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Era uma bela manhã de primavera. O sol cintilava, as flores, em seu desabrochar, bailavam lindas e radiantes. Assim, como um lindo sorriso estampado no rosto de uma garotinha de cinco anos.
Ayla Aysha tinha uma beleza exuberante, seus cabelos vislumbravam como a noite e seus olhos irradiavam como a luz do luar. Ela corria alegremente pela rua de ladrilhos amarelos, pulando entre as pedras que encontrara pelo caminho.
Embora a mesma não pudesse sair de casa sozinha, escapou-se enquanto sua mãe engomava roupas. Era errado fugir, sabia disso, mas nada de ruim poderia acontecer, nada poderia tirar-lhe sua tamanha alegria e despertamento naquele belo dia ensolarado...
A garota, em pouco tempo, já estava longe de casa, encontrava-se à frente de um lindo jardim, um jardim glorioso, na sua opinião. Lá parecia um verdadeiro oásis de cores e espécies de plantas de todos os tipos que ela jamais poderia imaginar. Ela passa pela portinhola do jardim dos Balthevicx sorrateiramente, amava apreciar as flores daquele jardim.
E finalmente avistara a sua planta favorita naquele oásis: A Helianthus, conhecida como a flor de girassol, cuja planta era motivo de fascínio de Ayla Aysha, pois o amarelo resplandece com uma cor vibrante, tecendo uma aura positiva e calorosa sobre a grande terra azul anil.
O girassol podia até ser uma planta, mas suas belas folhas amareladas pareciam como pétalas, ainda assim não se importava. Para ela, o girassol era abençoado pelo sol. Era incrível que, de sol a chuva, de chuva a sol, aquela planta conseguia sobreviver a tudo! Ansiava ser como um girassol, ele era uma presença constante que simbolizava uma família completa.
Uma sensação que lhe escapava, pois nunca conheceu seu pai. E sua mãe, sequer, falou-lhe dele. Revelara apenas que a abandonara quando a mesma ainda permanecia no ventre materno.
O girassol tornou-se, assim, mais do que uma flor para Ayla, era um vínculo com a completude que seu ser ansiava, era uma esperança de que tudo que sonhasse se realizaria.
- Desejas algo, pequena criança? - interpelou-a uma voz que, de súbito, a retirou de seus devaneios viajantes.
- Estás perdida? - Para sua sorte, ou azar, era apenas um jardineiro.
- Não, senhor. Não estou perdida - sem temor algum, a menina respondeu.
Aysha ponderou sobre o homem por um instante. Sua aparência era bem apessoada, seu sotaque e tom de voz formal descartavam a suspeita de o mesmo ser um facínora ou malfeitor. Era alto e forte, mas sem exageros musculosos, seus cabelos castanhos, levemente grisalhos, deixavam-no com um ar de vivência. E seus olhos, reluziam como safiras azuis brilhantes, eram um pouco marcados, que indicavam uma idade em torno de cinquenta e cinco anos.
Ele parece ser legal e gentil. Pensou ela ao voltar seu olhar para a flor. O homem, em um gesto gentil, agachou-se ao lado dela em um arquear das sobrancelhas, curioso.
- São belas, estou errado? - comentou, percebendo a tamanha atenção que ela tinha sobre a planta.
- É belíssima! Uma das mais bonitas que já vi - disse, com imenso entusiasmo - Quanto custa?
Cruzou os dedos, esperançosa. Não possuía dinheiro naquele momento, mas tinha esperança de que o homem aceitasse o pagamento no dia seguinte, de preferência.
- Sinto muito, pequenina. Mas estas flores não estão à venda - disse ele em forma de consolo - Sou apenas o jardineiro delas.
A menina assentiu, tristemente:
- Ah, tudo bem. Sinto muito se atrapalhei o vosso trabalho, senhor.
Virou-se em seguida, rumo à sua moradia. Não restava outra opção senão seguir o caminho de volta para casa. Afinal, sua mãe celebrava trinta primaveras efemérides, e a flor de girassol era o único motivo que a impulsionara a sair às escondidas.
Planejava até trabalhar como lavadeira, tal qual sua avó, para assim juntar as moedas necessárias e adquirir aquele presente especial. Mas, isso não era possível, pois o girassol não estava à venda, e apenas os Balthevicx tinham girassóis plantados naquela região.
- Espere - o homem a chamou antes que pudesse partir.
Ele apalpou as mãos na terra sob a flor de girassol, a apanhou e pousou em suas próprias mãos com uma delicadeza que parecia digna de um tesouro precioso que carregava naquele momento. Em seguida, finalmente entregou-a gentilmente nas mãos pequeninas da garotinha.
- Leve-a, apenas peço que não conte para ninguém. Será nosso segredo, tudo bem? - pediu ele, num sorriso cúmplice.
Instantaneamente, um sorriso enorme se alarga naquele rosto pequenino, revelando a alegria de compartilhar aquele delicado segredo.
- Não contarei a ninguém! Muito obrigada, senhor!
O quase desconhecido - que, naquele momento, já não era desconhecido assim - recebeu um abraço apertado pelos pequenos braços infantis. Ele surpreendeu-se, mas retribuiu prontamente o gesto carinhoso, envolvido pela doçura e infantilidade genuína da criança.
- Oras, que isso! Podes me chamar de Eliek, pequenina. Daves Eliek.
- Chamo-me Ayla Aysha Allanane. Nasci dia dezenove de setembro, e tenho cinco anos! - apresentou-se, bastante entusiasmada.
- Sinto não ter falado meu nome antes, acabei esquecendo - riu ela. A sonância curta de sua risada zoava como a alegria de uma criança feliz e completa, mas Aysha já não era tão completa assim, faltava algo...
- Bem, então muito prazer em vos conhecer, senhorita Ayla.
- O prazer é todo meu.
- Oras, realmente és uma garotinha muito avançada para sua idade, sabes disto? - proferiu ele com admiração. - O meu neto tem exatamente a vossa idade e não consegue formar uma única frase!
- Sim, eu sei!
Certamente, Ayla Aysha era uma criança extraordinária, considerada, até superdotada. Pois como poderia uma criança começar a falar com apenas um ano de idade, exibindo um vocabulário impecável e uma sagacidade que parecia grande demais para uma cabecinha tão pequenina?
Médicos diziam que a condição que Aysha havia nascido poderia ter gerado sequelas extremamente graves, mas a mesma não parecia ter sofrido nenhuma. Ela só era, inacreditável! Era um mistério cativante, uma anomalia notável na ordem natural das coisas.
No entanto, para aqueles que a conheciam, não era surpresa alguma que Ayla fosse assim. Desde os primeiros momentos de sua existência, ela irradiava uma curiosidade inextinguível, uma sede insaciável pelo conhecimento dos livros e uma capacidade de compreensão que transcendia sua tenra idade.
Ela era, sem dúvida, uma lua brilhante em um mundo de escuridão, destinada a iluminar os caminhos daqueles ao seu redor com sua inteligência radiante e sua alma resplandecente, como sempre dizia sua doce avó.
- Minha mãe diz que falo pelos cotovelos. Às vezes, manda-me parar de falar, porque é irritante. - ela colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha, com um pouco de vergonha.
- Ah, mas as melhores pessoas são assim. São faladeiras, contagiantes e cheias de vida. Vejo que tens muito a oferecer ao mundo, pequenina.
- Hum, verdade, dizem que sou muito inteligente e perspicaz. A minha mãe é professora e está ensinando-me a ler meu livro preferido que minha avó lia para mim.
"Ah, e também já sei juntar as sílabas, escrever meu nome e até contar os números até o cem, e eu só tenho cinco anos!"
Ela contou com seu vocábulo perfeito. Ao qual nenhuma criança daquela tenra idade conseguiria falar.
- Muito bem! Continue assim e irás longe - sorriu ele, visivelmente admirado com tanto esplendor e carisma.
- Quero ser igual a ela quando crescer. O senhor almejava desde criança ser jardineiro, senhor Eliek? É um trabalho esplêndido! Acho que eu adoraria ser jardineira também para cuidar das flores.
- Ah, não. Eu sonhara em ser médico, cuidar de idosos, adultos, crianças fofas e encantadoras como vós, Ayla Aysha... - ela soltou um risinho quando ele a fez pequenas cócegas, como se fosse um avô brincalhão brincando com o neto.
- Mas... - ele prosseguiu -Acontecimentos fizeram-me abandonar os estudos para trabalhar, pequena Ayla - deu um sorriso meio triste, se levantando hesitante - E aqui estou eu, trabalhando com jardinagem. Não que não goste, mas realmente seria bom conseguir o trabalho dos seus sonhos. Então, nunca desista desse seu sonho, segure-o firme e o alcance.
- Irei conseguir! Não desistirei. E creio que o senhor também conseguirá ainda ser um médico, senhor Eliek. O melhor do planeta! - disse ela, felizarda com seu brilho inocente. Além das circunstâncias, para ela sempre haveria esperança para todos realizarem seus sonhos, assim como depois de uma tempestade sempre viria o sol.
Eliek riu.
- Estou velho demais para isto, pequena.
- Minha avó sempre dizia que nunca é tarde para começar o que mal começou, senhor Eliek.
- Ah, realmente ela tem razão, mas é que... não acho que eu tenha disponibilidade para isso pequena. Ah, e falando em disponibilidade, nossa conversa está realmente muito agradável, mas tenho que cortar madeixas das tulipas do deserto. Porque está sozinha? Fugiste de casa?
Eliek arqueou as sobrancelhas.
- Ah... Não senhor, eu apenas vim para comprar um girassol para o aniversário de minha mãe.
- Bem, então está na hora de uma garotinha voltar para casa, não é, senhorita?
- Tão cedo assim?- ela perguntou meio triste. Pois desejava muito continuar conversando com seu novo amigo.
- Sim, sua mãe irá ficar preocupada se demorarte, pois avisaste que viria, não? Moras perto? Posso levar-te para casa, é perigoso uma criança tão pequena andar desacompanhada por estas vielas escuras de raios de sol.
- Não necessita disto, eu moro perto dessa rua, senhor - mentiu ela. Não podia dizer que saiu escondida, se sua mãe descobrisse...
- Não precisa se preocupar, senhor Eliek.
Com certeza ficaria bastante desapontada com ela.
- Mais uma vez, obrigada pelo girassol. - Expressou, com a gratidão colorindo seu tom de voz.
- Ainda a verei?
Ayla brincou com uma sutil nota de confiança. E, deixando para trás a portinhola do jardim, por fim disse:
- O senhor não se livrará de mim tão cedo. Até logo, senhor Eliek - despediu-se dando um aceno para seu amigo.
Num tom de voz protetor de um avô e embalado de preocupação, ele despediu-se cauteloso, dirigindo à pequena mais um alerta:
- Até breve, pequenina, e tome bastante cuidado ao andar por essas ruas, elas estão cada dia mais ameaçadoras.
- Sei me cuidar muito bem - Num derradeiro olhar, ela respondeu com uma piscadela, sua promessa não dita de desafiar o perigo. E assim partiu em saltos animados, seus passos criando uma trilha de inocência na trama complexa das ruas que, dia após dia, se tornavam mais imprevisíveis.
- Ai, ai, essas crianças... - suspirou ele num balançar de cabeça ao sorrir. Pois era como se aquele breve encontro com Ayla tivesse pintado sua monótona rotina com tons de inocência e calor.
Ele retornando ao seu ofício anterior, mergulhou nas tarefas do jardim como se estivesse retomando uma melodia inacabada, tecendo a continuidade do seu dia com a leveza do suspiro e o encanto deixado para trás por uma pequena e inusitada visitante...
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A Pedra da lua e o Girassol (DEGUSTAÇÃO)
Historical Fiction"Nasceu ao verão uma linda menina com uma maldição... Para tão nova conhecer o amor e perdê-lo. Quão sofrimento causou a guerra que se alastrou?" Em meio ao fulgor das joias e o segredo sombrio do tráfico em Alvdon, uma garota ansiava por felicidad...