Capítulo 5

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Terça feira. 15:30 da tarde. Casa de Ana Carolina.

Ligo a televisão e deito no sofá esticando as pernas. Coloco uma almofada em baixo cá cabeça para ter apoio. Na tela passa um filme qualquer, no começo não entendi nada e meia hora depois parecia que eu ainda estava no começo.

Todo mundo usa óculos e se veste de preto, são tantas expressões tecnológicas que me sinto insultada.

Ana Carolina me chamou para ir ao mercado com ela, mas preferi não ir. Desde que ela saiu eu estou deitada, já tomei um remédio para cólica que aliviou um pouco a dor. Mas meu humor fica tão murcho que nesse período eu só quero sumir no mundo para ninguém falar comigo.

Estou quase pegando no sono quando ouço baque de passos vindo da escada. Pelo aroma do sabonete já sei quem é, fecho os olhos fingindo que estou dormindo. Abro um olho bem pouquinho vendo ele parar em frente a televisão e instalar algum coisa nela, Mark parece procurar alguma coisa pela sala.

O filme continua passando e eu estou realmente curiosa para saber se vai acontecer alguma coisa compreensível para minha inteligência.

Ele mexe no sofá menor. Frustrado põe as mãos na cintura e passa os olhos pelo ambiente para aonde eu estou. Fecho o olho rapidamente e tento tranquilizar a respiração.

Aí você me pergunta por que estou fazendo isso, eu também não sei. É uma coisa automática, se estou deitada e alguém chega, o meu cérebro me mandar fingir sono e assim faço.

A presença de Mark parece mais perto de mim, me obrigo a continuar impassível. Quando o sinto se afastando abro os olhos, ele me pega no flagra e dá aquele sorriso típico.

Forço um bocejo fazendo cara de paisagem.

- O que foi? - Pergunto coçando os olhos.

Mark solta um suspiro.

- Você é uma péssima atriz. - Responde e começa a rodar a sala.

- Ninguém pode descansar mais nessa casa. - Resmungo. - Para de andar, está incomodando.

Ouço ele bufar atrás do sofá onde estou deitada. Não olho para ele, prefiro prestar atenção no que quer que esteja acontecendo no filme.

- Quer que eu pare de respirar também? - Provoca.

- Se for possível, fique a vontade. - Respondo.

Em algum momento me perdi no que estava acontecendo no filme, na próxima cena apareceu uns caras, também de preto, e começaram a brigar entre si.

Quem são esses, meu Deus???

- Me dá o controle da TV. - Aparece na minha frente tapando a visão.

- Eu cheguei primeiro. - Reviro os olhos.

- Eu moro aqui. - Cruza os braços.

Ergo a cabeça encontrando aqueles olhos de novo, dou um pulo me sentando no sofá. Discretamente colo o controle na bunda.

- O filme daqui a pouco acaba, espera um pouco. - Peço sem jeito.

Ele mora aqui, tem todo direito. A errada sou eu em ocupar um lugar que não tenho direito.

Ouso ver a expressão de Mark. O rapaz não tira os olhos de mim parecendo pensar um pouco.

Por fim, descruza os braços e sai para a cozinha. Solto o ar.

Um barulho de chaves me chama atenção e logo Ana Carolina invade a sala, cheia de sacolas e o rosto vermelho.

- Eu nunca mais volto naquele mercado. Era só passar as compras, mas não... A mulher do caixa prefere conversar com um conhecido da fila. Quer conversar, vai no psicólogo. Ora pitomba.  - Passa voando por mim.

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