II. Qualy

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— Como você está sentindo o carro, Ayla? — perguntou Anthony pelo rádio.

— Está muito melhor. — Respondeu Ayla com os olhos fixos na pista.

— Ok, pode voltar aos boxes.

Ela voltou lentamente ao pitlane, saindo do carro logo em seguida. Estava nervosa com a qualificação, não sentia muita confiança no carro, mas naquela altura não podia fazer mais nada. A qualy seria daqui a duas horas e levaria uma advertência se mudasse alguma coisa.

Tirou o capacete e inspirou profundamente o ar limpo e fresco ao seu redor. Os cabelos molhados de suor coçavam seu pescoço, causando desconforto. Charles, ao fundo, conversava com Binotto, ambos com semblantes sérios e preocupados. Ele não tinha ido mal, mas o clima não parecia dos melhores. Decidiu não se meter e seguiu seu rumo.

Anthony voltava do pitwall com as mãos nos bolsos, olhando para o chão. O barulho dos mecânicos e dos carros na pista enchia o ar, mas era abafado pelos sentimentos de insegurança dela. Bufou e se recostou na parede, sentindo o suor descendo por suas costas.

— Fez um bom trabalho. — Anthony comentou quando finalmente se aproximou. — Não conseguiu pódio, mas testou o carro. — Seu sorriso apagado iluminou o rosto quadrado e perfeito.

— Eu ainda não estou confiante. — Ela deu de ombros.

— Ayla, o carro está perfeito. Eu e Jack verificamos cada centímetro, não há defeitos! — Ele segurou os ombros dela com firmeza. — Se continuar com esse pessimismo, vai acabar se machucando.

Ela engoliu em seco e respirou fundo.

— Agora, vá se preparar, porque na qualy, você terá que dar o seu melhor! — finalizou, saindo e deixando-a sozinha.

☁︎︎

— É agora. — iniciou Mattia pelo rádio assim que Ayla saiu dos boxes. — Não se esqueçam da dobradinha das Ferraris. Quero Pole Position de um dos dois, e essa corrida de domingo será crucial para a carreira de vocês neste ano.

Ela seguiu com o carro, acelerando gradualmente para aquecer os pneus. Quando ganhou firmeza, pisou fundo no acelerador o máximo que podia, prestando atenção em cada curva e calculando o momento certo para acelerar sem perder o controle, evitando um possível acidente.

— Três minutos, Ayla. — informou Anthony.

O nervosismo subiu por sua coluna até a ponta dos dedos dos pés. Tentou respirar fundo pelo capacete, com muita dificuldade. O calor dentro daquele carro era intenso, e uma pessoa sem preparo físico morreria desidratada. Ayla pensava que até mesmo quem tivesse preparo físico sofreria.

"Quem foi o imbecil que permitiu uma corrida no Oriente Médio?", pensou, cerrando os dentes.

Com os pés pressionando o pedal do acelerador, os carros à sua frente eram apenas vultos de cores diversas. A vibração do motor ecoava em seus ossos, e o calor do cockpit era insuportável, fazendo cada segundo parecer uma eternidade.

O ar dentro do capacete estava abafado, e por alguns segundos sua visão escureceu. Precisava que aquela qualificação acabasse logo. Ajustou a postura e apertou o volante com mais força, como se isso a ajudasse a se manter desperta. As curvas se tornavam mais difíceis, mas ela não podia se distrair.

— Dois minutos, Ayla. — a voz de Anthony cortava o som do motor de seu carro, alertando que o tempo estava se esgotando.

Ela engoliu em seco e acelerou mais, tentando manter o foco, mas sentia os olhos pesados. Não podia fraquejar, mas a luta contra seu próprio corpo se tornava mais intensa do que contra a qualificação. Ela era forte, e sabia disso.

You Mean Forever? - Franco Colapinto FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora