Mikaela

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A semana passou ligeira, já era sexta-feira e tudo ia muito bem, atendi muitos clientes novos e estava ficando com minha agenda cheia, sinal do meu bom trabalho, graças a Deus! A turma café como apelidei são ótimas companhias, deixaram a semana mais leve e divertida. Júlia enfim conheceu o Ferir e os dois trocaram várias experiências e truques, não que o Ferit precise - pois ele trabalha desde os dezessete e hoje com quase trinta e oito faz palestras e dá aula, pois ele é o melhor do estado.- E agora conhecendo o seu trabalho de perto vejo o porque Júlia é uma admiradora, seu trabalho é fantástico.

Isaac e Pedro estão se dando super bem, como irmãos por assim dizer, pois não se desgrudam mais na escola e já  marcaram uma noite de jogos na casa do Ferir, pois ele e Ricardo também vão participar desse "corujão" como eles chamam. Já a minha pessoa vai curtir um happy hour com Júlia e Felipe.

Guardei o carro na garagem, hoje vou usar o uber quero aproveitar sem moderação essa noite, subi para o meu quarto para separar a roupa antes de tomar um banho. Separei um conjunto de lingerie de renda na cor vinho para combinar com o cropped e saia da mesma cor. Entrei no banheiro, fiz minha depilação à frio enquanto hidratava o meu cabelo, tomei banho, passei um creme no corpo, vesti a lingerie e fui me maquiar.

Estava terminando de passar o delineador quando escutei um barulho de vidro quebrando, coloquei o roupão abri a porta do quarto para descer ouvi uma voz familiar e congelei.

-Dona Mikaela, sou eu o Guilherme não desça.- falou desesperado - Eu fiz besteira Dona Mikaela e preciso me esconder. Fique onde a Senhora está, de preferência se esconda.

Fechei a porta passando a chave, conhecia Guilherme desde quando me mudei para essa casa com Romero, ele sempre teve a lavagem de carros do lado da minha casa, sempre foi um rapaz tranquilo e nunca tinha feito algo errado até esse momento. Nessas horas me arrependo de não ter um cachorro bem grande como Isaac queria, peguei meu celular e abri o roupeiro, tirei a mala de dentro pus ela debaixo da cama amassando ela para me esconder lá no  roupeiro. Com o celular na mão enviei uma mensagem para Júlia e Isaac pois fiquei com medo de fazer uma ligação e denunciar meu esconderijo.

Eu - Socorro, a casa foi invadida! Estou escondida no roupeiro… chama a polícia pf, não estou brincando.

Julia - Como assim??? Cadê o Isaac???

Eu - Está com Pedro na casa de Ferit.

Guilherme invadiu a casa, ele mandou eu me esconder.

As lágrimas começaram a rolar pois fiquei nervosa tentando imaginar o que esse rapaz fez de tão errado além de entrar na minha casa pela porta dos fundos.

Comecei a ouvir som de vozes abafadas vindo do andar de baixo, e depois gritos desesperados e de dor.

-Eu estou sozinho aqui, a dona saiu faz tempo….. Ai... ai… Eu juro… Só vim para cá porque não tinha ninguém em casa.

Tampei a boca com as mãos para não emitir o som do grito que está se formando na minha garganta me arranhando para sair com o tamanho do desespero que se forma dentro mim,me encolhi mais ainda com o fato de ter mais pessoas dentro da minha casa, pessoas que não conheço e que nem sei ao certo o que estão fazendo ali. Meu celular começa a vibrar e o zunido me faz dar um sobressalto, apavorada desligo a ligação de um número desconhecido - Vê isso é hora do presídio me ligar, devia atender e perguntar como faço para me manter viva numa situação dessas - ponho o celular no silencioso, ouço passos e batidas de porta enquanto tento controlar minha respiração.

As vozes continuam abafadas lá embaixo enquanto alguém tenta entrar no meu quarto, ouço a porta sendo forçada e chutada umas duas vezes antes de ouvir o som de sirenes e freadas de pneus. A pessoa desiste de mim e correu escada abaixo enquanto tiros são trocados pelo que me pareceu horas ou talvez foi segundos até haver um silêncio mortal por uma eternidade ou não, com o pavor que tomou conta mim estou presa num choque o que só consigo sentir as lágrimas que escorrem em minha pernas devido a minha posição, o escuro nunca me deu medo mas a falta dos sentidos e com a audição mais aguçada por causa da curiosidade bem que dizem que a curiosidade matou o gato, posso não ser um gato mas sinto que tive um trevo com o medo, certo que vou ter que trocar a calcinha.

Tatuado em MimOnde histórias criam vida. Descubra agora