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 Ele corria desengonçado por entre as árvores, tropeçando em galhos, arranhando os joelhos e as mãos, batendo aqui e ali. 

 Pobre criatura ensanguentada, tanto esforço por causa de um coelho. E o bichinho era tão rápido e ia saltitando em meio aos arbustos, enquanto a criatura o perseguia loucamente, trombando com tudo em seu caminho.

 Criatura estúpida, se parasse de olhar o mundo de cima para baixo enxergaria os frutos no topo das árvores. Mas se recusava a olhar pro alto, se recusava aceitar que havia coisas maiores que ela, tão pouco que pudessem lhe ajudar.

 "Ajuda de algo maior? Eu aceitaria se houvesse algo assim. Mas não existe nada maior que eu" É o que eu acho que pensa essa criatura, se é que ela pensa.

 Quem sou eu pra criticar assim? Sabe, eu fui designado para essa tarefa: "Observar a criatura até a extinção de sua espécie ". Mas por que demora tanto?

Nem são muitos os que eu tenho que observar. São pequenos grupos. Alguns muito distantes uns dos outros e outros mais próximos do que deveriam. Digo este último pois da última vez que vi grupos diferentes se cruzando, a mata toda ficou avermelhada. 

 E essa criatura tonta perseguindo o coelho? Eu o batizei de Tonho. O Tonho é idiota como os outros, mas criei uma afeição por ele. Quer dizer, ele me faz rir.
 Esses dias ele descobriu o quão perigoso pode ser mexer com um formigueiro, foi divertido.

Oob e TonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora