O convite de Casamento

2.7K 299 441
                                    

Uma bagunça total, a casa era o retrato perfeito de como estava a saúde mental da japonesa. Roupas por todo lugar, a poeira com uma camada grossa por cima dos móveis e copos para todos os lados, denunciando que fazia um bom tempo que uma limpeza não acontecia na residência, uma enorme desorganização. Mas toda a bagunça acumulada não foi por pura preguiça, Minatozaki sentia-se completamente desanimada para fazer qualquer coisa.

Nem mesmo seu ambiente de trabalho que era o momento em que sua mente mais ficava ocupada boa parte do dia estava dando o mínimo de felicidade que deveria sentir. Amava seu trabalho, mas até ele não conseguia deixá-la como antes.

O Japão, não conhecia todas as regiões do país de origem, mais viajou por algumas parte dele quando teve a oportunidade, conhecendo várias cidades, desde os bairros mais luxuosos até o em que nasceu e passou toda a infância. Não era um ambiente muito bem cuidado ou que recebesse atenção do governo, mas havia muitas pessoas inteligente e que sabiam sobreviver com tão pouco.

— Preciso arrumar essa bosta. - Disse em tom baixo ao pegar uma caneca em cima do sofá e andou lentamente até a cozinha.

Por incrível que pareça a cozinha era o lugar mais organizado da pequena casa em que morava, pelo menos não tinha louça suja, pois a maioria das suas refeições fazia no Studio em que trabalhava ou era apenas pratos prontos de micro-ondas.

De copo em copo recolhido, roupas sendo colocada no cesto de roupas sujas e uma boa varrida com a única vassoura que tinha, a casa começou a pegar uma aparência mais de lar e não de casa abandonada. Quando o relógio em seu pulso apitou, Sana saiu da casa em passos apressados e com uma bicicleta nem tão nova, pedalou até o Studio que trabalhava, que não ficava mais de dois quilômetros de distância. 

E mais um dia começava.

Sua rotina não era mais agitada como foi na adolescência. De casa para o trabalho e do trabalho para casa, seguia essa rota cansativa diariamente,  antes até desviava o caminho para o hospital, mas agora não tinha mais motivos para ir.

Ela se foi.

Muitas pessoas acreditam que quando a morte chega somos enviados para o céu ou para o inferno, outras acreditam em reencarnação,  que renascemos em novos corpos e em nova vida, uma parte também acreditava que nossas almas ficam vagando pela a terra e não conseguimos vê-los, já Sana não acreditava em nenhum deles, apenas num longo e profundo descanso.

Ela nunca foi uma pessoa religiosa mesmo.

Diferente de sua mãe,  Minatozaki Nari foi uma mulher religiosa e de mente aberta, sempre rezava e fazia orações no final do dia para que as coisas melhorassem futuramente, Sana sempre assistia a mais velha ajoelhada na frente da cama pedindo por um futuro melhor e esse melhor nunca chegou a ver.

Sana conseguia lembrar perfeitamente de alguns dias antes de Hyun-Su pegar sua guarda e ser levada para a Coreia. Sua mãe deitada em uma cama e falando freneticamente que vai limpar a escada direito, os braços balançando como se estivesse esfregando um pano no chão e o olhar amedrontado que era lançado para o maldito político para quem trabalhava.

Apesar de sentir um certo ódio descomunal pelo pai por tudo que fez, tinha uma parte minúscula de agradecimento por ele ter a levado para Coreia,  pois se continuasse na situação em que estava, não sabia se estaria pelo menos viva naquele momento ou dado o mínimo de cuidado que Nari merecia.

O bairro em que morava atualmente era de classe média, pedalava até o Studio em que trabalhava ainda como tatuadora e Sana não conseguia se ver em outra profissão além dela, amava o que fazia e por mais que não ganhasse milhões, era o suficiente para viver tranquilamente bem.

Let's Go Japan: A irmã mais velha - SaidaOnde histórias criam vida. Descubra agora