Chapter 11

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Katherine

- Bom dia! - desci as escadas, com um sorriso imenso no rosto.

Okay, como não estar feliz!? Na noite anterior, eu havia beijado os caras mais gatos de Amsterdã; um deles tinha se declarado pra mim, dito indiretamente que me amava, e tudo que respondi foi um " awesome "... okay, talvez eu não devesse estar tão feliz assim. Mas eu iria concertar o erro de qualquer forma.

- Bom dia - Meus pais responderam em uníssono, ela carregava uma expressão confusa, e Peter achava graça nisso.

- Qual o motivo de tanta felicidade, Katherine? - eu e Peter nos entreolhamos, e rimos discretamente.

- Nada... apenas o primeiro dia de aula. Último ano, certo? - Isso mesmo. Último ano, Katherine. Cuidado pra não fazer merda.

- Certo... - ela pareceu não estar convencida. Na verdade, minha mãe não é o tipo de mulher que se convence facilmente; pelo contrário, eu nunca conseguia mentir pra ela, o que me deixava assustada em algumas situações - Quer carona pra escola?

Fiquei em dúvida. Meus pais me criaram pra ser uma garota consciente, sem ter que depender do dinheiro deles pra nada, o que acho super certo. Tanto que eu finalmente havia comprado meu próprio carro. Não queria ser uma dessas garotas que ganham um carro e um apartamento de presente dos pais só por acabar a faculdade, e sabia que não seria. Então decidi fazer surpresa.

- Claro. Só vou pegar a bolsa - subi as escadas e voltei depois de mais ou menos uns 10 minutos, com um papel na mão.

- Vamos, eu... - Minha mãe parou imediatamente de falar, olhando diretamente pra o papel que eu segurava - O que é isto?

Fodeu! Fodeu, fodeu, fodeu! Puta que pariu... ela simplesmente não podia saber. Daria merda se ela soubesse, seria merda na certa. Eu precisava encontrar uma mentira, boa. Que convencesse ela, o que era difícil.

- Nada demais - resmunguei.

Okay, era mais fácil simplesmente desviar do assunto, mesmo sabendo que ela voltaria a falar daquilo de novo.

- Vamos?

- E Elise?

- Vou deixá-la dormindo. Volto pra almoçar com ela. Deixei um bilhete. - ela assentiu e saímos.

Entramos no carro e quando estávamos colocando os cintos, Peter apareceu na porta, parecia ter esquecido algo.

- Katherine... - voltei a atenção do cinto para ele - Feliz aniversário. - sorri, e ele sorriu de volta. Era meu aniversário. 22 anos, cacete! Como alguém pode esquecer seu aniversário de 22 anos!? Não é todo dia que uma garota completa 22 anos de vida...

Ninguém dizia nada dentro do carro, enquanto ele estava em movimento. O único som que podia ser ouvido era a Britney Spears cantando " Ops! I did it again " no rádio, e Isabelle cantarolando a música. Sim, minha mãe é o tipo de mulher que ouve Britney Spears. Não me culpe, não me orgulho disso.

- Então... o que tá rolando? - olhei pra ela com cara de " não sei do que você tá falando ", mas é claro que eu sabia - Você sabe, Katherine! Essa coisa com teu pai, o papel...

- Não tá rolando nada, mãe.

Recebi uma mensagem

08:23 - KILLIAN: Feliz dois patinhos na lagoa. Te espero ansiosamente. Beijos!

Receber essa mensagem me fez querer apagar o beijo e toda a declaração da noite anterior. Não por causa da mensagem, mas por causa do que tinha acontecido quando subi para pegar minha bolsa. É isso. Eu já tinha decidido quem eu queria.

Não, eu não conseguia olhar diretamente nos olhos dela. Então mantive o olhar na rodovia. Ela finalmente fez o que eu rezava pra que não fizesse: olhou pra mim. PUTA QUE PARIU!

- Tá! É que... - VAI KATHERINE, CACETE! PENSE! - Papai deixou esse papel no meu quarto junto com... er... - Isso! Era a desculpa perfeita! - a chave do meu carro novo. PRONTO, FALEI!

O silêncio pairou dentro do carro e novamente, o único som era a Britney. Aquilo estava me deixando assustada, e percebi que enquanto ela estava em silêncio, olhando para a rodovia, seu rosto ficava cada vez mais vermelho. A expressão dela passou de " que-porra-tá-acontecendo!? " para " to-putinha-não-me-irrita ". Então finalmente me toquei... eu havia fodido meu pai. Ele estava completa e definitivamente fodido. Que merda, Katherine!

- Ele não tinha o direito! Quem ele pensa que é!? Nós tínhamos um combinado! Você pagaria seu carro! Você pagaria sua faculdade! Com seu dinheiro e responsabilidade! Com sua consciência! - não parava pra respirar, e era bizarro o jeito como ela gritava e sussurrava ao mesmo tempo. E admito, era super engraçado. - E CALA A PORRA DA BOCA, BRITNEY! - ela gritou com o rádio antes de desligá-lo. Okay, eu tentei segurar o riso, mas foi impossível. - POR QUÊ VOCÊ TA RINDO, KATHERINE, CACETE?

- Mãe! - eu gargalhava, cheguei a me contorcer.

- O QUE!? - era engraçado o jeito como ela gritava, ainda olhando para rodovia.

- Você tá pirando! - eu simplesmente não respondia por mim mesma, mal respirava, a cena era irritantemente engraçada.

- Okay, eu... eu... - ela foi diminuindo o tom de voz, e com o tempo, não parecia mais uma lagosta. - Pelo menos ele é bonito? O carro?

- Sim - percebi que já havíamos chegado, então tratei de beijá-la fofamente, como a filha exemplar que eu não era. Saí e fechei a porta, só então acabei. - É um Comet... vermelho. - ela sorriu quando mencionei a cor, afinal, ela tinha um fetiche por carros vermelhos.

Quando já estava do outro lado da rua, prestes a pisar no gramado da Amsterdã University, ela me chamou:

- Katherine... - me virei - Feliz aniversário querida. - sorrimos em conjunto e finalmente entrei na escola.

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