Eras: Novas Origens

Capítulo Cinquenta e Três

— Já pensou em ficar sozinha por um tempo?

— Já, esse era meu propósito. Mas toda vez que penso em ficar só, aparece uma pessoa que desperta algo em mim. Seja desejo, paixão ou amor.

— Quer um conselho?

— Foi exatamente para isso que te chamei.

— Certo, vejamos as possibilidades. Mykal, você poderia perdoa-la e tentar lhe dar uma chance. Ou poderia investir em Lyssa que visivelmente está interessadissima em você. Só tenha certeza da escolha que irá fazer, o arrependimento vem, mas na maioria da vezes vem tarde demais.

— Perdoar Mykal demorará bastante tempo, e Lyssa, tenho medo de que algo aconteça como nas duas anteriores.

— Khione, o medo não te levará a lugar algum, você tem que se decidir, caso contrário as pessoas que estão aos seus pés hoje irão desistir e procurar alguém que as queira.

— Da próxima vez que precisar de conselhos me lembre de procurar o Demir ou o Meliorne. Os seus conselhos me doem mais do que uma espada de fogo cravada no peito.

— São a realidade Khione. Alguém tem que fazer o duro papel de te jogar em um rio de águas congelantes.

— O que acha da situação? O que eu faço?

— Em minha mais sincera opinião, analise os fatos, pense bem. Se você quiser ter um caso tudo bem, mas para um relacionamento em que você se doe e queira um futuro, veja tudo, pese tudo, e depois sim, decida. Torço que veja o melhor para você logo, quero te ver feliz Khione.

— Lyssa. — Ela respira fundo e diz.

— Lyssa?

— Sim, darei uma chance a ela. Prefiro ser machucada por uma pessoa nova do que sofrer a dor de ser machucada por alguém que já perdoei uma vez.

— Vocês estão flertando a um bom tempo pelo que sei, desde o primeiro dia em que ela está aqui.

— Sim. Mas nosso primeiro "encontro" foi a uns dois dias.

— Pelo sorriso que estou vendo em seu rosto, com certeza foi bom.

— Definitivamente bom.

— Uma chance. Quem sabe não seja ela a pessoa a estar do seu lado em todas as situações.

— Vamos com calma Estella, com calma.

— Calma? Você conhece essa palavra? — Digo ironicamente.

— Conheço, mas não gosto muito de prática-la. O que é o motivo de grande parte de minhas decepções.

— Percebesse isso. Porém não acredito que deve se preocupar tanto com Lyssa, se ela for metade do que a irmã é, nunca teria coragem de lhe fazer mal algum.

— Desculpe por ter te tirado de Kastian para lhe contar meus problemas, sei que poderiam estar fazendo algo melhor.

— Não precisa se desculpar, somos irmãs, estou aqui para isso. Pra te apoiar em todas as suas decisões por mais imbecis e idiotas que elas possam ser.

— Não sei se me emociono ou se me sinto ofendida. — Ela dá uma risada.

— O caminho da emoção é o melhor.

— Você deveria passar mais tempo com a Lyssa se quer conhecê-la. — Solto de repente. Realmente acredito nisso, para conhecer alguém demanda tempo e convivência.

— Acha que seria uma boa ideia sairmos?

— Não sei o que seria uma boa ideia. Aliás sair em tempos de guerra de forma alguma é aconselhável, todavia deveriam ficar algum tempo juntas, conversando. Sabe, coisas que pessoas normais fazem.

— Poderíamos treinar nossas técnicas de batalha juntas. — Ela diz animada.

— Isso não é algo que uma pessoa normal faria, entretanto devido as circunstâncias é um ótimo plano.

— Posso levá-la comigo para Faleias em busca do demônio feiticeiro. Além de irmos atrás de algo que precisamos ainda passaríamos no mínimo três dias juntas.

— Concordo com isso. Quando pretende ir em busca desse demônio?

— O mais rápido possível. Talvez amanhã ou assim que Áster resolva me responder.

— Quanto mais rápido forem, mais rápido saberemos se dará certo ou não.

— Está preparada para caso não dê? — Pergunto. Por que sei que assim como eu, está colocando todas suas esperanças nisso.

— Não sei. Prefiro não pensar nisso.

— Elas aqui, conosco, nossa família. — Digo imaginando uma realidade em que saiba minhas origens.

— Seria maravilhoso. — Ela fita o céu pensando sobre o assunto.— Uma família, de novo. Vou te deixar ir de volta para Kastian, ela ainda deve estar te esperando.

— Provavelmente está. — Dou um sorriso de canto.

— Antes que eu me esqueceu, um elfo chamado Demir também está te procurando, então acho que Kastian terá que esperar mais um pouco.

— Demir? Por que está me procurando?

— Algo me diz que tem relação com o Meliorne.

— Eles estão com problemas? — Pergunto ligeiramente ansiosa.

— Sim, um problema de dentes afiados, pele pálida e cabelos negros curtos. 

— Alexander? Pelo inferno o que houve entres esses três?

— Demir e Meliorne iriam fazer um jantar romântico, somente entre os dois. Mas nessa mesma noite quando ele foi ao quarto de Demir, encontrou o elfo e o vampiro em uma situação um pouco desconcertante.

— E isso é um problema? Todos sabem que eles não têm uma relação fixa, e mesmo se tivessem seria algo totalmente aberto.

— Esse não é o ponto. Ele transar com o vampiro não é o que deixou Meliorne extremamente chateado, e sim ele ter esquecido a noite especial que eles haviam planejado a bastante tempo.

— Eu realmente não tenho como defender o Demir.

— Isso está causando uma bela discórdia entre eles. Meliorne quer algo sério e Demir acha que ainda não é hora, por mais que os dois se conheçam a algumas boas décadas.

— Conselhos amorosos, todos vocês me procuram para isso.

— Convenhamos Estella, quem tem o melhor relacionamento entre todos nós é você. Está tão bem com Kastian, vocês são o modelo de casal perfeito.

— Ok, então é por isso. Faz sentido. — Digo soltando uma gargalhada.

— Por esse e mais motivos sempre vamos atrás de você.

— Se a vida de vocês der errado não me culpem.

— Jamais. — Ambas rimos.

— Agradeço por você ser minha irmã, sabia?

— Agradece?

— Sim. Você é alguém que sei que sempre estará aqui para tudo que precisar, que se tornou minha melhor amiga e que eu confio extremamente.

— Estella, você vai me fazer chorar. — Diz passando as mãos pelo rosto. — Você também, se tornou minha melhor amiga, a pessoa em que mais confio, a pessoa que mais amo.

— Te amo minha irmã. Te amo mais que qualquer coisa no mundo, daria minha vida para salva-la se fosse preciso. — Digo e é a mais plena verdade. Ela é a pessoa mais importante de minha vida, e mesmo que nossa vida esteja um caos, não trocaria os últimos meses por nada só pelo fato de ter lhe conhecido.