𝙅𝙚𝙖𝙡𝙤𝙪𝙨𝙮.

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Marília Mendonça Voices -

Passou-se algumas semanas desde do meu encontro com a Maraisa. Ultimamente as nossas agendas não batem e têm sido contáveis as vezes em que nos vemos. A turbulência que está a nossa relação é notável para todos. Esses dias minha mãe veio falar comigo preocupada com a minha alimentação. Eu sei, eu devo me cuidar, mas têm sido difícil nos últimos dias. Hormônios à flor da pele. O Léo tem sido a minha serotonina, ele me renova. Apesar de ser uma leonina, eu tenho as minhas recaídas. Por vezes, pensei em ligar pra ela e conversar só pra ouvir a voz e sentir mais uma vez as sensações gostosas que ela me causa, mas me contive. Acredito que se for pra ser, será. E que apesar dos meus erros, vai ficar tudo bem, e se não, darei um jeito. Eu sempre dou um jeito.


Estava em meu closet escolhendo qual roupa usaria na saideira de hoje. Vocês sabem, eu gosto de causar. "Leonina gostosa", como meus fãs costumam me chamar. Escolhi um vestido tubo preto de manga longa, que desenhava cada traço do meu corpo. Em meus pés, optei por um tênis branco. A resenha é sempre boa e obviamente não utilizaria salto. Meus cabelos estavam escovados e nas pontas haviam cachos feitos por babyliss.
Distraída, não escutei a presença da minha mãe. Ela me admirava com um sorriso singelo e sincero.

Ruth: Como está linda o meu bebê!

Meu sorriso de orelha à orelha demonstrava minha felicidade ao ouvir. Fui até onde ela estava e abracei-a. A minha mãe é meu refúgio. Ela é a minha melhor amiga. Eu não me vejo sem ela. Depositei um beijo em sua bochecha esquerda e acaricei seu rosto com delicadeza, admirando cada traço que compunham seu rosto.

Com as mãos na cintura, perguntei.
- Como estou, mãe? Está casual?
Ruth: Está linda, minha filha! A Maraisa vai?

Elevei minha sobrancelha, tentando conter o riso. Mãe sendo mãe.
- Não sei mãe, faz alguns dias que não nos falamos, mas por quê?
Ruth: Ah, filha, sei lá! Você está toda bonita, está até usando um dos seus perfumes favoritos, o Mademoiselle.
- Não, queridinha, eu não me arrumei pra ninguém. - Afirmei tocando na ponta do seu nariz.


Cheguei ao local e fui recepcionado por alguns amigos. Suspirei fundo ao vê-la. "Lauana Prado, sério?", lutei contra mim mesma para não revirar os olhos. Por educação, retribui o aperto de mão e às saudações. Antes que me odeiem, eu tenho os meus motivos. Lauana Prado além de interesseira, sempre deu em cima, descaradamente, da Maraisa.

Lauana: Quanto tempo, Marília! Como você está?
- É, quanto tempo. Estou bem, e você, Lauana?
Lauana: Ótima. As meninas não vieram com você?
- Não, mas devem estar a caminho. Por quê?
Lauana: Nada, somente curiosidade. Bom revê-la, querida!

Observei-a se afastar. "Bom revê-la", revirei os olhos ao relembrar. Esnobe. Não me contive. Nunca gostei dessazinha e jamais irei gostar. Insuportável!

Avistei os meninos, estava farta de saudades. Cutuquei seu ombro, na expectativa que eles me notassem. Sorri entusiasmada dando alguns pulinhos ao ver o Juliano. Senti o seu abraço apertar o meu corpo e retribui. O meu amor por eles é incondicional, é sempre a mesma sensação e a mesma euforia.

Juliano: Minha loirinha, que bom te ver!
- Estava morrendo de saudades, Ju!

Henrique ao ver a nossa melação, cruzou os braços e reclamou: Eu não ganho abraço, Marília Dias Mendonça Pereira?

Me afastei do Juliano. Arregalei os olhos ao ouvir o discarado do Henrique me chamar de Pereira. Sem hesitar, destribui um tapa em seus braços.
- Cheio de gracinhas, não é? Idiota!

Nos abraçamos e sentamos. Era prazeroso revê-los. Conheço esses debilóide há mais ou menos uma década. Eu me perco nas contas, como vocês sabem, eu sou péssima com números.


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