Capítulo 2

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-quem é você? -pergunto olhando brevemente em volta para ter a certeza de que ela está sozinha.

Ela não diz nada, apenas balança a cabeça negativamente.

Você pode me achar cruel de ameaçar uma criança com um facão, mas quando os humanos evoluírem a ponto de começarem a se matar te deixando sem opções de quem confiar, você também irá querer ter um facão.

-vou perguntar pela última vez, quem é você?

-por favor... não me mata. -ela sussurrou e levantou as mãos em rendição. Franzi o cenho. Olhei em volta mais uma vez e guardei o facão dentro da minha bota para depois ir até ela devagar.

-não vou te matar. -garanti e ela fez menção de correr. -se correr, eu mato. -avisei e ela paralisou. -não é uma sangue preto. -constatei a olhando de perto e ela franziu o cenho negando com a cabeça. -é uma anarquista?

-não. -disse rapidamente. -quem é você? -ela rebateu intrigada.

-não sou uma sangue preto e nem uma anarquista, mas isso você consegue perceber.

-na verdade, não. -ela disse me deixando confusa. -queria saber o seu nome. Eu sou Antonella.

-cadê a sua família? -perguntei ignorando a sua curiosidade sobre o meu nome.

-eu não tenho. -disse dando de ombros.

-está sozinha?

-sim.

-quantos anos você tem? -perguntei intrigada.

-8 anos.

-como você ainda está viva?

-você que parece precisar de ajuda. -ela disse e eu me surpreendi com a resposta. -eu tenho comida. -disse.

-o que?! -perguntei sem entender o porquê de estar me oferecendo ajuda. Ou ela é muito burra ou é muito ingênua, de qualquer forma é ruim.

-vem comigo, moro logo ali. -ela disse me puxando pela mão.

-então você vai simplesmente confiar em mim?! Esse é o seu senso de sobrevivência?

-você largou o facão, nenhuma das pessoas que aparecem por aqui largam o facão. -disse e eu a segui depois de voltar, pegar as minhas coisas e desligar o carro.

A segui floresta a dentro, até chegar em uma espécie de chalé abandonado. Era uma casa modesta, toda feita de madeira. Havia uma pequena escada que levava até uma varanda, que eu subi cuidadosamente, ali tinha apenas uma poltrona empoeirada e uma lamparina antiga pendurada por um gancho.

-como consegue as velas? -perguntei para a garota que apenas me observava. Ela estava logo atrás de mim.

-eu faço usando gordura dos animais que eu caço para comer. -ela disse me surpreendendo. Apenas murmurei um "uhum" e entrei na casa.

Logo na entrada estava a cozinha. Nada muito elaborado, apenas uma mesa com 3 cadeiras, alguns armários, um fogão e uma pia. Tudo muito simples e prático.

-a água... -comecei a pergunta, mas ela se adiantou em me responder.

-poço artesanal.

Ao lado da cozinha ficava a sala que tinha apenas um sofá, uma mesa com um cinzeiro velho e um quadro com uma pintura de uma flores em um jarro. Bem realista, na verdade. O chão estava empoeirado e o teto com teias de aranha.

-está com fome? -ela perguntou mexendo em umas panelas. Me virei rapidamente.

-sim. -disse simples ainda intrigada. Como uma garota de 8 anos sobrevive aqui sozinha?!

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⏰ Última atualização: Nov 18, 2022 ⏰

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