Que os jogos comecem!
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Quase esbarrei com um garçom que passava com uma bandeja cheia de coquetéis. Me desculpei instantâneamente e ajeitei meu blazer em um ato encabulado. Me distraí vendo o sol se pôr pela janela. Essa era uma das únicas vantagens da festa beneficente ser no segundo andar: havia aquela grande parede de vidro que mostrava com excelência a noite caindo e trazendo todas as estrelas. O sol sumia atrás daquele horizonte de concreto.Essa era uma das desvantagens da festa beneficente ser no segundo andar: estava em um andar. Estava em um hotel. Estava na cidade, rodeada de prédios em todos os lados e a quilômetros de qualquer sinal de céu sem poluição e chão com grama.
Bebi mais do meu coquetel sem álcool e olhei ao redor. Jimin estava demorando. Eu já tinha lhe dito que ganharíamos muito tempo se ele viesse de táxi ou bicicleta ao invés de pegar mais e mais ônibus. Mas ele não me ouvia porque 1: não aceitava meu dinheiro para pagar o táxi e 2: tinha medo de pedalar nas ruas movimentadas.
Eu não podia julgá-lo. Transtorno de ansiedade era uma merda. Porém nem por isso a minha frustração sumia por inteiro. No fundo havia uma vontade de dizer: Você pedala melhor que qualquer pessoa que eu conheça e se atenta ao trânsito mais do que os policiais. Você não vai se acidentar. Eu sabia que seria insensível exigir ações dele (como se não fosse um acidente de trânsito na infância que tivesse lhe deixado marcado com a ansiedade para o resto da vida) e ficava calado, deixando ele sentar de novo e de novo nos assentos dos ônibus.
ㅡ Sua tia está ali ㅡ mamãe sussurrou no meu ouvido de repente e me afastei de súbito, assustado. Ela riu e ajeitou meu blazer (sem atos encabulados). ㅡ Fale com ela depois, tá bom? Sabe que ela vem aqui pra ver você mais do que ninguém. E desde que sua avó morreu… Bem, você sabe que ela está afetada.
ㅡ Ela não tem filhos e eu sou tudo que resta. ㅡ Revirei os olhos e ri. ㅡ Eu sei. Eu falo com ela mais tarde. Estou esperando…
ㅡ Jimin, é claro. Todos sabemos. Só não passe mais tempo com ele do que com a família. Sabe que apesar de tudo estamos angariando fundos e ele é, provavelmente, a única pessoa daqui que não vai contribuir. Fique perto de quem vai e saia bem nas fotos.
ㅡ Jimin acrescenta mais que qualquer um aqui ㅡ afirmei e coloquei as mãos nos bolsos, deixando de lado a animação anterior. ㅡ Volte pra festa. Não farei nada que você não faria.
Mamãe saiu após beijar minha testa. Olhei para a grande parede de vidro de novo. A noite se instalou. Coberta aqui e ali por homens de terno que paravam próximos do vidro. Esse era um dos motivos para Jimin não aceitar meu dinheiro: não queria nada que viesse de homens assim, que não tinham tempo para o pôr do sol. Eu fui sua única e maior exceção. Todavia meu dinheiro ainda vinha de um homem de terno que nunca olhava o pôr do sol e de uma mulher ocupada que queria que todos soubessem que ela era casada com o homem que nunca olhava o pôr do sol, e que teve com ele um filho que seguia pelo mesmo caminho.
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Sine From Above
Fanfic"Viver com você". Essa era a epítome da razão de viver para Jimin e Jungkook, e eles tinham mais certeza a cada dia de que nada no mundo os abalaria enquanto estivessem de mãos dadas. Mas o Sine From Above não era o mundo deles.