Capítulo 2

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Acordo com uma pressão sobre meu peito, tento me levantar, mas é em vão, então abro os olhos para ver o que me impede e me deparo com Henrique ainda dormindo atravessado na cama e com as pernas em cima de mim. Tento tirá-lo de cima, mas falhei miseravelmente, então decidi puxar os pelinhos de sua perna, puxo uma, duas, na terceira vez ele se levanta de uma só vez.

-Está ficando louca garota, isso dói demais! - diz se sentando na beira da cama e passando a mão na perna. Apesar de escuro conseguia ver que o seu cabelo castanho estava completamente bagunçado, acho que nunca o vi com ele arrumado.

-Eu só queria me levantar, mas você estava atravessado em cima da cama e com essas pernas gordas no meu peito. - Faço todo drama que consigo.

-E por que não me chamou? - Deitou novamente já fechando os olhos.

-Você estava roncando igual uma porca com bronquite, fiquei até com medo de você se engasgar.

-Para com isso, eu não ronco- diz me empurrando da cama- agora sai daqui, quero dormir mais.

-Sai você, eu estou no meu quarto- Digo já saindo do quarto, querendo ou não ele merece descansar.

Desço as escadas e vou pra sala e ligo a televisão e conecto na Netflix, para terminar de assistir "Lendas Do Amanhã", já é a segunda vez que assisto, mas é tão boa que acho que nunca mais vou para.

Faço um lanche de linguiça com maionese e um suco de laranja, guardo o do dorminhoco na geladeira pois conheço meu amigo muito bem e sei que quando acordar vai estar morrendo de fome, assisto quase a terceira temporada toda, mas fiquei com vontade de pintar as unhas.

Vou para meu quarto em silêncio, e procuro minha caixa de esmaltes em todo lugar, tentando ao máximo não fazer barulho, saio do quarto nas pontas dos pés e volto para a sala e tento me decidir qual cor pintar. vou a cozinha colocar uma panela de água para ferver.

Decido por fim pintar as mãos de azul escuro e o pé de branco. Assim que a água ferve, a coloco em um balde e então comecei a lixar as unhas da mão, nunca tive muita cutícula, então só empurro com a espátula.

Quando já estou quase terminando de limpar os cantos com removedor, escuto passos na escada, me viro bem a tempo de ver Henrique tropeçar na alça da mochila que largou no terceiro degrau e cair como merda no chão. Aconteceu tão rápido que fiquei alguns segundos sem reação, comecei a ficar preocupada quando ele não fez menção em se levantar.

-Henrique? - Jogo o vidro de acetona na sua cabeça. - Hey!

-Espera eu refazer minha dignidade, por favor! -Diz se deitando de barriga para cima, depois que vi que perigo passou comecei a rir, ri como nunca na vida. - Que maravilha, além de assistir minha humilhação e não me ajudar, ainda fica rindo da minha cara.

- Claro, quem mandou descer a escada com a cabeça começo a rir mais e me levanto para ajudá-lo - anda, vem!

- Achei que nunca ia me ajudar- se senta no sofá. Quando olho melhor seu rosto, vejo que tem um corte em seu supercílio - O que foi?

- Seu rosto está machucado, acho que vai precisar de ponto - inclino a cabeça para o lado.

- Que? Aonde? - Passa a mão no rosto, o vejo fazer careta quando encosta no machucado - merda, agora está doendo, vem vamos no médico - se levanta e começa a procurar algo, suponho que seja a carteira.

Subo as escadas correndo e coloco uma rasteirinha, pego um casaco pois sempre faz frio no hospital, pego a bolsa e desço novamente.

- Vamos? - Vou em direção da porta.

Por que eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora