Quando já estou perto da escola, penso em dar a meia volta e ir direto pra ponte, e é isso que faço, mas quando começo a andar escuto uma conversa sobre as provas de hoje.

mas que merda, eu havia esquecido dessas provas idiotas.

Novamente dou meia volta, mas agora caminho em direção a escola, decidida de que hoje será a última vez em que eles iram me ver.

Estou a uma hora na escola, e já escutei tanta coisa, e cada coisa é uma facada. "estranha" "você é feia, brega, sozinha, porque insiste em viver?" "ai, um fantasma" "feia" "ridícula" "fraca" essa palavra eu já escutei umas quinze vezes só hoje. A maioria das vezes que sou humilhada, as praticantes são as pragas, as populares, elas são bonitas, lindas, mas, se acham superiores por isso, elas sempre pisam nos outros sem importar com os sentimentos.

Estou no refeitório, no canto pra ser mais exata, sozinha, não tem ninguém perto de mim, e todos que passam apenas me olham com nojo e sei lá oque mais.
Termino de tomar o leite com Nescau e coloco a caixa vazia na bandeja, vejo uma sombra e já sei quem é, ou melhor, quem são.

- aaa que pena, você está sozinha? - a Mayson fala irônica e eu não respondo - você consegue se superar...cada dia mais feia - elas riem em voz alta - é uma fraca nojenta mesmo, nem responde, é isso, é assim que eu gosto, late totó - elas riem mais ainda - credo

Eu não aguento mais olhar nos olhos dessa garota sem falar nada.
Eu vou morrer hoje não vou? então pronto, vou pelo menos falar alguma coisa.

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