𝙑𝙪𝙡𝙣𝙚𝙧𝙖𝙗𝙡𝙚.

702 64 43
                                    

𝙑𝙪𝙡𝙣𝙚𝙧𝙖𝙗𝙡𝙚 - frágil e incapaz de te dizer não.

O sol já se pôs e junto dele os meus pensamentos. "Por quê raios estou na mesma cama que a Maraisa?", questionei. Não me recordo de termos nos resolvidos. "Será?", várias dúvidas e questionamentos ecoavam na minha cabeça.

Pus-me sobre os meus pés e caminhei até o banheiro do seu quarto. Admirei-me.
- Pra quem encheu a cara ontem, até que estou razoavelmente bem. - Ironizei. Pra falar a verdade, eu estava péssima. Beber para fugir de mim nunca funcinou. Sonhei com ela. Tentei fugir da realidade e acabei sonhando. E nos meus sonhos ela era minha.

Viajava em meus pensamentos quando senti um toque, o toque dela. Fechei os olhos e apoiei minhas mãos sobre o mármore da pia. Me desfaço quando te sinto, Maraisa.

Maraisa: Bom dia! - Rude.
- Bom dia. Você pode me explicar o por quê dormimos juntas? Eu não me recordo.
Maraisa: Não? Você implorou chorando pra dormir comigo. Mas fique tranquila, não fizemos nada.
- Ah... Entendi! E o que eu disse?

Temi. Estou inconsciente do que aconteceu ontem, mas se falei algo comprometedor, tenho total convicção que foi o meu coração que tomou espaço e se pronunciou.

Maraisa: Você falou sobre inseguranças. Nada demais. Permiti você dormir comigo. Seu estado era deplorável.

"É sério que ela me disse isso? Logo ela que não disfarça quando está diante de mim? Que hipócrita!"

- Hmmm, entendi... Peço desculpas qualquer coisa! Hoje teremos reunião na WorkShow, após a reunião, podemos nos falar? Preciso ir ficar com o Léo agora.
Maraisa: Tá bom. Até mais!

.

À tarde, na sala de conferência, se era debatido sobre às planilhas de shows e stream das músicas. O álbum das Patroas 35% estava estourado; o que não é news. Trabalhamos em prol desse álbum. Nos dedicamos, demos o nosso sangue. Patroas é o álbum que define a minha vida. Trabalhar com quem eu amo é maravilhoso.

Pós reunião, todos conversavam aleatoriamente. A euforia inundava o lugar. Maraisa estava mais calada do que normal. O clima entre nós não era um dos melhores.

Fui até o fim do escritório; lugar reservado para bate-papos privados. Chamei-a.
- Senta aqui, Maraisa. Precisamos conversar.

Seus olhos estavam cabisbaixo. Detesto discutir com quem amo, principalmente com ela.
- Olha, eu sei que o que eu falei para os meus fãs, que consequentemente a imprensa ficou sabendo, te feriu. Peço-lhe desculpas. Eu não quis em momento algum te ferir, Maraisa. Pensei, acima de tudo, na nossa reputação. Você conhece a mídia e não é a primeira vez em que sai notícias relacionadas sobre nós duas. Eu nunca te neguei verdadeiramente. Você sabe, nós duas sabemos. Os nossos amigos sabem sobre nós duas. Por quê eu negaria?

Maraisa manteve seu olhar distante dos meus. Delicadamente, segurei em seu rosto, fazendo com que os nossos olhares se encontrassem. Estagnei. Encará-la fazia com que eu perdesse os sentidos. Seus olhos eram profundos, transmitia tudo o que sua boca não pronunciava. Sua respiração me desconfigurou.

Maraisa conteve-se.
Maraisa: Eu sei. Peço desculpas também. Eu só...

Não a permiti concluir. Peermiei-me entre suas pernas. Nossos corpos estavam há centímetros de distância. Sem riscos, pois o vidro era opaco.
Encarei-a por alguns segundos. Não convite-me e osculei. Pude sentir nossos lábios encontrarem-se. Famintas, sedentas. Nos beijamos, lentamente. Sem pressa. Poderia morar ali. Beijá-la era tudo que eu almejava, e não somente isso.

Introduzi minha língua em sua boca, procurando desesperadamente pela a sua. Deslizei nossos lábios com euforia. Seu beijo tem gosto de doce de leite. Minhas mãos tocavam sua nuca, e pude sentir, perfeitamente, a excitação do seu corpo. Sua pele estava arrepiada. Seus lábios úmidos. Seus gemidos quase inaudíveis suplicavam por mim. Maraisa, você sabe, você é minha. E não há nada no mundo que modifique isso.

Minutos após, nos afastamos. Defronte de você, nos admiramos. Extasiadas. Tentava recuperar o meu fôlego. Resolver essa situação devorando seus lábios, me dilacerou.

Maiara nos procurava. Tínhamos compromissos. Seu toque contra a porta nos assustou. Piscamos uma para a outra, precisávamos disfarçar o que acabará de acontecer. Girei a maçaneta, permitindo-a entrar. Ao nos ver, ela sorriu. Ela é tudo, menos boba.

Maiara: O casal se resolveu nos amassos?
- Larga a mão de ser boba.
Maiara: Aham, sei!
Maraisa arqueou suas sombrancelhas reprovando as falas da sua irmã.
Maraisa: Maiara, Maiara...
Maiara: O foco aqui é outro. Lila, o Mu está lá fora. Ele está, visivelmente, preocupado.
- Aconteceu alguma coisa?

Pude sentir meu coração disparar. Desespero tomou conta de mim. Saímos do escritório e fomos de encontro ao Murilo.

Murilo: Pequena, calma! Não precisa ficar aflita desse jeito.

"Pequena? Dai-me paciência, meu pai", Maraisa murmurou.

- O que aconteceu? Cadê o Léo, Murilo?
Murilo: Está no hospital. Ele acabou se machucando. Coisas de criança. Desculpa vir até aqui, mas achei melhor lhe informar. Sua mãe está com ele na pediatria.
- Meu Deus!

Meu coração por zeptosegundos parou. Perdi o ar. Meus pulmões procuravam por ar. Pertinazes. Seguimos ao hospital. Na sala de pediatria minha mãe tentava me acalmar. O Léo sorria. Inocente. Sua testa estava ferida. "Graças a Deus não é nada grave", agradeci em pensamentos.

Pediátrica: Ele está bem! Mediquei ele. Te receito dipirona em casos de febre. Léo é um meninão saudável!
- Amém! Obrigada, Doutora! Pode deixar que tomarei conta desse neném.

Sorri. Voltamos para casa. Maraisa, Maiara, minha mãe e Murilo nos acompanhou. Éramos uma família. A minha família.

Ruth: Vou preparar um café para vocês. Me acompanha, Murilo?
Murilo: Claro, dona Ruth.

Na cozinha, os dois papevam. Minha mãe era apaixonada pelo o Murilo. Antes, não tinham uma relação tão boa, mas sua concepção sobre ele mudou.

Ruth: Como está sua mãe?
Murilo: Bem. Ela está bem. Te mandou lembranças. E a senhora vai bem?
Ruth: Sim, meu querido. Obrigada pela a preocupação! E você e a Marília?

Murilo tossiu. Ainda havia sentimentos, da parte dele.
Murilo: Estamos bem. Decidimos mantermos a amizade em prol do Léo. Sua filha é incrível, Dona Ruth, em todos os sentidos. Decidimos juntos. Nos damos bem como amigos.
Ruth: Entendi. Bom, se essa decisão foi a melhor para os dois, eu fico feliz. Você sempre será bem-vindo.

Os dois retornaram, 30min após, para a sala. Tomamos café. Brincamos com o nosso Léo. Léo é a alegria da casa. Não nos imaginamos sem ele, sem essa bagunça constante que nomeamos como Léo.

Maiara retornou para casa. Maiara estava namorando com o Fernando. Em breve falarei sobre.

Maraisa dormiria comigo, após insistência, permiti. Léo adormeceu em meus braços e foi dormir junto com a minha mãe.

Maraisa: Fiquei preocupada, mas que bom que ele está bem.
- É... Que bom! - Suspirei aliviada.

Nos encaramos. A tensão inundou o quarto. Em seus olhos, pude sentir seu desejo. O nosso desejo. Não me contive e a puxei. Ficamos frente à frente. Paralisadas.
Maraisa insatisfeita beijou-me os lábios. Nossas bocas escorregavam. Sua língua entrelaçada entre a minha. Tesão. Excitação. Fôlego. Virei-a e fiquei por cima. Suas expressões a entregavam. Maraisa implorava pelo o meu toque.

Deslizei minhas mãos sobre seu corpo. Seus gemidos baixos me excitavam. Devorei-a com gosto. Com sede. Tremores. Sentir você tremer em minha boca me fez delirar. Sua voz rouca, em meio à gemidos, pedia insistentemente para que eu não parasse. Gozo. Delírio. Prazer. Fiz aquilo que o seu corpo, que a sua buceta rogavam.

Você é minha. Seu corpo é propriedade minha. Te tenho na palma das minhas mãos. Cada curva do seu corpo me enlouquece.
- Você é minha, você sabe, não sabe? - Sussurrei olhando em seus olhos. Seus gemidos persistentes, sua voz nula. Apertei, com cuidado seu rosto, fazendo com que seus lábios se encontrassem. Seus olhos castanhos reviravam-se.

Aos gemidos, suspirei: Sou sua. Somente sua, Marília. Por favor, não me tortura assim. Eu estou molhada. Faz amor comigo, por favor!

Vê-la suplicar por mim era satisfatório. Fizemos amor. Matamos, por hora, o nosso desejo. Nossa fome. Gozo, gemidos, prazeres. Nós. Despidas e entregues à essa fome louca.

É, Maraisa, não há pra onde fugir. Nos pertencemos.

Inconstância. Onde histórias criam vida. Descubra agora