MY EUPHORIA EXCHANGE

I - Who the hell are you, girl?

08:00 AM - Estação de Trem

Abri os olhos cansados depois de um cochilo de duas horas, a cidade era mais próxima vindo de carro, mas tudo como sempre que não costuma dar certo para mim perdi a carona e precisei vir de trem. Ao certo um garoto chamado Ashtray me deixou uma mensagem no meu celular que iria vir me buscar, eu apenas precisava avisar quando estivesse chegando. Peguei as minhas bagagens e me sentei ao lugar mais próximo do estacionamento, observei as pessoas enquanto tive aquilo para esperar e passar o tempo.

Minha dispersão foi interrompida quando um menino parou a minha frente, provavelmente ele gostaria de alguma informação, mas o que ele me dissera me surpreendeu.
- Eu sou o Tray, você provavelmente é..? - ele me perguntou me analisando como se tentasse recordar algo, e eu também estava o analisando a ponto de não responder de imediato que causou um leve estresse no garoto - Não importa. O carro é aquele - disse apontando - Você sabe dirigir? Bom... - ele tirou a chave do bolso do jeans surrado e jogou em minha mão sem ao menos esperar também por alguma resposta - Todo seu.

O que me surpreendeu foi de imaginar em como ele chegou até aqui, será que deu carona para algum amigo que o trouxe? Como o irmão mais velho deixaria ele pegar o carro? Ou ele pegou sem autorização? Tray aparentemente tem a idade de treze anos, observei sua pequena tatuagem no rosto abaixo do olho direito e também como seus trejeitos eram tão diferenciados para um pré adolescente.

Ele carregou alguma das minhas malas e juntos colocamos dentro do porta malas toda minha bagagem, que não eram muitas, porque eu não posso ter o luxo de ter muitas coisas sendo sujeita a me mudar constantemente. Entramos no carro e Tray parecia agitado, trocamos poucas palavras e não preferi conversar muito por perceber que algo o incomodava, talvez o motivo eminente poderia ser eu mesma, então ficar na minha estava sendo uma ótima opção.

Segui as orientações do mais novo o caminho todo, fui decorando alguns pontos de referência até a casa e também de certa maneira conhecendo a cidade. Logo chegamos, a casa era exatamente como na foto, e até tinha alguns detalhes diferentes. Dois andares sendo o primeiro aparentemente um cômodo menor com escadaria para o andar superior, nada luxuoso, o olhar de Tray mudou completamente quando estacionei, ele olhava friamente preocupado para a casa que percebi a porta escancarada. Em questão de segundos que o garoto desceu rapidamente do carro ouvimos o barulho das janelas sendo quebradas. O que estaria acontecendo lá dentro?!

- Espere aqui no carro, ok? - essa foi a orientação que o menino me deixou após correr rapidamente para dentro da casa. Onde afinal eu fui me meter? Isso era apenas o que no momento eu conseguia me perguntar.

Coloquei a cabeça para fora da janela afim de tentar uma visão melhor, consegui ver dois homens de aparência semelhantes um do outro e com a mesma tatuagem na nuca, suas expressões diziam que o que seja lá o que estivesse acontecendo ali, não era nada de bom. Meu coração por um momento parou quando meu olhar se cruzou com um deles, de imediato virei o rosto sentindo a adrenalina voltar o meu coração que por segundos já não tinha batimentos.

Pousei as minhas mãos sobre o cinto para retirá-lo o mais rápido possível, e muitas incógnitas surgiram, o garoto talvez precisasse da minha ajuda? Afinal quem era aqueles homens tão mal encarados e por que minha intuição me dizia para fazer algo a respeito e não simplesmente esperar? Seria uma briga de família? Me recordei que na descrição do relatório eram dois garotos e uma senhora que vivia na casa, aqueles homens definitivamente não moram ali.

Decidi descer do carro mesmo tendo a sensação que eu poderia me arrepender disso porém eu me arrependeria muito mais se acontecesse algo com algum deles e fiquei simplesmente parada ouvindo e vendo tudo. Peguei o celular do bolso e disquei 911, não coloquei para chamar mas deixei como forma de prevenção. Decidi não subir as escadas pelo lado de fora da casa, mas entrar pela porta da frente do andar inferior. Foi quando meu coração gelou, pois assim que entrei atrás da porta o mesmo homem que me encarou passou sem me ver. O que notei fez com que meu corpo ficasse paralisado, ele havia em suas mãos uma pistola.