CAP|002

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PENITENCIÁRIA ATLAS
[Em algum lugar no oceano atlântico]

———♤———

Samara Parker já era acostumada á sua vida miserável há anos, já não se importava com a solidão e nem mesmo com a falta de luz no subsolo daquele calabouço onde vivia e poderia dizer que estava bem assim.

Não era terrível viver confinada em uma sela longe de tudo e todos, pois admirava e apreciava sua própria companhia, sabendo que não precisava de nada mais que bons livros e suas poucas horas de conversa com Maria, a senhora que fora encarregada de lhe servir a comida azeda da penitenciária de forma impiedosa.

Aqueles que possivelmente teriam alguma chance contra Parker, tinham medo de descer até onde a assassina estava, então tacavam suas responsabilidades para alguém completamente indefeso, que para a supresa de muitos ainda estava vivo.

Não se importavam com a vida dela, pois caso tivesse o pescoço rasgado por S.P, apenas a substituiriam por alguma outra idiota.

Mas por que tamanha inquietação com aquilo ? Samira não era tão ruim quanto julgavam e não matava pessoas inocentes.

O que achavam ? Que ela enfiaria uma faca na jugular daquela senhora por puro prazer  ? E de onde caralhos ela tiraria alguma arma ?  Não tinha nada mais que representasse ameaça á eles...

Nem mesmo uma simples caneta.

Quando finalmente a "capturaram" - essa possivelmente não seria a forma correta de dizer, uma vez que Samira claramente permitiu que tal coisa acontecesse - a jogaram no lugar mais podre e baixo que poderiam, julgando que alguém como ela não merecia ter contato com outros seres humanos.

Bem dito seja o desgraçado que achara que isso seria um castigo para a jovem.

A viam, sem dúvida alguma, como a maior ameaça viva em solo terrestre e sem escrúpulo algum á condenaram á prisão perpétua sem direito á condicional, declarando que a mesma não teria dereito á vida. Não teria direito á viver, uma vez que a morte era pouco para ela, já que era tudo o que desejava.

Dois malditos anos sem ter noção alguma de quando o dia se iniciava ou quando se encerrava, sem poder ouvir som nenhum além do zumbido dos navios que passavam por perto, sem saber o que era se alimentar com algo que não fosse mingau de aveia seco.

Dois malditos anos sem liberdade.

Absorta em sua leitura ao dicionário de Anne Frank, Samira não se deu ao trabalho de verificar quem abria sua sela naquele momento, apenas acompanhou o som das inúmeras trancas automáticas se abrindo enquanto rolava os olhos palavra atrás de palavra, deitada na pequena cama de solteiro com os pés apoiados na parede de forma preguiçosa.

Por que caralhos estavam indo lhe pertubar tão cedo ? Ou tão tarde ? Ela realmente não sabia dizer...

A única certeza que tinha naquele momento era que na guerra de 1942, a pequena Anne lutara mais que qualquer soldado presente ali.

— Levanta, a gente vai dar um passeio — Os pelos de seu corpo imediatamente se arrepiaram quando a voz alcançou seus ouvidos, não em medo, mas sim em ódio.

Parker suspirou fundo. Praguejando o universo por mandar justo ele, fechou o livro com uma calma surpreendente e se sentou, corrigindo sua postura ao encarar o homem de um metro e noventa.

Miss. Parker - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora