Olhando para o teto,
Não consigo lembrar das coisas que já disse.Me perguntando o valor das coisas,
Chorando pelas pessoas que se foram.Sonhando em achar um sonho que vala a pena,
Teorizando o ano que vem se aproximando.Perguntas infantis.
Me diziam que quando eu crescesse,
Eu iria entender.Engraçado.
Aqui estou eu,
Me perguntando as mesmas coisas.
Será que nunca vou crescer o suficiente?Quando eu era pequeno,
Refletia sobre ser um bom garoto,
Tentava sempre ser o garoto gentil.Alguns pensamentos me machucavam muito.
E pensar que eu sempre tive a ideia de cometer suicídio desde pequeno.Mas era de uma forma tão inocente e pura,
Que chego a achar adorável aqueles pensamentos suicidas.Não me lembro de quando comecei a pensar nessas coisas,
Muito menos quem ou o quê
Deu o pontapé para todas essas reflexões da minha cabeça.Mas quanto mais eu refletia,
Mais o medo de mim mesmo crescia.Eu não sei.
Eu sentia que tinha algo dentro de mim,
Algo crescendo...Ódio próprio inundando a minha alma,
Me martirizando por coisas fúteis.—Docinho...
Talvez eu nunca tenha sido uma criança normal.
Me perguntava tantas coisas que até hoje não entendo.Parecia que eu estava me afogando em um oceano negro e sem fim.
Eu sentia que tinha algo de errado comigo.
Eu guardava coisas que eu não sabia como me livrar.Raiva, ódio, frustração,
Violência, maldade sem sentido.—Monstro...
Eu tinha medo de falar para os outros.
E olha só onde chegamos.
As coisas estão transbordando,
E estou machucando os outros.Acabei me transformando em um monstro.
Minhas ações cortam como uma navalha,
Minhas palavras são tiros que estraçalham o seu sentimental.Nada é de propósito,
Pior,
É sem querer.Tentando evitar o pior,
Não penso direito nas palavras,
Muito menos nas ações.Eu não consigo me perdoar por isso.
Como eu não pude ver coisas tão óbvias?
O caminho já estava certo.As escolhas não iriam levar a outro lugar,
Se não o lugar de dor.Sempre achei que fossem as decisões certas a serem tomadas.
As melhores atitudes,
As melhores palavras...E veja!
Tantos corações sangrando por minha causa,
Tantas lágrimas derrubadas por um monstro desajeitado.É como se eu estivesse morando e atirando,
Em todos aqueles que eu amo.Parando pra pensar.
Todas as minhas palavras e ações foram as certas,
As certas para ajudar,
Mas somente a mim mesmo.É como se eu tivesse fazendo de tudo para fugir.
Um monstro covarde,
De novo isso..—As coisas sempre vão voltar, Docinho...
Tantos nomes.
Grandão,
Docinho,
Querido,
Amigo,
Irmão,
Lonely Jacket.Que merda,
Pareço até um demônio
De tantos nomes que tenho.Um demônio de jaqueta azul e fone,
Com uma arma na cintura
E uma faca na manga.Talvez eu não seja o único monstro nessas ruas,
Pois todos têm seus próprios jeitos de machucar os outros.É como se pudéssemos destruir o coração de quem quisermos,
Com uma grande facilidade.Pequenas ações,
Pequenas palavras,
Pequenos pensamentos,
Pequenos erros.É.
Eu tinha razão em ter medo de mim mesmo.Mas eu não quero voltar para aquele oceano,
Prefiro sofrer pelas lágrimas que derrubei.
Ainda posso ser melhor que esse monstro que existe dentro de mim.Estou cheio de arrependimentos
E quero resolver todas as minhas dúvidas.Se aquele garoto gentil era só ilusão?
Só você pode me responder.Você sabe que nunca vou assumir minhas boas ações,
Pois aprendi desde pequeno a olhar somente meus erros e me julgar por eles.Hora de voltar às origens,
Voltar ao pó.
Onde todo o meu ser se encontra.
Pois finalmente,
Entendi algumas coisas que me assolavam na infância.O que posso dizer,
Até um monstro precisa se entender.
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A Realidade Das Minhas Fantasias
PoesiaDizem que a realidade é a única coisa que existe, que não podemos ter tudo o que quisermos, que só temos que aprender a seguir em frente. E não está errado, mas essa é uma verdade que pode frustrar muitas pessoas. E eu sou uma dessas pessoas frustr...