Capitulo 1

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Segunda-feira. 07:37 da manhã.

- Você viu o que eles fizeram? - Ela para ao meu lado espantada.

Nem preciso perguntar para saber de quem ela está falando.

- Não vi. O que foi? - Fecho meu armário e entrelaço meu braço no dela.
Caminhamos pelo corredor enquanto o sinal não toca.

- Nossa, a mãe dela deve estar uma fera. Será que vão ser expulsos? - Questiona, tenho a impressão de que ela está falando sozinha.

- Expulsos? Foi tão sério assim? - Penso no que eles podem ter feito.

Ana Carolina olha desconfiada para os lados e me arrasta para a sala da nossa primeira aula. Me sento em uma das cadeiras enquanto ela fecha a porta devagar olhando pela brecha, dou risadas chamando sua atenção.

Ela senta perto de mim e começa a falar sussurrando, seguro a risada.

- Você não tem noção. - Diz.

- Conta logo! - Dou um peteleco na testa dela.

- Eles foram para aquele lugar que começa com M. - Fala esfregando a testa onde bati.

- Motel? - Pergunto já encaixando tudo na cabeça.

Ana se anima.

- A mãe dela ligou bem na hora que estavam chegando, parece que tinha um rastreador no celular da filha. o maior barraco na sala da diretora. - Solta uma gargalhada.

- Estou surpresa, mas não tanto. Não imaginei que ela teria coragem. - Digo.

- Estava na cara, eles aproveitaram que largamos cedo por causa das provas e foram fazer a festa. Na verdade nem chegaram a comer o bolo. - Diz com cara de sonsa.

Eu tentei, tentei muito e não consegui. Explodi em uma risada, coloquei a mão na boca tentando abafar o som mas Ana começou a rir também e meu esforço foi em vão.

Não achei graça da situação, mas sim do jeito que minha amiga falou. 

Ainda estávamos rindo quando a porta foi aberta, me levantei enxugando os olhos e soltando a última risada.

Mark nos encarou com a mesa cara séria de sempre, viu Ana ainda rindo sentada e balançou a cabeça em negação.

Olhando para mim ergueu a sobrancelha como quem diz Tá rindo de que, estranha?

- Estranha. - Diz e passa pela gente indo para a última cadeira da sala.

Não disse?

- Mané. - Resmungo um pouco alto.

- Mark, está sabendo o que aconteceu? - Ana ainda sentada vira na cadeira para fala com o irmão.

- Nossa, que fofoqueira. - Brinco com ela.

- Tô. - Mark responde se jogando na cadeira.

Ana olha para mim séria dessa vez.

- O que foi? - Pergunto.

Minha amiga olha para baixo meio encabulada.

- Estou com pena dela. Vão cair matando em cima da menina, é vergonhoso.

- Você está certa, mas o estrago já está feito. O único jeito agora é ela ignorar os comentários ou mudar de escola. - Falo também sentindo pena.

Olho para Mark que não deu mais nenhuma palavra. Não que ele fale muito, o mané passa mais tempo calado do que dormindo.

O sinal toca e Ana me convence a sentar com ela e o irmão no fundo da sala, como não tive escolha depois da chantagem dela, eu fui. Os alunos começam a entrar, inclusive o alvo a fofoca. Ela entra com os olhos focados nos pés e toma um lugar na primeira fila rapidamente.

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