Capitulo 37

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Matheus narrando***

Nunca vi a favela tão tranquila como nesses últimos dias, chega até ser preocupante, mais se por acaso acontecer alguma parada, nada que um tiro na testa não resolva.

Depois do acidente voltando da praia, minha única missão é descobrir quem seguia a gente, e eu tô quase chegando no comédia.

De acordo com os dados dos meus vapores, são três homens do comando vermelho, uma mafia. Eles querem me trombar pra saber porque matei o Maycon, nem eu sabia que aquele canalha fazia parte do time deles, e agora eu tô fudido, quando você mata um deles ou você entra no lugar ou morre do jeito que o Maycon morreu.

Eu tô dando o meu jeito, tentando trocar umas ideias com eles, mais segundo o Iago eles não querem conversa, querem minha cabeça numa bandeja de ouro.

E isso de certa me deixa mó neurótico, só penso na minha quebrada, na minha mulher, minha irmã e o resto da comunidade.

Agora tô indo pra boca resolver uma parada que também tá me deixando grilado, ontem a noite ouvi boatos de que o Luís tá rondando minha quebrada, o padrasto da Kethlyn, ela não sabe e por enquanto pretendo nem contar, a mina já passou por muita coisa, e não quero que saiba que o padrasto tá rondando ela.

Deixei minha baixinha dormindo lá em casa, peguei minha nave e desci pra boca principal, desço da moto e comprimento geral.

- Como tá as vendas aí paçoca? - cruzo os braços perguntando pra um dos melhores vendedores que tenho

- Tudo no esquema chefe, as vendas aumentaram na barra - deu um pausa fechando um saquinho de cocaína - Dava até pra abrir outra boca lá em cima

- Boa ideia, vou desenrolar essa fita aí - faço um toque com ele - Sabe do Miguel?

- Vi ele a última vez lá perto da praça patrão - um vapor diz

- Beleza, qualquer coisa chama no radinho - dou um tchau geral e monto na minha moto de novo

Fico dando uma passeada na favela, vendo o movimento e tava só alegria, me sentia na paz vendo o povo da comunidade sorrindo, sem estresse.

Colo na pracinha e vejo de longe Miguel trocando ideia com um moleque que chorava. Desço da moto e vou até lá.

- Qual fita?

- Moleque tá sozinho em casa desde ontem, a mãe saiu pra trabalhar e não voltou mais - Miguel diz

- Qual o nome dela? - pergunto

- Vitoria - diz o menino chorando

- O que tá acontecendo aqui? - diz uma voz feminina atrás de mim

Me viro e dou de cara com uma mulher que tinha mais ou menos 38 anos, morena do cabelo cacheado curto, tava com uma cara péssima de quem não dormiu a noite toda.

- Maeee - o menino vai correndo e abraça a mulher

- Você é mãe dele? - Miguel pergunta

- Sim porque?

- Moleque chegou em mim chorando, desesperado falando que desde ontem você não chega em casa, posso saber onde tava? - Miguel cruza os braços

- Sou enfermeira rapaz, e ontem foi meu plantão, eu avisei meu filho que iria demorar - diz ela mostrando seu uniforme azul

- E porque não deixou o menino com alguém? - pergunto, o moleque tinha no máximo 6 anos

- Não tenho ninguém TH, sou só eu e ele - ela faz uma pausa - Mais agora preciso entrar, tenho casa pra limpar e um filho pra cuidar com licença - ela pega o menino pelo braço e entra na casa passando pela a gente

Uma Atração Perigosa IIOnde histórias criam vida. Descubra agora