Capítulo Quatro

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Capítulo Quatro

O céu estava cinzento, coberto de nuvens. O vento frio anunciava mais um inverno

Com as mãos nos bolsos da jaqueta jeans. Caminhava lentamente, os seus passos não passavam de um farfalhar suave na grama verde da pequena colina. E era lá que lamentava.

Mais um inverno sem sua menina.

Não tinha pressa.todas as vezes que subia aquela colina era como se tivesse chumbo nos seus pés e vidros rasgando a sua garganta.queria gritar, mas se mantinha firme

Quando estava próxima ao canteiro de flores notou o seu marido.Ele já estava lá com as mãos no bolso da calça de alfaiataria e os olhos baixos,porém secos. Seguindo o olhar dele encontrou a lápide de granito

-Ela iria fazer vinte e um anos- a voz do seu marido não passava de um sussurro trémulo -Eu daria tudo para voltar, Camila. Para pegar a nossa menina nós braços de novo.

Camila chegou perto do homem passando os braços ao redor da cintura dele deitando a cabeça no seu peitoral forte, isso foi o suficiente para ouvir o primeiro soluço seguido por lágrimas quentes. O segurou mais firme nos seus braços

Se a sua filha ainda estivesse viva estaria completando vinte e um anos. Seria a mais bela menina mulher que já existiu,seria sua eterna garotinha.

Mas a vida não queria isso e a tirou deles cedo demais. Os fazendo padecer com o destino incerto que a sua filha tomou

Quando sua casa foi invadida anos atrás os russos levaram sua garotinha. Camila junto de Vander a procurou por toda a cidade, mas ninguém vira ou sabia nada sobre a sua bebê. Camila torturou pessoalmente cada homem que invadiu a sua casa, mas nenhum revelou onde a sua filha estava.

A máfia russa fugiu depois do massacre que os kiramann e Yang fizeram na cidade atrás da sua bebê. A cidade inteira era deles, mas nunca conseguiu encontrar sua filha.A busca durou doze anos sem interrupção

Foi no inverno que sua filha completaria doze anos que Daniel planejou a lápide. Desde então, todos os anos perto do inverno eles subiam a colina e lamentavam

-Eu a colocaria para dormir - Camila disse enquanto era retribuída num abraço confortável pelo seu marido -Tocaria piano para ela,ela iria gostar não iria?-

Daniel secando os olhos abaixou o rosto para encarar a sua mulher. Camila tinha os olhos úmidos, mas não libertava nenhuma lágrima. Ele apenas a viu chorar enquanto corria atrás dos sequestradores da sua filha, ainda naquela maldita noite. Depois disso,ela trancou as lágrimas dentro dela,mas a imensa tristeza eram visíveis nos olhos azuis brilhantes dela

Camila ainda não o deixava se envolver no mundo da máfia.Porém,sabia que ela moveu céus e terra atrás da filha deles,sabia também que ela matara muitos e torturou outros. E ele rezou,rezou por perdão aos céus por se sentir vingado a cada morte e tortura sussurrada pelos capangas na mansão

Nos primeiros anos do desaparecimento da sua filha pensou que seu casamento iria se solidificar e virar apenas uma pedra dura e insensível. Na máfia não existia divórcio então ele já se via num labirinto sem saída.Contudo, Camila era seu amor verdadeiro e a vida mostrava isso da forma mais difícil para eles.

Camila era seu porto seguro. Era sua metade. Ela segurava a tristeza da perda da sua filha junto de si,da maneira mais forte possível. Todo o amor e respeito que sentia por ela não tinha fim.

- Ela seria linda,não? — murmurou olhando as orbes castanhas encantadoras

- Linda como a mãe — Respondeu ele beijando a testa pálida da mulher.

My DoomOnde histórias criam vida. Descubra agora