15 de março de 1672 – 02:00 da manhã
Mar Amarelo
- VOCÊ FICOU MALUCO? - Assim que a porta da cabine se fechou, foram essas as palavras gritadas pelo capitão do navio, que estava de braços abertos no meio do recinto.
- Joong, me deixe explicar prime... - Seonghwa tentou começar a argumentar, se aproximando também de Hongjoong, mas foi em vão.
- NÃO, AGORA QUEM VAI OUVIR É VOCÊ - Gritou novamente Joong, o que fez Seonghwa parar de se mover na mesma hora. Quem andava a passos rápidos agora era Kim, que passou a se aproximar do mais velho. - TENS IDEIA DE O QUÃO MALUCO E IRRESPONSÁVEL VOCÊ FOI HOJE? TEM? ACHO QUE NÃO, PORQUE SE TIVESSE, NÃO TERIA FEITO TUDO ISSO. - O mais novo estava incontrolável. Sua voz rasgava o interior da cabine em uma frequência que chegava a doer nos ouvidos de Park. Seonghwa decidiu que a melhor saída naquele momento, considerando as condições apresentadas, seria ficar em silêncio e ouvir um pouco dos desaforos.
- VOCÊS DESTRUIRAM A PORRA DE UMA GALÉ DA MARINHA NA PORRA DO PORTO! CHAMARAM A ATENÇÃO DE PROVAVELMENTE METADE DO PAÍS COM ESSA EXPLOSÃO! OUVIMOS DAQUI O BARULHO E VIMOS A LUZ DAS CHAMAS! – Kim esbravejava, de um lado para o outro. Com as mãos subindo e descendo, o capitão deixava toda a sua frustração – e seu medo – saírem pela sua fala.
Hongjoong levou as mãos na cintura e parou em frente a uma das paredes da cabine. De olhos fechados, respirou fundo várias vezes em sequência, tentando recuperar sua sanidade pela primeira vez desde que viu as chamas do Anyang no horizonte e perdeu totalmente o controle sob si mesmo.
Nenhum dos dois disse nada por quase dois minutos. O silêncio na cabine passou a ser desconfortável, mas Seonghwa não queria – nem tinha a exata coragem – para retomar a conversa. O mais velho sabia que havia, de certa forma, sido um pouco irresponsável com a forma que levou a missão a cabo. Havia outras formas de criar uma distração e sair do navio sem serem percebidos. Além disso, tinha a convicção naquele momento que havia colocado a vida de seus preciosos doseangs em perigo com aquela explosão.
Sendo assim, Park estava internamente se martirizando. O avermelhado era naturalmente um perfeccionista, mas principalmente alguém que sentia muito, uma pessoa muito sensível as suas próprias ações e a reação do mundo ao seu redor. Além do sentimento de culpa, ver o amor de sua vida completamente sem saber o que fazer, irritado, decepcionado e frustrado exatamente por causa de suas próprias decisões, estava o matando.
Ademais, San sempre dizia que seus dois appas tinham as almas ligadas de nascença: quando machucava em um, feria no outro de igual forma. E naquele momento, Seonghwa sentia exatamente isso: o peso de suas ações em Hongjoong.
Pela parte do capitão, estava tudo nublado. Kim não sabia exatamente no que pensar ou o que dizer após gritar por quase cinco minutos consecutivos, e tirar um pouco do peso que estava sentindo. Era um misto de sensações e pensamentos que faziam o jovem capitão se sentir um pouco perdido: ver seu amor subindo pelas escadas de corda do Aurora o fez sentir um alívio como poucas vezes na vida tinha sentido. Quis correr em lágrimas e abraçar Seonghwa no exato momento que o avermelhado pôs seus pés no convés.
Mas ao mesmo tempo, se sentia irritado e um pouco traído. Para o navio ter explodido, isso significava que ou as coisas deram muito errado – por seja lá qual tenha sido o motivo -, ou foi uma escolha do Imediato. Ambas as opções faziam a cabeça de Kim latejar. Também teve a ida de Mingi, que Joong não conseguia parar de pensar em como tinha sido um erro, e sim culpava Park pela sua decisão tremendamente equivocada.
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Aurora - Águas Desconhecidas (Seongjoong)
Fanfiction"Era a hora da tripulação do Aurora, depois de meses se mantendo nas sombras, retornar a aparecer e executar uma missão. O Capitão Kim Hongjoong tinha ressalvas sobre a operação, mas seu amado, o Imediato Park Seonghwa, parecia determinado a fazer t...