A Cartomante (Parte 1)

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Tudo começou quando Harry resolveu visitar a cartomante do bordel. Se ele não tivesse perdido a aposta com seus colegas da fraternidade, a vida dele seguiria um outro rumo. Tinha total certeza. Sejamos sinceros, nunca em mil anos um duque, e não é qualquer duque, é o duque de Kent, iria dar a mão da única filha à um filho de um advogado. Não que eu esteja a desmerecer meu pai, longe disso, ele era um ótimo advogado. Um filha da puta bastardo que tirou a sorte grande casando com a minha mãe, uma simples filha de um burguês meia boca. Enfim, eu sei e afirmo com toda a certeza de que após aquela visita à cartomante, eu virei um filha da puta sortudo -com todo o respeito à minha querida mãe.

Mas você me questiona: Mas estás a reclamar do que exatamente? Casar com uma futura duquesa, não era mal, pois não? E eu respondo-te: Óbvio que não. Mas o caminho até isso acontecer é que é.
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*Kent, Reino Unido*

- Vamos lá Harry. Perdeste a aposta. Tens que ir ter com a cartomante, antes que ela vá pra outro bordel. - Fala meu querido amigo, Nikolas. Ele era filho de um aristocrata russo que após visitar Londres, apaixonou-se pela filha do barão, e antes de pensar racionalmente, foi até o pai da mesma e propós um dote irrecusável. Nikolas orgulha-se bastante da forma como prosseguiu após o cortejo, já que sua mãe caiu de amores pelo pai de Nikolas e até hoje se mantém como um dos casais mais apaixonados que ele já viu.
- Pois, Harry. Fiquei à saber que a tal ficará só por mais duas noites então acho melhor despachar. - Agora quem vos fala é o meu primo, Henry. Sua mãe é minha tia por parte de pai e como nascemos quase ao mesmo tempo, também recebemos quase o mesmo nome. Nossas mães acharam uma graça fazer isso conosco, uma pena não sermos em nada parecidos. Enquanto Henry é ruivo e um pouco mais baixo, eu sou mais alto e moreno. E as diferenças não param só por aí, eu estou cursando Direito, enquanto ele cursava Botânica.
- Tá bem, vou hoje à noite. - E foi assim que meu destino mudou. Completamente.
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Não muito longe da conceituada Universidade de Kent, ficava a mansão do Duque de Kent, o exímio Senhor Doutor Augustus White. Senhor White, como gostava de ser chamado, era um amigo próximo do falecido príncipe, que sofreu um enfarte enquanto jogava futebol nos jardins do palácio. O reinado caiu num luto de quase um ano e depois disso, numa atitude muito nobre do rei, deu títulos aos dois melhores amigos de seu amado filho, o Senhor White e ao cavaleiro Jones. Ambos assumiram a responsabilidade e cumprem o papel muito bem há quase 3 décadas. Nesse momento Senhor White estava em seu escritório analisando alguns documentos acompanhado do seu bom e velho conhaque quando alguém bateu a porta.
- Pois, não? - disse Augustus sem tirar o olho dos papéis.
- Estava à espera do Senhor para jantar mas como não aparecia, vim busca-lo pessoalmente. - Augustus imediatamente lavantou e foi em direção à porta. Era Marilyn, sua amada filha. Seu bem mais precioso.
- Minha querida, desculpe o seu pai. Não fui informado que voltaria hoje. - abraçou a pequena.
- Quis fazer surpresa, então, surpresa. - disse a menina ainda nos braços de seu pai. - Não aguentava mais ouvir aquelas meninas e tantos sermões da Senhora Klaus, assim que soube que seria um final de semana livre, vim o mais depressa possível. - Marilyn ainda tinha apenas 17 anos e estava terminando suas últimas lições de mulher para com a sociedade na renomada Escola de Mulheres, gerida por uma leal dama de companhia da Majestade Real. Senhora Klaus era conhecida por formar mulheres fortes para seus futuros parceiros e no caso de Marilyn não era diferente. Por ser a filha única de um duque importante, tudo na educação da Lady deveria ser mais que perfeito, afinal, depois de um bom casamento, Marilyn seria Duquesa de Kent e era um nome de peso.
- Não sabes o quanto fico feliz de poder passar esses dias em sua companhia, minha querida. Vamos jantar, então.
Sairam do escritório e Marilyn pós-se a falar de como estava ansiosa para terminar a Escola de Mulheres e finalmente tirar um ano até fazer sua estreia na sociedade londrina. Assim que chegaram a mesa, Marilyn calou-se pois sua mãe estava presente do recinto e não adiantaria falar mais nada com seu pai, pois o mesmo só era olhos e ouvidos na presença de sua amada esposa, a Duquesa Liliana.
Liliana McMontt era a razão da vida de Augustus. Assim que se conheceram, o mundo entrou nos eixos e só houve paz. Era assim que Augustus dizia sempre que a oportunidade de falar sobre a amada era posta em mesa. Dona de uma beleza angelical, Liliana não era tão alta mas mais alta do que as demais, seu cabelo era longo e muito bem cuidado, de uma cor que, no sol, parecia mel. Sem falar dos belos olhos verdes, olhos esses que Marilyn herdara. Não precisava falar para que toda a atenção seja voltada para a mesma. Liliana só havia uma concorrente, que apesar dos boatos de não se suportarem, eram melhores amigas. A Rainha Consorte, Elizabeth, era dona de uma beleza nunca antes vista entre os nobres. Alta, com cabelos negros e olhos azuis vivos. Era realmente uma mulher majestosa.

The Lives of Marilyn BluenOnde histórias criam vida. Descubra agora