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Antes de começar, observei o bairro, estava bem calmo. Na casa à nossa frente dois camiões de mudanças estavam estacionados bem na sua frente mas para meu agrado estavam fechados, o que dizia que não estavam pessoas as circular por ali.

Coloquei os meus fones, dei começo à música e subi para o skate. Um sorriso logo se formou na minha cara. Posso estar sempre a sorrir mas acho que este é das poucas vezes que é realmente verdadeiro. Dei várias voltas ao bairro e a cada uma fui juntando mais manobras, cada uma delas mais complicada que a outra. Aposto que ninguém faz isto la no parque! Aposto que sou bem melhor que todos ali! Aposto que se mostrasse do que realmente sou feita eles ficariam de boca aberta!
Mas é nesse instante que paro e o meu sorriso se desfaz, pois sei que, mesmo se pensasse isso tudo, quando estivesse la não o iria fazer, não iria conseguir, o meu corpo não iria reagir, iria ficar paralisada. Já não sou a Ema que costumava ser - digo para mim mesma e infelizmente a minha mente concorda e quando isso acontece nada se tem a fazer.

Olho para o skate e quando avisto tudo desfocado é que percebo que comecei a chorar, outra vez.

Limpo rapidamente e entro em casa. Já não consigo mais hoje. Entro de novo no banho e limpo este sentimento da minha cara que não o posso mostrar no parque.

A seguir ao duche, sento me na minha cama e antes que perceba, faltam 20 minutos para a hora combinada.

Como não posso ir de skate, sempre levo a minha bicicleta para que seja mais fácil de la chegar.

Ao chegar, identifico logo o grupo de pessoas da minha turma e aproximo me. Ninguém percebe que eu chego, estão todos a conversar e avisto alguns rapazes e umas raparigas a andar na pista. Este lugar está cheio de pistas e, neste momento, de pessoas, quase todas em grupos de pelo menos 5 e maior parte ou melhor, com exceção de mim e de umas 7 pessoas, todos estão ali para andar.

Fico em pé ao lado da Catarina, uma rapariga loira da minha turma, que conversa com outra rapariga chamada Filipa.

De um momento para o outro, começa uns sussurros vindos de todos para alguém que aparentemente estava a vir de trás de mim. Nem foi preciso virar pois no momento em que me preparava, o mesmo passou por mim andando no seu skate e sem parar, como se não tivessem todos parado quando o mesmo chegou, entrou na pista e começou a fazer manobras, cada uma mais difícil que a outra, um Ollie 360, depois um SS Flip e por fim um Fakie to Fakie 900 repetindo as mesmas várias vezes. Dava claramente para ver a diferença dele para com os outros. Foi nesse momento que percebi que todos se tinham calado, até ouvir umas raparigas a falarem por de trás de mim.

- É o Arranha céus? - pergunta uma com receio.

- Acho que sim - responde outra.

- Sério? Acho que já ouvi que ele já conseguiu fazer um Grab 720 várias vezes. - diz outra.

Wow, nunca tinha visto aqui ninguém que realmente fosse mais como eu.

Ao parar os sussurros voltaram.

- Não achas ele giro? - ouço a Catarina dizer.

E foi aí que olhei realmente para a cara dele. Pronto, okay, ele è giro, com aquele fluffy hair , cor de cabelo entre o loiro e o castanho, olhos caramel e sardas mas, devo admitir, que o que mais me impressionou foi ele ter vindo para aqui apesar de ser assim. O que o deve ter trazido?

Devia estar a olhar à muito tempo porque quando o mesmo olhou para mim, olhou me como se me reconhecesse e eu acordei dos meus pensamentos. Toda a gente ainda estava concentrada nele e quando o mesmo segurou no skate e veio ter comigo, a sua atenção veio de mim para ele e assim por assim adiante.

Calma, porque ele estava a vir ter comigo?

Ao chegar perto, agarrou me no pulso, puxou me para perto da pista, empurrou o seu skate contra o meu peito e exclamou:

- Anda! - assustei me, mas quem ele pensa que é? Coloquei o skate no chão e olhei o nos olhos.

- Desculpa?! - disse já sem paciência.

Skateboarding is better with youOnde histórias criam vida. Descubra agora