Meu subconsciente

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O carro de Yunho deslizava pela pista bem asfaltada, e ele dirigia concentrado. O relógio grande no pulso lhe dava um ar de playboy, e os cabelos negros bem penteados para o lado o deixavam mais bonito do que o usual. No banco do passageiro, eu segurava o cinto de segurança com ambas as mãos, procurando um apoio para meu nervosismo. Repito, no banco do passageiro. Quando ameacei entrar atrás, o Jeong simplesmente abriu a porta da frente como um convite, sem falar uma palavra, e eu me senti um pouco eufórico ao pensar que aos poucos estava me tornando uma pessoa relevante em sua vida.

Estávamos indo para a KQ Entertainment, empresa responsável pelo grupo de Choi San, pois o Jeong havia sido chamado para a segunda fase da entrevista de emprego. Tive que pedir várias vezes para que ele me deixasse vir junto, e mesmo que fosse só pra ficar na sala de espera o aguardando sair, eu ficaria feliz. Não era todo dia que surgia a oportunidade de entrar num lugar daqueles. Estava especialmente animado pela possibilidade de encontrar algum idol que admirava lá. Mas isso Yunho não precisava saber.

E falando de coisas que ele não precisava saber, me lembrei da sua reação ao contar sobre o que havia acontecido no trabalho com Choi Jongho. Demorou para que eu tomasse coragem e finalmente falasse. Seus pedidos de desculpas me confundiram de primeira, depois me ocorrendo que ele supôs que meu choro vinha da maneira como ele havia falado comigo. Ele passou a dizer que iria controlar mais seus ímpetos de estresse, prometendo que teria mais cuidado para que isso não acontecesse novamente.

Eu estava uma bagunça, soluçando enquanto tentava explicar que não tinha nada a ver com isso, e sim com algo que havia ocorrido mais cedo. E enquanto eu contava, pude ver como sua testa se enrugou e sua expressão se tornou furiosa. E lá estava seu surto estressado novamente.

– Eu vou quebrar a cara daquele desgraçado. – Foi a primeira coisa que disse, se virando e indo a passos largos em direção à porta. Tive que correr atrás de si e o manter no lugar com um abraço enquanto ainda não havia conseguido impedir que mais lágrimas caíssem.

– Não vai. – A forma como os arfares súbitos causados pelo choro atrapalhavam minha fala fazia eu me sentir um idiota, tentando de qualquer maneira me acalmar na marra. – Você precisa... ficar.

Não queria que ele entendesse mal. Que de alguma forma minhas palavras significassem algo mais, que eu sabia que ele não desejava. Mas, para meu alívio, ele respirou fundo. Uma, duas, três vezes, enquanto eu me agarrava em sua blusa como uma criança. Acabei descansando a cabeça em seu ombro, colado em si como se ele fosse a única coisa que me mantivesse de pé.

E ele permitiu que eu ficasse assim. Não me abraçou mais, porém me confortou simplesmente por estar ali.

Agora estávamos a caminho de um futuro até então incerto para sua carreira. Mais do que nunca, torcia para que desse tudo certo e ele finalmente pudesse parar de se exaustar dia e noite. O clique do seu cinto me trouxe de volta a realidade, e copiei seu movimento.

Antes que ele pudesse abrir a porta do carro, toquei sua mão, fazendo-o se virar para mim. Me inclinei em direção ao seu assento, chegando perto o suficiente para poder lhe deixar um selar nos lábios rosadinhos. Iria me afastar no mesmo instante e desejar boa sorte, mas suas mãos envolveram meu pescoço e me seguraram ali, aprofundando o beijo.

Uma coisa que havia aprendido sobre o Jeong desde as primeiras vezes em que nos relacionamos é que ele trata o beijo como se fosse algo rotineiro. Me beijava a qualquer momento que tinha a oportunidade, e para ele, não parecia ser nada demais. Infelizmente, meu coração não sentia a mesma coisa e disparava feito um louco toda vez que aqueles lábios encontravam os meus; o que acontecia com certa frequência.

insolente - yungiOnde histórias criam vida. Descubra agora