Girassol

37 3 3
                                    

          21 de outubro de 1940.

          6:00 da manhã e o primeiro sino é tocado para o despertar dos soldados que estão deitados. Em um dia nublado e com uma temperatura de - 10 graus Celsius, Kwue se levanta lentamente coloca a sua farda e vai ao banheiro fazer a barba, que por ondem militar deveria ser tirada todos os dias. Kwue abaixa a cabeça, fecha os olhos e molha o rosto, ao levantar se olha no espelho e novamente, agora de olhos abertos, ver o reflexo daquela dócil garota de olhos marcantes. Justificavelmente, toma um susto e se corta com a navalha que estava em sua mão, o sangue desce de forma mais rápida que o comum, talvez pela sensação de medo e insegurança ao se ver '' perseguido'' pela garota. Rapidamente estanca o sangue com um curativo.

          Ao sair do banheiro, espantado, sente um cheiro bom e diferente de chá vindo da cozinha, rapidamente, aquieta os ânimos.

          Contente com tal sensação e pensativo por um odor novo e acolhedor, Kweu vai para a cozinha e se depara com a moça em que viu anteriormente. Paralisado e sem graça ele a cumprimenta abaixando a cabeça como sinal de respeito, atitude pouco usual dos soldados nazistas. E a passos lentos e desordenados Kwue se aproxima de Margareth e chegando bem perto dela estende a mão passando bem perto do macio rosto da moça. Notavelmente uma nova troca de olhares foi realizada, em alemão Kwue fala:

          -Com licença.

          E pega o chá que está ao lado dela. Ao retornar o braço Kwue passa a xícara de chá quente levemente perto de Margareth, de modo que a fumaça esquentasse a sua bochecha dela. A fumaça deixou o rosto da garota rosado, pois ela possuía uma condição chamada Rosácea que qualquer calor perto de seu rosto o tornava mais rosa que o normal. Fato que deixou o Kwue ainda mais encantado pela sensibilidade da garota.

          O som de maçaneta girando interrompe o momento em que Kweu estava tendo com Margareth, surpreso, ele vira e percebe a presença do seu supervisor, tenente Ravner, o mesmo que o acompanhou um dia, se afastando da moça e se direcionando a ele.

          -Heil, Hitler. (cumprimento padrão entre o exército nazista)

          -Olá, soldado.

          -Tenente estava ensinando a prisioneira a como fazer o chá para os nossos nobres guerreiros. (Margareth olha para Kwue se sentindo perdida com diálogo, pois não entendia alemão)

          -Pois não parece soldado, achei que você estava namorando a moça (risada irônica).

          Se aproximando de Margareth o tenente estende a mão e pega a cintura da moça, que suspira forte com medo. De repente Kwue com força coloca a mão no braço de Ravner, interrompendo o momento cruel que estava por vim, e diz:

          -Tenente o capitão Klaus disse que todos que estão estabelecidos nesse quartel chegassem cedo para a reunião após o café.

          -Ah, sim, claro. Vamos.

          Com o chá frio e agora com gosto amargo, Kwue se retira, desapontado, da cozinha olhando para o chão, envergonhando, com a situação passada. Margareth de certa forma em sua face estava marcada a expressão de agradecimento para com Kwue, perdendo totalmente o receio para com o rapaz.

          12:00. Horário de almoço no gueto de Varsóvia. Apenas farinha de milho e água são dados para os prisioneiros que já se encontravam famintos.

          Já os soldados se sentam à mesa esperando que as domésticas tragam o alimento. E assim vai, de soldado em soldado, as prisioneiras vão distribuindo o almoço. Kwue, sentado e com o estomago roncando, nota a presença sutil de uma pessoa se aproximando e para sua surpresa era ela - Margareth-. Ao servir Kwue a moça encosta levemente sua perna sobre a do rapaz, abaixando a cabeça, ela deixa o seu pescoço de frente para o rosto de Kwue, que desvia o olhar. Respirando fundo para não perder a sua postura ele agradece em alemão a mulher pelo almoço.

          -Obrigado.

           Rapidamente o batalhão todo olha para Kwue e riem da situação, achando eles que o rapaz agradeceu de forma a zombar da garota. Ele, então, sem graça, deu um leve sorriso de lado.

           Após o almoço era comum os soldados descansarem para as estarem dispostos para a próxima atividade ou missão que irão realizar.

           Kwue costumava descansar depois do almoço sentado no jardim, observando as flores. Chegando ao local o soldado nota que Margareth estava regando as plantas, então ela o olha amigavelmente, ainda como forma de agradecer por protegê-la mais cedo. Ele notando a receptividade da moça caminha a passos lentos em sua direção. Ao chegar bem perto ele pega um girassol, que ela estava regando, e com toda delicadeza coloca-o na orelha de Margareth. Ela, por sua vez, agradece dando um sorriso tímido e cerrado, mas que encantou Kwue devido a suas sutis e graciosas covinhas nas bochechas.

         Kwue, então, olha para os olhos brilhantes da moça, respirando fundo vai embora, feliz pelo momento. Margareth sem reação e surpresa com o que havia acontecido pega o girassol e cheira-o, porém o cheiro foi diferente de um girassol normal, a sensação era de ter recebido um abraço acolhedor e demorado, que simbolizava de certa forma a liberdade e a segurança que um dia poderia vim.

         Mais tarde, Margareth chega à cozinha e coloca opresente recebido em um copo de água e deixa-o em cima da mesa, enfeitando ealegrando o local dramático que ela passava praticamente todo o dia.

O girassolOnde histórias criam vida. Descubra agora