Nasci num dia qualquer em outubro, dia de anjos ou demônios,na cúspide entre os signos da justiça e da morte, e quem conhece a minha história diz que sou a gata borralheira, a pobre cinderela, mas em um dia comum assistindo a Netflix, vi que se for para me sentar ao trono do inferno devo faze-lo com altivez. E me sinto assim a muito tempo, vivendo no inferno.
Estamos em dezembro o ônibus Natalino passa em frente à minha casa e toca uma música, dela lembro de meu avô ainda posso ouvir sua doce voz cantando como um cantor de rádio de tempos antigos, doce, firme e feliz, ainda lembro do seu toque, lembro de como eu era pequena e ele segurava na minha mão e com orgulho que me apresentava as pessoas, lembro-me de suas histórias com clareza, lembro de jogarmos damas, lembro da boa pessoa que ele era, lembro de sua determinação, lembro da minha avó por consequência, lembro com amor dos dois, lembro de como me tratavam com carinho e lembro de como quando eu ainda era muito pequena eles me apresentavam a desconhecidos como se filha dos dois eu fosse.
São dias incertos, dias de ameaças, dias de extorsão, dias quase sombrios, mas já vivi momentos piores, aprendi a ser firme, aprendi a lutar e aprendi a me comportar como diabo, não posso ser a Cinderela.
Aqui minha mente vaga por memórias, memórias boas, memórias ruins, memórias de tudo que vivi, memórias de lutas, memórias de lágrimas, memórias cada uma delas, cada uma das minhas cicatrizes.
Os dias passam, eu durmo pouco tento resolver diversos problemas que nem meus são, mas me atingem diretamente como as ameaças que sofro, ameaças de morte, solicitações de dinheiro, abusivas quantias que nunca nem vi, mas quando tudo isso terminar não haverá quem não diga que eu não sou a portadora da Luz!
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Inimiga Pública n°1 - As Memórias Infernais de Qualquer Um
NonfiksiUma coletânea de contos reais sobre violência familiar. Uma experiência multimídia que reúne podcasts, videos, fotos e muito mais.
