O girassol

Aproximação e afastamento

                     É fim de tarde em Varsóvia, Kwue se senta embaixo de um pé de carvalho, perto de onde Margareth havia regado as plantas, para ver o pôr do sol como é de costume. Enquanto observava os raios alaranjados que o encantava de repente escuta passos vindo em sua direção, sem se preocupar continua admirando a paisagem. Até que o som e a velocidade dos passos aumentam, ele coloca a mão na pistola que estava do seu lado, de modo a se prevenir. Porém ele olha para o lado e ver que essa pessoa parou ao seu lado, Kwue olha para o chão e ver um pé pequeno, mais ou menos número 35, aparentemente com pele macia e com unhas bem cuidadas. Logo, rapidamente Margareth vem a sua mente, e ao olhar para cima ele tira a certeza do seu pensamento.

                    Lá estava ela sempre com sua forma dócil e gentil de ser. Kwue se levanta e olha para os olhos da moça que estavam mais brilhantes devido aos raios solares, então ele, coloca a sua mão sobre o rosto dela sentindo a maciez e delicadeza da pele de Margareth. Ela, por sua vez, coloca a mão sobre o braço de Kwue e olha para seus olhos, dando um leve sorriso cerrado, destacando as meigas covinhas na sua bochecha.Por não falarem a mesma língua palavras não são trocadas. Mas sentimentos, claramente, são trocados. Kwue desce a mão até a cintura de Margareth a puxando para perto de si. Uma troca de olhares sincera e acontece, e então Kwue, um pouco inseguro, mas com o olhar de Margareth confirmar o seu desejo, então ele a beija. Após o beijo e ainda com Margareth colada em seu corpo, Kwue sorrir para ela, a felicidade dele era contagiante, que pela primeira vez Margareth dá uma gargalhada e não apenas um sorriso, a emoção estava no ar.

                  A noite aparecia a lua iluminava e ambos seguiram seus caminhos.

                 19:00. Após jantar e tomar banho Kwue se deita e fecha os olhos para dormir, e imagem de Margareth se forma novamente em sua cabeça, agora de forma mais nítida os olhos cintilantes e o rosto simpático da moça se formavam na mente do rapaz.

                 Toc toc. Alguém bate na porta do quarto de Kwue.

                 Cambaleando ele se levanta e abre a porta e se depara com o capitão Klaus Meneger, dois metros de altura, porte físico definido e olhos castanho escuro. Com um olhar sério Klaus fala:

                -Soldado você deve partir amanha cedo para o gueto de Cracóvia, pois os prisioneiros se revoltaram e estão atacando os nossos.

                -Mas eu...

               -Mas eu nada, não vim para perguntar se você quer ir, eu vim afirmar que você vai.

               Rapidamente a expressão muda e a inconformidade está estampada em seu rosto. O silêncio fica no ar, então, o capitão se retira e Kwue vai novamente se deitar.

               5:20 o sol nasce em Varsóvia. Kwue se levanta para ir fazer a barba pega a navalha e coloca a lâmina, com raiva devido a sua nova missão ele pega a navalha a joga no lixo, sai do banheiro sem fazer a barba e vai tomar café da manhã. Kwue se senta na mesa e, amarguradamente, começa a se alimentar. O capitão Klaus, notavelmente nervoso, interrompe o café e ordena que todos os convocados para o gueto de Cracóvia fossem para tal missão agora. Incrédulo e ainda com fome Kwue se levanta e vai rapidamente para o quartel antes de todos os convocados irem.

                Com pressa para chegar a afim de encontrar com Margareth ele corre.

                Kwue, nitidamente desesperado, entra na cozinha procurando Margareth ela não estava lá, ele fica nervoso e apoia os braços em cima da mesa, abaixando a cabeça. De repente um toque sutil no seu ombro é sentido, ao virar o rosto ele ver Margareth. Sem ter como falar que vai ter que ir embora, ele passa a mão no cabelo dela e respirando tenso, acaricia seu rosto demonstrando uma expressão de dúvida. Ela então percebe o clima te tensão e puxa Kwue para si, olhando no seu olho, de modo que que a feição de medo toma conta do ambiente. Afim de acalmar Margareth, Kwue olha para o girassol, o mesmo que ele deu a ela, que estava dentro de um copo com água em cima da mesa e olhando novamente para Margareth, Kwue abraça-a e encosta a sua bochecha na dela. A barba que não foi tirada pela manhã arranha levemente a pele suave da garota, arrepiando-a levemente. Escutando passos dos demais soldados se aproximando, Kwue se afasta sem tirar os olhos dos de Margareth e se retira da cozinha.

             Ao arrumar sua mala Kwue se prepara para sair do quartel. Ao chegar na porta percebe que Margareth estava ali, e sem poder se despedir, devido a presença dos alemães, ele apenas olha rapidamente nos olhos da moça e caminha para seu novo e imprevisível destino.