Capitulo 5

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Anne entrou certa de que se demorasse mais, as duas estariam na cama. Ela olhava a roupa de Susan com a capa do livro da amiga.
— Vou fazer um café.
Susan se levantou.
— Será que você pode não encarar tanto ela?
— Fã sua.
— Qual diferença que faz manter ou retirar as cláusulas do contrato?
— Sério que preciso explicar isso, querida? — Anne respirou fundo e olhou bem para Emily. — Se vocês se envolverem e não der certo, acabou o plano. Acabou tirar pessoas como seu pai do poder, entende?
— Podemos deixar isso como nova cláusula.
— Não se separar? — Anne franziu a testa. — É sério?
— Não, claro que não. Mas digo... Se não der certo nós duas vamos ser adultas e profissionais pra seguir com isso.
— Não, não vão. Vocês mal vão se olhar, e no lugar de passar a imagem de um casal que se ama vão passar a ideia de um casal que se odeia e que está ali por obrigação como todos os casais políticos no poder.
— Anne, ela gosta de mim pelo que eu sou.
— Daqui há quatro anos vocês conversam sobre isso. — Emily ficou irritada e virou para advogada.
— É sério? Você vai mesmo agir desta forma ridícula? De quantas mulheres eu falei pra você nos timos meses, ou nesses anos, quem sabe!?
— Nenhuma Emily, mas...
— Não tem mas. Eu sei que você tá aí toda empolgada com alguém. E se eu cortasse isso e te falasse que só daqui há quatro anos você poderia pensar nisso, você ficaria tranquila?
— Eu provavelmente  faria escondido.
— Anne, você tem que me ajudar. Eu realmente quero conhecer a Sue.
Emily falava um pouco mais alto sem perceber que a jovem escutando com um enorme sorriso. Para ela aquilo nunca lhe ocorreria, principalmente com aquele contrato cheio de cláusulas.
— Querida...
— A política é importante pra mim. Cuidar pra que nossos direitos não sejam revogados é importante, mas ter alguém que despertou algo em mim e que entende meus poemas... isso é extraordinário. E coisas extraordinárias não acontecem ao monte. — Anne respirou fundo sabendo que muita merda poderia acontecer apartir daquela conversa.
— Vá em frente. Eu vou alterar o contrato e depois vocês assinam. Ele tem sigilo de justiça, de qualquer jeito só vocês e eu sabemos dele.
— Obrigada. — Emily abraçou a outra, que deu risada. 
Logo Sue voltou para sala com o café e se sentou de frente pra Emily, ela sorria às vezes enquanto tomava o café.
— Bom, eu vou resolver uns problemas e de noite eu tenho um compromisso. Mas qualquer coisa vocês podem me chamar, ok?
— Okay, Anne, mas acredito que tudo ficará bem. — Susan concluiu.
— Eu não tenho dúvidas.
As duas ficaram sozinhas por menos de meio minuto, antes que Emily falasse algo a campainha tocou. Eram as pessoas que fariam a mudança. E ela começou a ajudar Susan. Emily estava tão empolgada com a possibilidade de ter alguém que talvez se interessasse pela verdade dela, sem julgamentos, que ela mal podia conter seu sorriso.
— Acho que nunca reparei o quão bonito  é seu sorriso. — Sue falou, fazendo Emily corar.
— Obrigada. 
— Eu não pude deixar de ouvir sua conversa e da doutora, Anne
— Perfeito. — Ela cobriu o rosto, e Sue puxou sua mão.
— Também acho que coisas extraordinárias não acontecem aos montes, e eu talvez nunca tivesse coragem para chamar você para sair sem esse contrato. Não por falta de vontade ou desejo, mas por medo de ser rejeitada.
— Quem em sã consciência rejeitaria você? — Ela abriu um largo sorriso com a declaração de Emily.
— Bom, na minha cabeça nunca passou que eu poderia ser o tipo de Emily Dickinson. 
— Bom, na minha só passa como seria  possível você não ser o meu tipo. — As duas deram risada. — E eu sei que já temos um casamento praticamente marcado. Mas eu  realmente quero conhecer você Sue.
— Eu também quero isso. Mas podemos ir com calma. — Sue falou respirando fundo conta proximidade da Dickinson, que sorriu.
— Tudo bem. Podemos ir com calma. — Emily pegou em sua cintura delicadamente e a trouxe pra perto. — Porém, não paro de pensar no seu beijo. — Ela a puxou e a beijou, e foram interrompidas por um limpar de garganta de um dos homens que estava carregando as coisas.
— Não quero interromper, apenas preciso de uma assinatura e saber se alguém irá receber a mudança.
— Claro, nós vamos seguindo vocês com o carro. Vamos levar a gata no carro. — Emily falou se afastando de Susan por um breve momento. Assinou os papéis e voltou para perto da jovem. — Onde estávamos?
— Por quê não continuamos no seu apartamento? Assim não vamos precisar parar. — Susan deu um selinho nela e passou para por sua gata em uma caixinha de transporte. — Ir com calma não quer dizer parar de andar. — Emily sorriu, e assim que Sue se ajeitou ela extendeu sua mão e a jovem segurou entrelaçando seus dedos.
As duas logo estavam dentro do carro, mas Emily permanecia fazendo carinho na mão de Sue mesmo dirigindo. Logo chegaram ao destino e sem demora subiram pro apartamento. Em pouco tempo, estava tudo arrumado; Sue não tinha muitas coisas. Emily fechou algumas janelas.
— Amanhã vou ver uma empresa para telas das janelas. — Sue sorriu, enquanto Emily checava janela por janela para garantir a segurança da gata. — O que foi?
— Você é uma fofa.
Sue se sentou no sofá e chamou Emily com o indicador, a fazendo morder os lábios e ir em sua direção como um cachorrinho. E, sem cerimônia, ela empurrou Sue no sofá e deitou sobre ela.
— Às vezes não sou tão fofa.
— Espero que não seja mesmo. — As duas iam se beijar, quando o telefone tocou e Emily atendeu prontamente.
Era seu irmão avisando sobre Edward estar tentando sabotar a campanha dela, alegando que as duas tinham um relacionamento de faixada.
~•~•~
As horas daquele dia se arrastaram para Anne, e toda a alteração no contrato lhe deu um bom trabalho, mas ela conseguiu corrigir tudo e depois passar no mercado para comprar as coisas pro jantar. Ela não era o tipo de pessoa que tinha muitas opções na geladeira, sempre acabava comendo na rua ou pedia algum tipo de delivery. Mas é claro que essa não era a ideia que ela queria passar para Ann.
Ela olhava no relógio de cinco em cinco minutos enquanto preparava tudo, até que finalmente seu telefone tocou. Era uma mensagem da jovem enviando a localização. Ela então pediu um carro para buscar a jovem e continuou cozinhando, era o tempo exato para terminar tudo. Logo ela ajeitou a mesa, acendeu algumas velas e colocou uma música bem baixa para tocar. Conferiu tudo, tirou seu avental e abriu um vinho, servindo duas taças. Pouco tempo depois, sua campainha tocou. 
Anne se olhou no espelho. Querendo ou não, sua auto estima andava afetada devido aos últimos acontecimentos. Ela respirou fundo, era raro ficar nervosa, mas Ann Walker tinha algo diferente de todas as outras. 
Ela finalmente caminhou até a porta e a abriu. Assim que viu a mais nova, foi automatico sorrir.
— Boa noite.
— Boa noite, Anne.
A mais velha deu espaço para que ela entrasse e assim que entrou, beijou o rosto dela a deixando tensa. Sim, Anne Lister estava tensa diante de uma jovem professora que a desconcertada inteira. 
— Você gosta de vinho?
— Sim. — Ann respondeu enquanto entrava e olhava para casa.
— Aqui. — Anne lhe entregou uma taça e a jovem brindou com ela antes de beber.
— O cheiro está muito bom.
—Não esperava que eu cozinhasse bem?
— Na verdade, acho difícil qualquer coisa tocada pelas suas mãos sair ruim. — Ann não estava para brincadeira, ela olhou Anne dos pés a cabeça antes de beber um pouco mais do vinho, e aquele olhar foi despir Anne com os olhos.
— Eu... Bom... — Sim, a jovem havia deixado Anne sem jeito. — Você está com fome?
— Faminta, eu diria. — Os olhares de Ann eram profundos e carregados de luxúria, o que fez a mais velha respirar fundo e ir buscar a comida. Ela serviu ambos os pratos e as duas comiam trocando alguns olhares.— Olha, confesso que não esperava algo tão bom assim.
— Não tenho cara de que cozinha bem? — Ela perguntou, fazendo a mais nova rir.
— Não leve como ofensa, mas você parece o tipo que só come comida congelada.
— Eu realmente como. Não gosto muito de cozinhar pra comer sozinha. Parece que perde o sentido.
— Faz sentido. — Ann ficou um tempo prestando atenção a música que tocava. — Você fez uma playlist  sensual? Pro nosso jantar. — Foi o necessário para fazer Anne derrubar o vinho na própria blusa e se levantar totalmente perdida, fazendo Ann rir e levantar imediatamente para ajudar ela.
— Eu... droga... — Ann desabotou a camisa social da mais velha, sem cerimônia alguma e a abriu. — Eu fiz uma playlist com umas cem músicas pelo menos. — Ann riu e mordeu os lábios quando a camisa estava totalmente aberta exibindo o abdômen da mais velha e uma top preto. Ela tocou o abdômen dela delicadamente com uma das mãos e encarou os olhos escuros da mais velha.
— Não sei como alguém é  capaz de dizer tantos absurdos sobre sua beleza. Você sem dúvidas é a mulher mais perfeita que já cruzou meu caminho, Anne.
— Acho que você é a única que consegue me roubar o ar e as palavras.
— Eu só quero que você tenha ar, mas as palavras pode usar em outro momento porque eu adoro te ouvir, mas juro que nunca quis tanto que ficasse quieta como agora.
— Por que?
— Porque preciso que me beije, Anne. — Ela falou, a puxando pela camisa para si e a beijando lentamente. 
Era quase como se aquele beijo estivesse as apresentando naquele instante. Como se cada movimento de seus lábios as conectasse de verdade agora. O beijo era calmo, mas as mãos de Ann percorrendo o corpo de Anne não eram nem um pouco calmas. Suas unhas arranhavam as costas dela, a fazendo morder os lábios da mais nova e tirar sua camisa, e empurrar Ann na direção do aparador próximo a parede. Ela prontamente a levantou a sentando ali. A mais nova tentou levar sua mão até sua coxa,  mas Anne a segurou e por sua vez Ann enlaçou suas pernas na cintura dela. O beijo ia ficando cada vez mais intenso. As mãos de Anne buscavam tirar a blusa da outra o mais rápido possível, até que Ann segurou suas mãos. E o beijo parou naquele momento com ambas muito ofegantes.
— Desculpa. Eu acho que não estou pronta para avançar mais do que um beijo. — Ann parecia um pouco assustada, o que fez Anne se afastar e descer ela do aparador.
— Eu não quis...
— Não.. você é  perfeita. Eu que comecei isso. Mas acho que ainda não estou pronta. Pra dar esse passo.
— Ok. — Anne pegou sua camisa, mesmo suja de vinho e vestiu, respirou  fundo. Mil questões rodeavam sua cabeça.— Eu...— Ela olhou o relógio instintivamente. — Bom... podemos...
— Está tarde. Eu adorei estar aqui, mas amanhã cedo eu dou aula. 
— Ok. Eu vou só trocar de roupa e te levo. 
— Tá bem. 
Anne subiu até seu quarto e quando voltou Ann não estava mais ali, o que a fez se jogar no sofá com a certeza que o problema era ela. Talvez seu jeito, sua falta de feminilidade ou o fato dela não ter deixado a jovem tocar ela. Ela bufou olhando pro teto. 
—Maldição!

Trust Lover - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora