02. A madrinha

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14:12 PM

- Carmim Dummont, amiga mais próxima da vítima, nos conte em detalhes tudo o que sabe sobre os acontecimentos da tarde do dia 29 de Outubro, dia do desaparecimento de Tâmila Castro. Por favor, não deixe nada passar - digo sentado frente a ela na sala de interrogatório com apenas uma mesa nos separando, enquanto Santiago nos observava escorado na parede atrás de mim de braços cruzados.

- Bem... - move as mãos de forma ansiosa, e logo suspira, erguendo seu olhar para mim - Tudo começou de manhã, no dia do casamento, quando fui à casa dela para ajudá-la a se arrumar para a cerimônia...

☾· Flashback on ·☽

- Fecha os olhos e fica quietinha que eu não to afim de fazer sua make de novo - falo séria fazendo biquinho, enquanto segurava um estojo de maquiagem nas mãos

- Ok - diz Tâmila, que ainda estava de roupão e toalha na cabeça

- Você vai ficar tão linda... James é um homem de sorte - sorri passando um paninho em seu rosto, o enxugando bem para poder aplicar a base

- É

A resposta dela foi tão simplista que chegou ao ponto de me deixar confuso, e, principalmente preocupada. Não demonstrou entusiasmo, nem nervosismo. Eu não entendi. Como assim a noiva estava neutra no dia do seu casamento ? Não entendi...

- Tâmi - para o que fazia para que ela possa olhar para mim - Tá tudo bem ?

Ela me olhou por um segundo, mas logo desviou o olhar. Passando mais alguns segundos ela resolveu falar

- Carmim... você já teve um... amor épico ?

- Um... amor épico ?

- É ! Um amor épico ! Daqueles fazem seu coração bater forte e te faz sentir viva ! - segura firme minhas mãos entre as suas. Seus olhos brilham ou proferir tais palavras. Era plenamente clara a importância de sua pergunta

- Bem... acho que... não... - digo sem graça

Nunca encontrei meu amor como ela. Minha vida amorosa pode facilmente ser comparada com uma pista de gelo fino. Quando alguém tenta ao menos pisar, à quebra. Mas isso não importa agora. Quando ouviu minha resposta, as feições de Tâmila mudaram em compaixão. Pôs a mão em meu rosto e sorrio

- Então você não vai entender... - acaricia minha bochecha - Vamos terminar a make ? Não quero ser daquelas noivas que se atrasa pro próprio casamento - ri

- Não - sorriu - Vamos

☾· Flashback off ·☽

- Depois disso, ela não falou mais nada além de coisas sobre o vestido ou o penteado, e como estava feliz. Quando terminamos tudo, lá por volta de umas duas da tarde, eu a deixei com o motorista, nos despedimos e eles seguiram para a igreja

- Mas nunca chegaram lá - completo, dando um leve suspiro - Obrigada pelo colaboração srta. Dummont. Pode ir pra casa agora e descansar, sei que deve estar preocupada com sua amiga mas tenha certeza de que vamos encontrá-la

- Assim espero... - concluí abatida

Acompanho a mesma até a porta e me despeso. Ao deixá-la a escolta de outro oficial, fecho a porta da sala com as costas permanecendo escorado na mesma.

- E então ? O que acha ? - pergunto observando Renne

- Tá parecendo que ela fugiu com um amante e não quis deixar recado

- Não pode ser só isso, Renne. É simples de mais...

- Você que tem mania de complicar as coisas Ray. Não como se tudo fosse uma conspiração

- Vamos interrogar o noivo - corto o assunto - Depois você reclama

- Tá né - pega um maço de cigarros em seu bolso e acende um

- Você não ia parar de fumar ? - retruco

- Trabalhar me estressa. Fumar me deixa mais calmo. A fumaça leva meus problemas pra longe

- Agora o fumante virou filósofo. Que ridículo

- Você que acha - da uma boa tragada na droga, provando bem o gosto do tabaco, liberando em seguida uma grande quantidade de fumada por toda a sala

- Meu Deus, como é horrível - tusso abanando a fumasa - Vamos logo chamar o noivo

- Já que você insiste - apaga o cigarro na mesa e pega seu celular, ligando em seguida para a recepcionista

Enquanto isso, sento novamente e começo a olhar a fixa de James. Psiquiatra, trabalha em um centro de reabilitação e acolhimento destinado a criminosos com doenças mentais. O Asilo Miller. Pobre homem. Aquele lugar é horrível. Ouso Renne resmungar e logo direciono o olhar para o mesmo, que apertava freneticamente a tela de seu celular.

- Se continuar assim vai quebrar - levanto - O que ouve ?

- Samantha disse que ele não chegou ainda. Tentei ligar pra ele mas só da na caixa postal - diz raivoso

- Estranho. Diz pra ela continuar tentando, enquanto isso interrogamos o padrinho

- Padrinho ? Que padrinho ?

- O padrinho ué. Se tem madrinha tem padrinho Renne. É um casamento

- Tá, vou mandar chamarem ele. Qual o nome ?

- Ethan. Ethan Miller

- Ethan Miller ? O filho do Franklin Miller, dono das Empresas Miller e criador do Asilo Miller ?

- Ele mesmo

- Então foi assim que o pilantra conseguiu um emprego lá. Ouvi dizer que só contratam profissionais escolhidos pela família. O salário é uma fortuna. Mas, se for como dizem, podem pagar o quanto for, não vale a pena. Até alguns dos próprios funcionários já foram internados lá porque enlouqueceram

- Centro de recuperação uma ova, aquele lugar é um hospício - concluo. Aquele lugar me deixa bravo, mas quem está lá me deixa nervoso. Muito nervoso...










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Noiva CadáverOnde histórias criam vida. Descubra agora