Calling, can you hear me?

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   I still see the moonlight on your skin
   Those eyes staring back at me

  Reggie podia ver a luz fraca da lua entrando pelas grandes portas abertas daquele bar. Ele costumava ser tímido no começo. Ele sempre ia ali com Luke e ficava em silêncio, apenas observando o garoto com o rosto meio avermelhado de falar tanto até quase perder o fôlego. Ele ficava lá, olhando de forma intensa demais enquanto tomava sua bebida devagar. Ele desviava o olhar, corado, quando Luke percebia. E era assim toda maldita vez. Mas agora tudo tinha uma aparência mais amarga. O silêncio não era o mesmo, não tinha expectativa, não tinha nada. Tinha apenas a dor, tão profunda que o deixava sem palavras. Ele não sentia mais nada. Ele já estava na terceira - ou quinta - bebida e o copo se esvaziava tão rápido quanto um novo chegava. Na sexta reposição, o barista lançou-lhe um olhar preocupado. Na sétima ele tentou intervir.

   - Cara, você está bem? Acho que você já deve ter bebido mais de uma garrafa aqui...

   - Eu estou pagando, não estou? - A rispidez na voz de Reggie fazia com que parece ser outra pessoa dizendo aquilo. Reggie não era mais ele. Não desde Luke. O outro homem virou-se para retirar-se, mas Reggie interrompeu. - Traga uma garrafa, por favor.

   Reggie respirou fundo quando a garrafa chegou em sua mesa. Ele não tinha mais lágrimas para chorar, mas ainda assim doía tanto... Ele não queria continuar se Luke não estivesse lá. O mundo não fazia sentido sem Luke. 

   Ele sentiu sua bexiga pesar lá pelo final da garrafa, mas sua mente não estava funcionando realmente e suas pernas o traíram no mesmo minuto que ele se levantou para ir ao banheiro. O barista apareceu momentos depois, pedindo para que Reggie focasse em si e respondesse se estava bem. Reggie não respondeu as perguntas, mas um nome não parava de surgir em seus pensamentos confusos, então ele apenas disse.

   - Alex...

   - Alex? Você quer que eu o chame?

   - Alex, por favor...

   O barista não sabia ao certo de quem se tratava, mas eles já haviam estado ali juntos muitas vezes antes de tudo. Ele conseguiu fazer Reggie desbloquear o celular antes de Reggie entrar em um estado de confusão ainda maior do que os anteriores e encontrou o número de Alex facilmente nas ligações recentes - haviam várias chamadas perdidas dele. Em pouco menos de vinte minutos Alex estava entrando pela porta, com Willie o seguindo meio sem jeito, os cabelos de ambos úmidos. Ao menos alguém estava seguindo em frente ali, Reggie teria pensado se estivesse de fato raciocinando. Alex correu até Reggie assim que o viu no chão, sangue saindo de um corte fino em sua bochecha, os cacos de vidro do copo espalhados por todo lado. O barista havia realmente tentado colocá-lo de volta na cadeira, mas Reggie não tinha sido de grande ajuda.

   - Reg, o que... O que aconteceu? - Alex passou a sustentar o corpo do moreno quando chegou onde ele estava.

   - Me leva pra casa? - A voz de Reggie era baixa, quase uma súplica.

   - Claro, Reg, claro - Alex balançou a cabeça em concordância, sentindo um frio estranho na barriga pelo estado do amigo. - Você consegue andar?

   - Talvez não seja uma boa ideia... - Advertiu o barista.

   - Ok... Willie, você pode me ajudar aqui?

   Willie logo estava lá, sustentando Reggie de um lado enquanto Alex fazia o mesmo do outro. Eles o deixaram no banco de trás do carro, Alex assumindo a direção e Willie indo ao seu lado, as mãos dadas. Aquele simples gesto trouxe sentimentos estranhos para Reggie, mesmo com a névoa provocada pelo álcool. Luke e ele faziam a mesma coisa. Então Reggie não quis mais ver e se torturar e fechou os olhos. Quando Alex e Willie perceberam, ele já tinha adormecido.

Talking To A Memory| RukeOnde histórias criam vida. Descubra agora