Poesias mórbidas e insalubres

amor para sua vida

Ele tinha olhos azuis intensos, que me lembravam uma manhã ensolarada nas férias de verão, o tom exato da água do mar.
Ele conhecia as palavras de Einstein, e até cientistas femininas pouco conhecidas.
Ele amava Machado de Assis, sentia prazer naquelas páginas e até num café amargo.
Ele era ótimo com palavras, conhecia os quadrinhos, era fã de futebol.
Mas tinha um problema
Ele não era você.
Ele não tinha a sua excentricidade, sua cara de bravo mesmo quando não está, seu jeito de me beijar ou passar os dedos suavemente em meu rosto, como se eu fosse alguma preciosidade que jamais poderia se quebrar.
Mas eu me quebrei, eu estraguei tudo entre nós, e por uma questão de ego ridícula, uma filosofia inacabada, sem propósito.
Ainda lembro dos seus braços fortes envolvendo a minha cintura, do cheiro dos seus cabelos recém lavados e com um corte impecável que você se orgulhava de manter.
Enfim, nenhum olhar, nenhum gosto por ciência, nenhuma pessoa vai ser você.
A sua autenticidade me transformou em alguém melhor, alguém que eu quero ser, mas eu quero ser com você.
Você é o amor para minha vida porque depois de você, nada teve real sentido, entusiasmo, emoção.
Você fazia com que a minha rebeldia rendesse alguma coisa, fizesse algum sentido.
Eu amava quando éramos dois rebeldes juntos, mesmo você sendo mais pensativo, porém topando todas as minhas loucuras.
Eu era fogo, o mais intenso e puro.
Você era uma chama começando a crescer aos poucos.
Nós incendiaríamos o mundo, colocaríamos ele de cabeça para baixo.
Mas eu não fui inteligente o suficiente para agarrar com todas as minhas forças o amor para minha vida.
Seus olhos pequenos vão sempre fazer parte de mim, e das minhas poesias mórbidas sobre a fútil existência humana.