Frio. Muito frio.
Deve estar -1 grau. Eu já estou acostumada, toda noite é a mesma coisa: um frio intenso, para de tarde fazer um calor pior ainda.
Pelo que eu li, há pouco tempo o clima era completamente diferente, mas com os anos isso mudou drasticamente em algumas regiões. O abrigo em que estou está localizado na California e eu pretendo ir para a Dakota do Norte, é onde está o maior e mais bem protegido abrigo dos Estados Unidos. Eles só aceitam algumas pessoas, aquelas que podem contribuir de alguma forma. Talvez eu consiga entrar com minhas habilidades em programação, soube que estão tentando programar uma espécie de GPS indetectável pelos sangue preto. Quando eu estava no ensino médio eu fazia uma renda extra rackeando alguns sites para as pessoas, entre outras coisas. Eu poderia ser útil. Preciso chegar até lá. Para isso, preciso passar por mais 3 abrigos: Nevada, Idaho e Montana, sendo os dois últimos muito perigosos por estarem próximos demais de Washington, o estado que os sangue preto dominaram completamente e ainda criaram uma base na divisa entre Idaho e Montana. Esses abrigos são tanto de ricos quanto de pobres, você nunca sabe o que vai encontrar.
Saio da barraca com cuidado para não acordar os outros, ando um pouco pela floresta chegando até a ponta do penhasco e observando a praia lá em baixo. Eu geralmente não consigo dormir e gosto de observar a praia, é tão silenciosa, se você fechar os olhos por 2 minutos quase parece que nada mudou.
-não está conseguindo dormir de novo? -levei um breve susto e logo vi a silhueta do Rick surgindo da sombra.
-não está conseguindo também ou acordou só para vir me observar? -debocho. Ele ri mostrando seus dentes um pouco amarelados.
-vou sentir falta do seu senso de humor. -ele diz se aproximando.
-não vai me convencer a ficar, Rick. Desiste.
-é perigoso, Ronnie. As pessoas não ficam viajando entre os abrigos.
-quando eu chegar na Dakota do Norte não vou mais ficar viajando. -respondi risonha.
-não tem graça.
-eu vou ficar bem, Rick. -digo. Ele tem em torno de 50 anos, é a pessoa mais sábia que já conheci e é por isso que é líder do abrigo da Califórnia. O conheci no início quando o abrigo ainda estava em construção, sempre o ajudei com meus conhecimentos tecnológicos e ele sempre me tratou como se eu fosse sua própria filha, diria que é um grande amigo.
-sei que vai, tem que ser um grande filho da puta para conseguir te matar. -ele disse e eu gargalhei encostando a minha cabeça em seu ombro. -não se acomode muito, preciso que conserte o rádio antes de ir. -completou me fazendo rir ainda mais.
-eu posso fazer isso.
(...)
Acordo com gritos e fumaça. Como a noite passou tão rápido?
Abro os olhos meio confusa, mas me levanto rapidamente da rede ao olhar em volta e ver que estamos sendo atacados, mas não são os sangue preto. São os anarquistas.
O abrigo está pegando fogo por todos os lados, há corpos por todos os lados e lá fora encontra-se um cenário de guerra. Pessoas lutando, se esfaqueando e outros tentando fugir. Um verdadeiro caos.
Eu não preciso pensar, sei o que fazer. Fomos preparados para isso.
Rapidamente pego minha bolsa que eu havia preparado ontem a noite com itens essenciais, rasgo um pedaço da roupa de uma das pessoas mortas no chão e uso como máscara em volta da minha boca e nariz. Vai servir para me fazer inalar o mínimo de fumaça possível. Também pego 2 facões e saio da barraca. Penso em voltar pelo Rick ou pelos outros, mas me lembro do que ele nos treinou para fazer.
"Se formos atacados, fujam sem olhar para trás. Ninguém volta por ninguém."
Saio pelos fundos da barraca e corro pelas beiradas do abrigo para que minhas chances de ser notada sejam mínimas, isso dá certo quando pulo o enorme muro de cimento e chego aos poucos carros que temos. Pego as chaves do jipe que Rick me entregou na noite passada ouvindo os estrondos e gritos atrás de mim. Rapidamente entro nele e dou partida saindo dali. Não era o jeito que eu queria deixar o abrigo, mas depois de tudo as nossas prioridades mudaram e passamos a aprender a não nos magoar com abandonos ou mortes. É necessário.
Ao me afastar o suficiente, paro o carro e pego o mapa e a bússola. Me localizo rapidamente e traço uma rota para o meu próximo destino: o abrigo de Nevada. Não estou muito longe, mas não posso percorrer tudo de carro, pois fica muito perto da fronteira com Idaho, onde tem bases dos sangue preto por toda a parte e eu preciso passar despercebida. Então irei percorrer 345 km de carro, o que dará uma viagem de 2 dias, e os últimos 80 km irei andando, o que dará 3 dias de viagem se eu andar 20 km todos os dias. Ninguém disse que seria fácil, certo?!
(...)
Estou exausta depois de dirigir o dia todo e o mais importante, preciso de água e um banho. Pego o mapa e vejo onde tem um rio, sei que tem um pela região e não demora para que eu chegue lá.
Já desço do carro tirando as minhas botas, em seguida tiro minhas roupas e pego o galão de água, o encho, bebo um pouco de água e o deixo no carro. Não demoro a entrar no rio e me molhar por inteiro, o que me deixa tranquila é que está a noite e escuro. Eu não vejo ninguém, porém ninguém me vê também.
Estar aqui dentro da água me faz perceber que estamos nos matando, mas pelo menos não acabamos com a água do mundo, isso sim seria um enorme problema. Ri da minha própria ironia.
Saio dos meus pensamentos ao ouvir um barulho vindo da mata. Mergulho e nado até a beira do rio, saindo dali sem fazer barulho. Vou para a parte traseira do jipe abrindo a mala e colocando a minha roupa rapidamente, em seguida peguei o facão e entrei no jipe. O liguei e não demorou pra que o farol se acendesse iluminando a floresta e me dando a visão de uma garotinha paralisada me olhando assustada. Saio do jipe com o facão na mão.
-quem é você?
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Olá, seja bem vindo ao ambiente apocalíptico de How It Ends! Eu espero que tenha gostado do primeiro capítulo e já tenha adicionado na sua lista de leitura para não perder tudo que vem pela frente. Terá uma grande carga de emoção, com muitas reviravoltas e revelações, não será nem de longe uma história parada!
Está com o coração preparado? Então vamos lá, porque a Ronnie tem um longo caminho pela frente e eu espero esteja com ela porque ela vai precisar!
Beijinhos, vejo você logo logo!

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How It Ends
General FictionZumbis, androids, doenças e alienígenas. São os motivos mais comuns da extinção da raça humana, mas isso serve apenas de camuflagem para o maior perigo que poderíamos enfrentar: nós mesmos. Em pouco tempo o ser humano se apropriou da tecnologia par...