Quarta cena: Escritora Luciana Falcão

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Livro: Sob o nosso cajueiro

Durante o forro ...

“—Vamos ver se você também dança.
E foi assim que ele ganhou meu coração. Não tive nenhuma chance, fiquei sem defesa. Ele me puxou tão rápido que não pude escapar. Logo me vi presa em seus braços. Uma das mãos na minha cintura, colando meu quadril no dele. A outra mão, segurando na minha nuca. Olhou nos meus olhos e começou a sorrir. Fiquei paralisada, fui conduzida em passos agitados e um tanto... sensual. Acho que até parei de respirar. Ele conduziu aquela dança até o final. Quando a música parou, ele me girou e puxando pela minha mão, saiu andando para fora da multidão.”

Após o forro, em casa...

“—Até quando vai esconder o que sente?

—Não sei do que está falando.

—Sabe sim. Confessa.

—Não sei não. —Comecei a tremer.

—Eu percebi como você ficou, quando a gente dançou.

—Não aconteceu nada de mais.

—Sabe que aconteceu e está acontecendo agora.
—Não sei...

Fui interrompida com um beijo. Não qualquer beijo, mas aquele que te desliga da realidade por completo. Ele tirou as mãos do capô e segurou meu rosto, colou os lábios nos meus e enfiou a língua na minha boca. Foi estranho e gostoso ao mesmo tempo. Senti meu corpo estremecer, como se fosse perder os movimentos das pernas. Provavelmente, ele percebeu. Com uma das mãos ele me segurou pela cintura e me apertou em seu corpo. Pode até parecer mentira, mas foi o meu primeiro beijo. Acho que eu devia ter começado com algum selinho roubado, com um pouco menos de idade, algo bem mais simples e inocente.

Mas, quis o destino que eu fosse pega de surpresa e daquele jeito, sem chances para desistir, dar para trás. Foi uma experiência nova, interferiu com músculos que eu desconhecia em meu próprio corpo. Algo dentro de mim pulsava forte e não era apenas o meu coração. Um misto de sentimentos. Prazer, vergonha, medo, euforia. Comecei a pensar que se o primeiro beijo foi daquele jeito, não podia imaginar como seria minha primeira vez com um homem. E se fosse aquele dia? Fiquei aterrorizada e parei. Interrompi o beijo.

—Espera! —Coloquei as duas mãos no peitoral dele. —Desculpa. —Tirei.

—O que foi? Fiz alguma coisa errada?

—Não... quer dizer... não posso.

—Não pode o quê?

—Fazer isso.

—Mas, foi apenas um beijo.

—Não foi apenas um beijo. —Saí andando.

—Espera. —Veio atrás de mim. —Vamos conversar, não precisa fugir.

—Não estou fugindo.

—Está sim. —Parou na minha frente. —Sempre foge quando fica sério.

—Não é isso...

—Então o que é, fala de uma vez.

—Não devia ter sido assim.

—O que não devia ter sido assim? Nosso beijo?

—Sim.

—Calma, foi apenas um beijo.

—Não foi apenas um beijo.

—Acho que foi sim, não fizemos nada de mais.

—Pra você não foi nada. —Continuei andando.

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⏰ Última atualização: Jan 20, 2022 ⏰

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