Surfista!

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Hande Erçel

16 de agosto

A vida é instável e na maioria das vezes muito confusa. Em um momento eu tinha uma vida equilibrada, estudava em uma faculdade reconhecida de artes plásticas, tinha uma família presente que se reunia toda semana para conversar sobre a rotina corrida, porém em menos de um ano tudo evaporou em uma rapidez impressionante.

Mudei-me para Califórnia para esquecer o caos que presenciei em New York, mas não imaginava que iria lidar com outras confusões nesse estado. Faz oito dias que o estranho surfista permeia meus pensamentos e bagunça o meu interior com uma conjuntura especial. Ontem tirei a bota ortopédica — ela permitia que meu coração acelerasse ao lembrar que estive nos braços dele.

Ouço meu celular tocar ao meu lado e um pequeno sorriso permeia em meu rosto — uma ligação da minha melhor amiga me fará bem, após esse dia estressante.

— Boa noite, My! — Dilara está com um sorriso radiante — Como você está? — Sua voz ressoa calmaria.

— Estou exausta — Confesso — O trabalho e a faculdade me deixam dessa forma!

— Você não precisa — Nego, com veemência. — Tudo bem! — Recebo o carinho de Azul e deito-a em meu colo. — Você está aérea! — Diz, após um tempo. — E o mais importante — Ela toca na tela do celular. — Suas bochechas, recentemente, sempre estão coradas e seus olhos brilhando. Aconteceu algo? — Pergunta, com o tom sugestivo.

— Estou cansada! — Desconverso, pois não quero enchê-la de esperança com algo que só existe em minha imaginação e no meu coração fragilizado. — Conseguiu atender ao seu cliente? — Ela é advogada e está com um caso complicado.

— Sim! — Assinto e meus pensamentos voam para Kerem, de novo. — Você já fugiu de mim a semana toda, Erçel! — Dilara é muito boa em persuasão, ou seja, não irei escapar dessa conversa.

— Eu quero saber o motivo dos seus olhos brilharem ou suas bochechas corarem. — Inicia o questionamento e minha memória se perde no olhar penetrante do surfista gentil. — Você conheceu alguém? — Questiona, chamando minha atenção.

— Conheci um homem na praia! — Ela pula em alegria — Chama-se Kerem, é médico e surfista nas horas vagas. — Sorriu, ao me recordar de sua apresentação. — Ele me atropelou no mar, por isso que eu torci o tornozelo. — Ergue as sobrancelhas em questionamento. — Foi muito educado e me levou ao hospital onde trabalha. Por fim, voltei para casa em um taxi.

— Voltou para casa em um táxi. — Replica — Pegou o número do celular dele? — Nego. — Você está há mais de uma semana com os olhinhos brilhando e não o procurou?

— Ele é um desconhecido, Dilara! — Afirmo, mesmo o meu coração dizendo o contrário. — E eu não posso e você sabe muito bem!

— Você está sendo uma tola, Hande! — Responde, encarando-me séria. — Se ele em menos de um dia conseguiu a proeza dos seus olhos brilharem, ele não é um desconhecido. Você lembra-se de qual foi a última vez que isso aconteceu?

— Não, não me lembro. — Digo, em um sussurro. — Mas, isso não importa. Todas as luzes dentro de mim estão apagadas e nada mudará esse fato. — Digo, tentando me convencer a essa teoria.

— Seu pai costuma dizer que enquanto houver sol, haverá esperança! — Recita. — E eu tenho esperança, Hande! O seu coração brilhará novamente! — Gostaria de acreditar em suas palavras.

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