Capítulo 1

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*capítulo 1*

Emily estava sentada tomando seu café quando entrou em um site de notícias e ficou totalmente paralisada ao ver o titulo da manchete, "candidato ao senado Edward Dickinson, do partido conservador diz que se eleito pretende dar prioridade a moral e aos bons costumes e que direitos dados por Deus não devem ser dados as pessoas como premiação por mal comportamento." Ela continuou lendo a matéria onde o pai falava sobre a lei que permitia o casamento homoafetivo ser um retrocesso para o mundo.

— Retrocesso? É sério que alguém dá ouvidos e publica algo tão ridículo assim!? — Emily reclamou em bom som.

— Qual o problema no paraíso? — Anne questionou, entrando e pegando uma xícara de café.

— Meu pai. Ele deu uma entrevista praticamente dizendo que se for eleito, vai revogar todos os direitos lgbt que conseguir. Onde ele quer chegar com isso? Logo vai dizer que as mulheres não devem votar. O retrocesso, na verdade, é alguém como ele na política!

— Querida Emily, eu já te falei que para combater este tipo de pessoa você precisa estar dentro da politica. De fora apenas será um pequeno grito abafado pelo dinheiro do seu pai.

Anne Lister era amiga de Emily, mas também era sua assessora. Graças a ela seu nome ficou conhecido de uma forma diferente do que o nome de seu pai era conhecido. Edward e Emily eram dois polos totalmente opostos, tudo que o homem repudiava sua filha era com muito orgulho.

— Não sei se é isso que quero.

— Você quer mudar o mundo, mas para mudar o mundo você precisa começar por dentro. Por fora só te vê quem sabe que quer ver, seu poemas e livros estão espalhados por todos os cantos do país e até fora dele, mas para quem não quer, isso é uma violência literária, eles continuam desconhecidos. Você tem que ser a mudança que quer no mundo, querida. Sabe que estou aqui para fazer sua voz ser ouvida, mas pra isso precisamos de um megafone. — Emily não era contra entrar na politica, mas ela sabia que isso mudaria muita coisa em sua vida.

— Eu preciso pensar.

— Ok, eu não vou a lugar algum. — Anne levantou e foi lavar sua xícara.

— Anne, e você e a Mariana? — Anne bufou.

— Nada diferente do que você cansou de me dizer. Ela aceitou o casamento com o tal banqueiro.

— Simples assim?

— Ela disse que não podia virar a cara para toda família para estar comigo, que nossa amizade já desagravada o pai dela pelo fato de que eu apareci na festa aquele dia "chamando atenção". Que se ela assumisse alguém como eu seria o mesmo que se jogar na rua. Eu tentei conversar e dizer que ela não precisava do dinheiro do pai dela para ter conforto, que eu lhe daria tudo que ela precisasse. Mas ouvi uma frase que me senti fora deste século.

— O que aquela víbora te disse?

—Que algumas coisas são boas para diversão, mas não para vida toda, que alguns pijamas por mais confortáveis e gostosos que sejam são coisas que não da para se usar na rua diante de todos.

— Você sabe que nunca gostei dela, certo?

— Sim. Você sempre disse que ela não era mulher para estar ao meu lado, mas eu idiotamente insisti nisso até aqui apenas para me ferir.

— Mariana é um ser humano desprezível.— a mais velha concordou. Emily olhou para expressão da amiga, e sabia que tinha mais. Ela conhecia Anne muito bem.— O que mais ela disse? — Anne respirou fundo.

— Acho que café não era o que eu precisava para começar o dia. Mas enfim, eu queria entender ela melhor e ela disse que não tinha muito o que entender, que o pai estava certo sobre mim em todos os sentidos porquê ela mesma não gostava da forma que as pessoas me olhavam na rua, que ela tem vergonha da forma que me visto, da falta da minha feminilidade, e que tinha vergonha de andar ao meu lado.

Trust Lover - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora