O Garoto dos Meus Sonhos - Erwin Smith

Beijo

25 de março de 2022.

Minha data limite.

Caminhei de volta até o carro, um pouco perdida. Não sabia como lidar com isso. Claro que já tinha passado pela minha cabeça que a permanência dele poderia ser temporária, mas não era o que eu queria. Queria que ele ficasse.

- Rosalie, aconteceu alguma coisa? Quem era aquela velha?

Sorri pra ele.

- Era uma senhora que morava no meu interior... fazia tempo que não a via, nem sabia que ela estava na cidade. Enfim, vamos?

Decidi não contar sobre o que descobri pra ele, não ainda. Ele estava muito alegre, feliz demais, não queria estragar sua empolgação com uma "sentença de morte". E queria que ele se mantivesse assim, pelo máximo de tempo possível que ele passasse comigo.

Eu era apaixonada por ele, isso já poderia ter sido notado desde o início, porque a verdade é que eu não bato muito bem da cabeça. Como me apaixono por um ser que não existia, que eu criei a partir da minha imaginação, e desenhei centenas de vezes, fantasiando inúmeros cenários onde éramos um casal perfeito, mas a realidade é que eu sei que caras como ele não se apaixonam por garotas como eu. Ele é perfeito demais e eu sou só... eu.

Não tenho um corpo legal como as outras garotas, e confesso que fui bem desleixada com minha aparência. Agora estou acima do peso, e até eu me incomodo com isso, mas sou acomodada demais, e adoro comer minhas besteiras. Além de que nunca me vi na obrigação de mudar meus hábitos, ser mais saudável e ficar com um corpo legal.

Bom, agora eu tenho um motivo de querer ficar bonita, mas ao mesmo tempo não é motivo bom o suficiente. Poderia dizer que era pra ele, pra que ele me notasse, mas não acho que isso seria o suficiente. Não acho que eu seria suficiente.

Desviamos o caminho da viagem para o supermercado, e me encaminhei com ele até o corredor dos doces. Parei, e ele parou ao meu lado, e eu levantei os braços na direção do corredor.

- Pode escolher o que você quiser. – Falei pro loiro. – Seja feliz.

Ele arregalou os olhos, observando aquele paraíso doce, mas logo olhou pra mim.

- Mas... você disse que eu não poderia gastar meu dinheiro todo com chocolates!

- Sim, mas o dinheiro não é meu, é seu. E como é seu, gaste como bem entender.

Ele ainda ficou parado, como se não tivesse certeza de fazer isso, pegar todos os chocolates possíveis, ou não.

- Quanto custa a matrícula na academia? – Perguntou.

- Uns quarenta por cento do dinheiro que ganhou hoje.

- Certo. Então eu vou gastar só sessenta por cento. Vou fazer o que você disse, vou pra academia, mas com uma condição.

- Qual?

- Quero que vá comigo.

- por que?

- Primeiro, porque não quero ir sozinho, segundo que gosto da sua companhia, e quero que fique do meu lado sempre que puder.

Sorri pra ele. Sei que ele disso de uma maneira pura, mas ele nem imaginava como eu estava só de ouvir ele dizer que gostava de ficar perto de mim. Queria achar que poderia conquistar o coração dele, mas pessoas de baixa autoestima nunca se acham capazes de coisas assim, e acontece que eu sou esse tipo de pessoa.

- Combinado. Vamos juntos, então.

Depois disso, ele pareceu uma criança, sorrindo pros doces e pegando vários deles, de tipos e sabores diferentes. Essa imagem era o suficiente pra que eu ganhasse meu dia.