Fazia cerca de três horas que eu estava funcionando a base de cafeína. Tudo para dar conta de ler um texto sobre a Segunda Guerra Mundial enquanto tomava nota de cada trecho que me parecia pertinente.
O breu inundava meu quarto e a luz cegante de meu monitor denunciavam o avanço das horas. Estava exausto. Minhas costas estavam doloridas por ficar muito tempo sentado em uma mesma posição, as pontas de meus dedos doíam por escrever múltiplas anotações sem fazer pausas apropriadas e meus olhos estavam cansados.
Suspirei, frustrado.
É dura a vida de universitário. Ainda mais de um que cursa História. Não me entendam mal, amo meu curso, mas essas dissertações são cansativas, tanto que tudo o que mais almejo é jogar tudo para o alto e, sei lá, dormir? Sim, isso é algo que me parece extremamente excitante no momento.
Lancei um olhar cansado para as anotações emboladas, que estavam espalhadas em várias folhas ao meu redor. Acabei por me focar em uma anotação que estava se destacando das demais por eu ter escrito, em letras garrafais, vários xingamentos direcionados aos italianos e sua tendência grotesca a serem "vira casaca" e só ficarem ao lado de quem estava levando a melhor durante a Segunda Guerra.
Um riso murcho acabou por se soltar de minha garganta. Estou realmente cansado, rir de meus próprios xingamentos fervorosos é um grande indício disso.
— Descansar a vista por uns trinta minutos não seria nada mal. — sussurrei para mim mesmo antes de encostar a cabeça na cabeceira da cama.
Tinha que entregar a tal dissertação sobre a Segunda Guerra daqui há dois dias e, bem, digamos que tive alguns contratempos que me impediram de iniciar minhas pesquisas antes. Mas o que seria um descanso de trinta minutos depois de três horas de estudo?!
Pensando nisso fechei os olhos, porém, mal deu tempo de minhas pálpebras repousarem. Assim que preguei os olhos, o som de pedrinhas sendo jogadas contra o vidro de minha janela tomaram conta do quarto.
Se lembram que mencionei que tive contratempos que me impediram de iniciar minhas pesquisas com antecedência? Pois bem, esse contratempo tem nome e sobrenome, e, provavelmente, é quem está jogando pedrinhas em minha janela em plena madrugada. Sim, madrugada! Antes de fechar os olhos vi, no cantinho do monitor do meu velho computador, que já passava da meia noite.
Lentamente me arrastei para fora da cama e, com passos preguiçosos, fui até a janela. Logo avistei a figura familiar com seus típicos trajes pretos, o moleque abriu um sorriso sacana assim que me viu.
— Vim te fazer uma visita, cachinhos de ouro. — E ele ainda tinha a audácia de me chamar por aquele apelido infantil. Em resposta revirei os olhos, mas não contive que um sorrisinho despontasse de meus lábios.
Eu gosto desse garoto abusado, que tem o costume de me perturbar de madrugada ao pé da minha janela e, talvez, esse seja o mesmo garoto que eu chamo de namorado e que vivo trocando uns beijos, nada castos, nas vezes em que exploramos a noite ao som de alguma banda de rock que ele aprecia.
— Estou cansado, Baekhyun. — Esse é o nome do sujeito que tomou posse do meu coração. Byun Baekhyun, um garoto que ama preto e que é dono de um cabelo castanho escuro que vive desgrenhado de uma forma sexy. Aliás, tudo em Baekhyun é sexy, até a forma como ele fala meu nome.
— Até para mim? Você nunca está cansado para mim. — abriu um sorriso convencido antes de enfiar o pirulito, que estava segurando, na boca. Seus olhos felinos se mantinham presos em mim.
Aqui vão dois dos vários atrativos sobre Baekhyun: o magnetismo e a persuasão. Esse cara seria capaz de convencer até uma doce velhinha a assaltar um banco por ele.
— Hoje eu estou. — O provoquei tendo plena ciência de que, mais tarde, ele me faria pagar o preço de tal provocação.
— Ah é? Então você quer que eu vá embora? — seu tom se tornou mais baixo enquanto ele se aproximava mais de minha janela.
Só para esclarecer: Não tinha necessidade de jogar pedrinhas em minha janela. Na verdade, essa é uma artimanha que Baekhyun arrumou para falar comigo de madrugada e não acordar meus pais. Meu quarto fica no térreo da minha casa, portanto, dá facilmente para ele me convencer a convidá-lo a entrar.
Uma vez que o Byun estava próximo a janela, o cheiro de morango, do pirulito, invadiu minhas narinas juntamente com o cheiro amadeirado de sua colônia masculina. Ele, agora, estava há um braço de distância de mim e me lançando um olhar zombeteiro de quem sabe muito bem como aquilo vai acabar.
— Talvez.
— Talvez? Hmm, talvez eu queira ficar, mas, se você não quiser que eu fique, talvez eu não volte amanhã.
— Você é um cretino. — resmunguei e Baekhyun abriu um sorriso metido.
— Só estou com saudades e não quero ser trocado por anotações sobre a Segunda Guerra. — e voltou a colocar o doce na boca.
— Como sabe que estou estudando sobre isso? — Agora eu estava intrigado, não tinha falado para ele sobre o que se tratava meus estudos.
— Você xinga os italianos alto demais. — tirou o pirulito da boca com um estalar. Engoli em seco. Baekhyun era como um demônio e eu me sentia um desesperado para pecar. — Posso entrar?
Como não queria prolongar aquele joguinho de provocação, abri espaço para o sacana entrar e, assim que ele entrou em meu quarto, tomou meus lábios e, mais tarde, meu corpo. Parece que não seria essa madrugada que eu daria início a minha dissertação.
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Should I Stay or Should I go? [ Chanbaek ]
Fiksi RemajaApós um dia exaustivo de estudos, Chanyeol é surpreendido com pedrinhas em sua janela.