A Little More Attached | HyungHyuk

02 • tied to your body

────── ✾ ──────

Não há ninguém me esperando no aeroporto, então pego um táxi direto para a editora. Meu cartão dá erro na catraca, como habitualmente acontece, e sou recebido com ansiedade por alguns colegas que querem saber se a minha missão foi bem sucedida. Concordo e os deixo eufóricos, o nome de Minhyuk sendo repetido porque ninguém nunca conseguiu o feito de tirar dele mais do que poucas palavras. Há, no entanto, alguém acima de nós que possui mais interesse nesse ganho e é para sua sala que eu me direciono, entrando depois de dar três leves batidas na porta.

    Sojung sorri ao me ver, mas não se levanta de sua cadeira, concentrada na tela do computador. Apenas pergunta se fiz uma boa viagem e respondo que sim, deixando minha bolsa sobre uma das poltronas à frente de sua mesa. Pergunto se precisa que eu lhe mostre algo do material, mas ela garante que confia em mim e me pede para começar a trabalhar na matéria o quanto antes.

    — Quem sabe podemos encaixá-la na próxima edição da revista — é o que diz e parece promissor. — Estive pensando em convidá-lo para ser capa também, acha que ele toparia?

    Dou de ombros, mas sei que seria quase impossível ter Minhyuk dentro de um estúdio de fotografia. Sojung capta essa resposta na minha falta de reação e diz que não há problemas. De repente, desvia os olhos em minha direção e pergunta se prefiro voltar para casa antes do horário para descansar e iniciar o que precisa ser feito, então concordo, vendo-a se levantar.

    — Quer carona? — ela quer saber e me surpreendo pela boa vontade, então apenas balanço a cabeça, aceitando. Ela pega o casaco que está pendurado no encosto da cadeira e as chaves que estão sobre a mesa. — Vamos?

    Tento ignorar os olhares dos funcionários que sempre nos fitam dessa maneira curiosa quando nos veem juntos e agradeço por ficarmos em silêncio pela maior parte do caminho. O portão automático se abre e o carro percorre o jardim até parar de frente com a casa de fachada amadeirada. Quando estamos lá dentro, Sojung sugere pedir pizza e deixo que ela faça o pedido a seu gosto enquanto rumo até meu quarto para trocar de roupa.

    Sentir o cheiro dos tecidos bem passados me entristece porque eles apagam o aroma do campo, consequentemente deixando o perfume de Minhyuk impregnado apenas na minha memória. Eu me visto e tiro todas as tranqueiras da bolsa, plugando a câmera ao computador em seguida, puxando uma cadeira porque sou assim, pronto para colocar a mão na massa enquanto tenho os momentos frescos na mente.

    Eu digito durante meia hora até ouvir o som da campainha, o que significa que a comida chegou. Como um cão adestrado, deixo meus aposentos e rumo até a cozinha, sentando-me na bancada de mármore com o cheiro das pizzas no ar. Sojung está resolvendo algo no celular, então come com as mãos de forma distraída, o queijo esticando até ela se irritar e meter a mão para arrebentá-lo, o celular finalmente sendo deixado de lado, o que a obriga a prestar atenção a mim depois disso.

    Questiona sobre o encontro, sempre se referindo a Minhyuk como meu amigo de infância, o que ele é e ela sabe, e minhas respostas curtas a agradam porque nunca conversamos como um casal comum. Sojung me agradece por ter ido atrás do artista cobiçado e diz que espera que eu tenha me divertido ao reencontrá-lo. Fala como se fosse uma tradição simples retornar até aquele lugar para vê-lo, como se isso não implicasse em corações doloridos e memórias reforçadas, em omissões e erros e deslizes.

    Como se ela realmente não percebesse que tenho a marca de um chupão exposta em meu pescoço.

    A pizza ganha um gosto amargo, mas continuo a comer, porque assim não preciso conversar o tempo todo. Quando terminamos, as sobras vão para a geladeira e cada um retorna a um cômodo diferente, sabendo que nos veremos apenas na manhã seguinte - se nos encontrarmos antes de sair para o trabalho.