𝗠𝗶𝗹𝘀𝗼𝗻'𝘀 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 𝗼𝗳 𝘃𝗶𝗲𝘄.

Maldita hora para isso acontecer, MALDITA HORA. De repente senti muita vontade de ir ao banheiro, e não é aquela vontade suportável, é aquela que se você não for para o banheiro na hora você se caga ali mesmo. Eu morro de nojo dos banheiros do colégio, os garotos são verdadeiros ogros, mas nessa situação eu não tinha outra opção. Meu quarto fica no terceiro andar, e eu não aguentaria mais nem um minuto.
Corri para o banheiro masculino e me tranquei na primeira cabine que vi, e me sentei no vaso rapidamente aliviado. Observei as paredes rabiscadas da cabine.

— "Jukyung é uma vadia boqueteira"? Fala sério.

Suspiro e olho para a hora no relógio em meu pulso. Após ter acabado de fazer minhas necessidades, olhei para os lados procurando pelo papel higiênico.

— Mas que porra... Cadê esse caralho?!

— Está tudo bem aí?

Ouço uma voz desconhecida vir do outro lado da cabine, fazendo meu coração acelerar.

— E-está! Está sim

— Ah, certo.

Ouço os passos da pessoa se afastando. Eu sei, eu poderia ter simplesmente pedido para que ele conseguisse papel para mim em uma outra cabine, mas seria vergonhoso demais, imagine se a pessoa me conhece? Pedir isso seria suicídio social.
Mas ainda assim, eu sabia o que fazer, eu não poderia simplesmente sair daquele jeito. Olhei para os meus pés, observando minhas meias brancas por alguns segundos. Era minha única solução.
A esse ponto, o que eu tenho a perder? Talvez esse seja uns dos tais "obstáculos da vida" que a mamãe disse que eu teria que vivenciar.
Tirei um dos sapatos pretos que fazem parte do uniforme da escola, e em seguida tirei minha meia rapidamente.
Sem pensar duas vezes levei a meia até onde você já sabe, e assim me limpei.
Após isso joguei a meia no lixo e causei meu sapato sem a meia. Eu não iria sair pela escola carregando uma meia toda cagada, eu não sou maluco.
Puxei a descarga e saí da cabine me direcionando a piá do banheiro. Passei sabonete nas mãos e as esfreguei bem enquanto olhava para o meu rosto no grande espelho em minha frente.
Enxaguei as mãos e então finalmente saí daquele banheiro imundo, fingindo que nada havia acontecido.

Caminhei até o prédio onde ficavam os dormitórios e subi até o terceiro andar pelas escadas, já que ainda não haviam concertado o elevador (aquele elevador está em manutenção vão fazer dois anos).
Ao ver o corredor do terceiro andar vazio, peguei meu celular e comecei a mandar um áudio para minha amiga Babi, até porque a porta do meu quarto era logo a frente.

— Tu não sabe o que acabou de acontecer! Eu tinha acabado de chegar e do nada eu senti uma dor de barriga muito forte, e eu não tive escolha a não ser ir no banheiro dos meninos, e foi uma experiência horrível porque o banheiro é nojento, fede, e... eles são porcos! Ai, é imundo! Nojento! É horrível! Mas eu não ia conseguir chegar no banheiro do meu quarto... Porque aquela porra fica no terceiro andar! Ah... Eu fui, e tudo mais — Estava tão focado contando da situação para Babi, e automaticamente entrei no quarto sem nem olhar para os lados. —
E quando eu fui me limpar, NÃO TINHA PAPEL HIGIÊNICO! E eu tive que me limpar com a minha meia! A MINHA MEIA!

Soltei o botão de gravar e então enviei o áudio, em seguida desligando o celular e então suspirando.
Porém, quando eu olhei para frente, meu mundo caiu.
Havia um garoto, provavelmente meu colega de quarto, sentado na cama em minha frente me observando sem nenhuma expressão.

𝘀𝘄𝗲𝗲𝘁 𝗶𝗹𝗹𝘂𝘀𝗶𝗼𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora