Ele nunca foi meu por inteiro
mas conseguiu ter uma parte de mim que ninguém mais teve
e despertar sensações em mim que eu ainda não havia sentido
não vou o esquecer
apesar de parecer que já fui esquecida
Não fui importante o suficiente para que se importasse
Mas ele foi o bastante para deixar uma parte de si, comigoAinda trago comigo a lembrança do seu olhar fixo em mim
E quase sou grata pelas coisas que me disse
Por que, doeram, mas me deram a oportunidade de ser menos fraca
Dizem que o que não mata te torna mais forte
não me matou, e eu ainda me sinto a mesma
mas me feriu e abriu os meus olhosEle não foi a pessoa que mais me machucou
mas foi a última na qual eu quis tentar me entregar
arriscarAmor não existe
é tudo invenção do ego e carênciaEu não queria estar sozinha
e estar comigo alimentava sua autoconfiança
foi conveniente
ou poderia ter sido
mas de longe, não foi amor
nunca éTemos em nós a necessidade de ter alguém
E depois a vontade de manter esse alguém consigo
Mas também gostamos de dar nome e de romantizar às coisas, então chamamos isso de amor
Uma mistura de necessidades e invenções da própria mente
gostamos da sensação de desejo e posse
não exatamente das pessoas em si
amamos o que elas causam em nós
não o que elas são
nós não precisamos delas, mas nós as queremos
e fazemos de tudo para ter o que queremos
As vezes isso é divertido, e as vezes doentio demais
mas romantizamos e tentamos fazer isso parecer algo belo.
Não é amor, é ego!
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O abismo que floresce em mim
PoetryDevaneios de uma poeta infeliz. "Ao abismo que floresce em mim e ao silêncio que me atormenta"