Eu não era o suficiente, a final, nunca fui. Eu estava ali o tempo todo ouvindo o som do gargalhar das pessoas rindo, e eu estava ali apenas olhando tudo. Até que eu decidi falar algo e outra pessoa falou por cima, fui notando que ninguém estava prestando atenção, fui abaixando a voz até ninguém a notar, e fiquei ali, apenas ouvindo.
Por trás de cada pessoa ali poderia ter um coração ferido, por trás de cada roupa de frio poderia ter um coração destroçado, nem tudo é realmente o que parece, porque o que vemos sempre poderá ser apenas uma ilusão.
Um ano depois
Acordo com o som do despertador, como se não bastasse a merda que minha vida é, ainda tenho que ir para a escola. Calma Clara, falta apenas mais um ano. Levanto-me contra vontade e vou para o banho. Me visto com uma roupa quentinha, pois estamos em um inverno rigoroso aqui em Londres.
Desço às escadas correndo para arrumar meu material, e como apenas uma maçã, não tenho muita fome de manhã, e vou esperar o ônibus da escola.
-Bom dia Sr. Rodrigues - comprimento o motorista.
-Bom dia Srta. Mendes
O ônibus sempre está vazio quando chega, o que é bom, pois sento bem no fundo e ponho meus fones de ouvido. Aos poucos ele vai ficando cheio de rostos familiares, mas também desconhecidos. Alguns até me cumprimentam com um: "bom dia" ou apenas um "oi".
Quando chego vou para a minha aula do primeiro período, literatura. Eu gosto da matéria. Saio de meus pensamentos quando meu parceiro de mesa se senta ao meu lado:
-Bom dia, Clarinha!
-Bom dia, Henrique! -Não sei de onde ele tira tanta disposição de manhã.
-Tudo bem? - Pergunta. Ele é meu único amigo.
-Ah, o mesmo de sempre. Uma merda!
-Vai melhorar ruivinha! - Diz bagunçando meu cabelo.
-Ok, turma abram os livros na página cinquenta e nove e respondam as questões do um ao seis. Para hoje.
E assim começamos nosso dia! Lição, lição e mais lições.
Quando bate o sinal começo a arrumar meu material e espero Henrique, nossa próxima aula era educação física, e depois só teríamos a última aula juntos. Fomos andando devagar para o ginásio, Henrique sempre tinha o costume de andar com o braço sobre meus ombros, o que é muito fofo, já acharam que éramos namorados. Nos conhecemos no primário, ele estava correndo e caiu bem na minha frente, o que foi muito engraçado, eu o ajudei, e desde então somos amigos.Quando chegamos ao ginásio fomos para o vestiário colocar o uniforme. Para aquecer o Sr. Chinaski nos fez pagar cinco suicídios, que é basicamente dar voltas correndo pela quadra, e a cada volta fazer 10 polichinelos. Depois tiramos no jokempô o que iriamos jogar, vôlei ou futebol, foi melhor de três e nas três o vôlei ganhou, é mais fácil jogar queima só que ninguém gosta.
Depois da aula de educação física, Henrique me levou até a sala de biologia e me deu um beijo na testa, e eu fiquei olhando-o se afastar, tenho que admitir ele é muito lindo, mas é meu amigo e tenho sempre que ficar me lembrando isso, para não cair em tentação.
Entro e me sento no fundo da sala e fico esperando a professora chegar, depois de dez minutos a professora Dalloway chegou apressada com os cabelos ondulados presos em um rabo de cabalo folgado, sua camiseta cinza estava manchada por café na altura do umbigo, ela ficou cerca de três minutos organizando sua papelada, de vez em quando ajeitava os óculos ao rosto. O intervalo e pareceu uma eternidade pra chegar. Quando o sinal tocou fui para a mesa que sempre sento com Henrique e seus amigos.
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Por que eu?
General FictionVoce está enganado se pensa que princepe encantado realmente existe, isso não passa de mero conto de fadas, onde a menina que é a excluída da turma se apaixona pelo garoto popular e eles se apaixonam. Há sim histórias reais sobre isso, mas é uma em...