Início de férias

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— Eu já disse senhorita Bakugou, você não irá participar dessa aula.- o professor repetia para a garota de cabelos rosas e curtos.
 
— Por que? - a beta perguntou cruzando os braços e não aceitando aquilo. A turma inteira olhava para eles, Akane era famosa por se meter em confusão.
 
— Somente alfas conseguem fazer essa aula. - o mais velho dizia tentando manter a paciência. — É um pré-requisito, está na ficha.

Porém, o que aquele professor não sabia, era que Bakugou Akane não tinha recebido aquele sobrenome com grande significado por nada.
 
— É um pré-requisito não obrigatório. - rebateu tentando manter a calma. Podia sentir todos os feromônios da turma, inclusive o do professor. A pressão na sala era grande. Estavam lhe menosprezando.
 
— Já chega disso, agora saia da sala.
 
Akane estava irritada, muito irritada. Então usou sua quirk, todos aqueles feromônios se tornaram tão pesados que muitos alunos gemeram, estavam com o rosto contra a mesa de estudos. O professor era o único que se mantinha em pé, apesar de ser difícil para ele.
 
Suspirando, a mesma deu meia volta saindo da sala de aula. A medida que se afastava, sua habilidade se tornava mais fraca sobre os alfas da sala. Ela foi para fora do colégio, precisava ir para casa e esfriar a cabeça. Tendo seus quase dezessete anos, Akane estudava na grande e renomada escola de super heróis do continente americano. E para seu grande orgulho, ela estudava como bolsista indicada direta do herói Dynamight.
 
Quando decidiu estudar, Bakugou deixou bem claro que não pagaria seus estudos se a mesma tinha total capacidade de conseguir uma bolsa. Então ele a treinou incansavelmente, noite e dia, a ensinou a ler e falar em inglês. Bakugou não exigia seu máximo, ele exigia mais do que isso e Akane ultrapassava os próprios limites. E isso aconteceu até o dia da seleção. No início, Akane não gostou e achou que Bakugou queria apenas lhe maltratar, mas percebeu que ele a estava ajudando. Ser uma beta estrangeira que conseguia tudo só pelo fato de um grande herói pagar para ela, seria um prato cheio para fofocas sem fim. Sem dizer que conseguindo tudo por seu próprio esforço, elevava sua confiança.
 
Chegando no portão de entrada da escola, Akane encontra Tatsuo, outro beta como ela que tinha a individualidade de canguru, o mesmo era capaz de ter qualquer habilidade de um canguru, além de atualmente estar melhorando suas habilidades de luta corpo a corpo. Tatsuo assobiava para avisar sua presença e a rosada estava acostumada com isso.
 
— Já sei, negaram novamente sua participação no curso. - o garoto que tinha a mesma altura de Akane, um corpo atlético, olhos castanhos e cabelo em tons claros, arrumava sua mochila começando a andar lado a lado com ela.
 
— Somente porque sou beta, eu vou mostrar para ele que betas também podem se igualar a um alfa. - dizia determinada.
 
Há anos ela alimentava esse ressentimento contra alfas e ômegas, e Bakugou lhe dava pratos cheios de motivos para que continuasse a pensar assim. Isso fazia com que ela treinasse e estudasse ainda mais.
 
— Conte comigo, não quero perder a chance de melhorar minha habilidade.
 
Com cada um indo para uma direção diferente, Akane seguiu seu caminho rotineiro para o apartamento que vivia. Tatsuo era um amigo legal, mas temia Bakugou ao ponto de evitar acompanhar Akane, ou até mesmo de fazerem trabalhos na vasa um do outro.
 
Quando chegou no predio onde vivia, passou pelo portão cumprimentando o porteiro e subiu para o último andar. Eles moravam na cobertura e tinham muitos luxos... luxos esses que eles usavam ao máximo. Akane entrou deixando os calçados na entrada, mesmo morando em um continente americano não perdeu alguns costumes japoneses e também ter um pai tradicional ajudava nisso. Na entrada havia uma sapateira e um cabideiro, ela se apressou em adentrar ainda mais o apartamento que se abria em uma sala grande. O carpete era cinza e toda a mobília combinava em tons de branco.
 
Não havia nenhum toque pessoal ali, nem mesmo na cozinha e na varanda. Nada de desenhos, fotos, vasos com plantas ou sequer canecas personalizadas. Mas havia algo que não tinha em nenhuma outra residência, umidificador de ar com os feromônios de Bakugou. Cada centímetro da cobertura era infestado com o cheiro de caramelo para ajudar Akane, ela via os feromônios que ajudavam ela a notar os móveis da casa para que não batesse neles.
 
Com rapidez Akane foi para o quarto, guardar seus materiais e tomar um banho quente. Seu quarto também tinha umidificador de ar com os feromônios do alfa loiro, ela podia identificar com clareza sua cama, computador e muitos objetos pequenos também. E tinha uma estante grande cheia de porta-retratos, muitas das fotos eram de seus amigos no Japão, algumas eram dela com Bakugou em alguma premiação. Bakugou nunca perdia os eventos escolares dela. E foi ele quem fez aquela prateleira.
 
Quando terminou de se trocar após o banho, começou a fazer a lição e depois descansou antes de preparar o jantar. Ainda estava no meio de semana, o que significava que seu querido pai chegaria mais tarde por ter que treinar alguns estagiários.
 
Agradecia por Bakugou ter dado a ela uma chance de arrumar seus erros e seria eternamente grata pelo mesmo tê-la adotada. Logo nos primeiros meses ele a obrigou a ver uma psicóloga, as vezes ele a acompanhava. E graças a isso conseguiu se adaptar melhor, podia encarar o passado sem se encher de culpa ao ponto de ficar depressiva. Bakugou não era um pai carinhoso, mas tinha seus momentos de pai protetor.
 
Akane terminou de fazer seus deveres e foi em direção a cozinha começar a preparar o jantar, seu relógio despertou marcando oito e meia. Seu celular era programado para fazer tudo por comando de voz. Prendendo o cabelo em um coque alto, ela começou a separar os ingredientes assim como fora ensinada pelo alfa e deu início a refeição da noite, o prato preferido dos dois, curry apimentado. Não era difícil cozinhar, já que podia ver a maioria dos objetos.
 
Tinha se passado algumas horas, o relógio em seu celular anunciou que era nove e quarenta. Akane tinha terminado o curry e estava escutando algum filme que julgou ser interessante, ela começou a fazer muito isso, e usava a imaginação para ver os personagens.  Então ela escutou a porta sendo aberta.
 
— Boa noite. - falou Katsuki fechando a porta e logo tirando seus sapatos e os deixando na sapateira que tinha ali.
 
— Boa noite pai. - ela levantou indo na direção do alfa.
 
Podia sentir que ele estava cansado e ainda surpreso por ser chamado de pai. Foi uma decisão de Akane querer criar um vínculo mais forte com Bakugou. A psicóloga lhe apoiou e o alfa não se negou a isso. Ficava feliz com isso e sabia que Bakugou também. Chegando mais perto, Akane tentou abraça-lo, mas foi impedida quando Bakugou segurou seus pulsos.
 
— Não me abrace, estou sujo. - avisou se afastando e indo para o próprio quarto.
 
Bakugou era muito organizado e meticuloso, coisas assim eram bem comuns. Mas Akane ainda insistia em fazer isso a cada dia. A verdade era que Katsuki havia deixado Akane se aproximar demais, ela era carinhosa e o fez se acostumar com isso. Ele nunca imaginou que uma adolescente de dezessete anos iria quebrar sua armadura de indiferença, aos poucos ele retribuia esse carinho que ela tão docemente lhe dava.
 
Quando voltou para a cozinha, Akane havia preparado a mesa para o jantar, e Bakugou deixou que a beta lhe desse um abraço. Desta vez ele retribuiu com um beijo no topo de sua cabeça antes de sentarem para o jantar.
 

Código Vermelho: O Assassino de AlfasOnde histórias criam vida. Descubra agora