Samantha
Estava deitada em minha cama, enquanto escutava a chuva cair do lado de fora. Passei meus olhos pelo teto e vi as pequenas rachaduras que se encontravam ali.
Era tão estranho morar em uma cidade nova, ainda por cima com pessoas com quem você não costumava conviver.
A minha vida estava uma catástrofe, mas não queria ficar me lamentando em todos os momentos.
Até porque havia acabado de me formar em administração e queria começar uma nova jornada em minha vida. Só tinha que descobrir por onde, até porque minha vida foi construída no interior de Minas Gerais e agora estar em São Paulo mudava tudo.
Eu não gostava de estar ali naquela cidade, era grande demais, pessoas demais, barulho demais. Tudo que podia acontecer, acontecia ali. Sempre fui uma pessoa que gostava mais do silêncio do interior do que da movimentação de uma grande capital.
No entanto, não tive escolha, assim que minha mãe faleceu e eu não tinha condições de morar sozinha e acabei tendo que vir para a casa do meu pai. Nós não tínhamos uma convivência muito boa, mas uma mulher de vinte anos, que sempre foi sustentada pela mãe, não tinha muito o que escolher, quando o aluguel atrasou, a energia foi cortada e a água seguiu o mesmo caminho.
E mesmo que todos me conhecessem na cidade que eu morava, não me deram um emprego, já que em lugares pequenos, ninguém deixa o trabalho que tem, para não ter que sair da cidade e eu não tinha um tostão para ir para outro lugar, então tive que receber a ajuda de João Moretz, o homem que me abandonou quando criança e que nos últimos anos tentou ser pai novamente.
Algo que estava sendo mais difícil do que me fazer comer salada. Já que eu não gostava, preferia muito mais um hambúrguer delicioso, cheio de gordura. O ditado "mara de ruim", caía perfeitamente sobre mim, apesar de que eu não era ruim, mas não era saudável, então não entendia o motivo de nunca engordar.
Fui tirada dos meus devaneios, assim que escutei uma batida na porta. Olhei na direção da entrada do quarto e disse:
— Pode entrar.
Assim que Mileide, minha madrasta apareceu, eu tentei sorrir. Até porque aquela mulher era uma benção, sempre me tratava super bem e na maioria das vezes tentava me agradar com algo.
— Oi, querida.
— Oi, Mi — respondi.
— Meu amor, o almoço está pronto, vem comer com a gente?
Aqueles encontros familiares para mim, na maioria das vezes me deixavam um pouco irritada, mas não era porque as pessoas me desagradavam, é por ainda não me sentir em casa. Já que eu nunca considerava aquele lugar o meu lar.
E só fazia dois meses que morava ali, então ainda ficava meio sem graça, ainda mais por não considerar meu pai, sendo realmente meu pai.
— Claro! — Tentei demonstrar animação, algo que não estava nem um pouco, mas que Mileide não precisa saber.
Levantei-me da cama e aceitei sua mão estendida para mim. Começamos a caminhar pelo corredor que levava até as escadas da casa que eles moravam. Ela não era nova, parecia mais uma construção antiga que eles haviam ganhado de herança de um velhinho de duzentos anos, mas ao menos eu sabia que ali estavam vivendo bem.
Meu pai tinha um emprego bom, em uma empresa de software e estava tentando arrumar alguma vaga para mim. Mileide ficava em casa, já que no fundo do quintal, ela tinha uma confecção de marca própria e fazia diversas roupas bem legais, que eu atéme interessava de ter algumas, mas sem dinheiro, não queria abusar da hospitalidade daquela mulher e sair pedindo as roupas que ela fazia para ganhar seu sustento.
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A Filha do Meu Sogro - Degustação
RomanceUm viúvo isolado; Uma menina inocente; Uma gravidez inesperada. Bernardo Roux era um CEO famoso no ramo da aviação, já que a sua companhia era extremamente conhecida em todo o mundo. Depois que sua esposa partiu, ele não via mais o mesmo brilho que...