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— Então, para que os seus problemas se resolvam, está sugerindo que eu me case? — Safrea esbravejou

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— Então, para que os seus problemas se resolvam, está sugerindo que eu me case? — Safrea esbravejou.

Pelo canto do olho, pode ver um dos criados tremer pelo tom de suas voz, que ecoou pela sala do trono.

— Ah, é claro. Não podes resolver tudo sozinho e sobra para que eu o faça. — Soltou o ar pelo nariz e apertou os punhos ao lado do corpo, sentindo toda sua paciência esvair. — Pois saiba, pai, que não vou me casar com ninguém. Se quer conquistar os outros reinos não governados, faça por si só.

Ela riu levemente da cara de desgosto do pai e cruzou os braços, sentindo-se desconfortável pelo vestido volumoso. Safrea não tinha muitas certezas na vida, mas estava mais do que certa de que odiava aquilo tudo; Odiava ser usada pelo pai desde pequena para encantar seu povo. Odiava todas as festas que era obrigada a comparecer. Odiava toda aquela gente falsa. E, principalmente, odiava aqueles vestidos horrorosos e desconfortáveis.

— Eu não sou moeda de troca. — Voltou a falar, depois que seu pai apenas a encarou em silêncio.

Era aquilo então. Por não fazer as vontades dele, seria tratada com o castigo do silêncio. Que fosse! Ela não tinha mais cinco anos e já estava acostumada com aquilo.
Depois de tantos anos, parou de doer.

Aquela era sua declaração definitiva, então, com isso, ela deu as costas ao rei e saiu batendo os pés, com passos pesados.

Safrea andou até seu quarto sozinha, sem a companhia dos guardas. Ela sabia que seus pais odiavam isso – porque, por mais que estivessem em casa, não era totalmente seguro andar pelo palácio sem pelo menos um guarda em sua cola – mas ela não se importava. Se sentia sufocada com um cara enorme e armado andando atrás dela até mesmo se ela fosse ao jardim para tomar um ar.
Por esse motivo, ela brigou com os pais para que pudesse andar sozinha pelo castelo e eles obviamente não concordaram. Então, num ato de rebeldia no auge de seus dezesseis anos, Safrea estapeou, mordeu e chutou todos os guardas que ficavam atrás dela. Ela sabia que era algo ruim de se fazer, até porque eles só estavam cumprindo ordens do rei, mas foi assim que ela conseguiu sua liberdade – ou ao menos um pedaço dela – há aproximadamente dois anos. Conquistou aquilo sendo mimada, algo que ela não gostava, mas foi necessário.

Quando entrou em seu quarto, trancou a porta, abriu os botões do vestido longo e apertado, deixando-o cair ao seus pés para depois chutá-lo para longe. Ficou apenas com suas peças íntimas, o que ela considerava infinitas vezes mais confortável.
Safrea se jogou de costas na cama enorme e macia e suspirou dramaticamente.

O quarto da princesa era grande demais para uma garota de dezoito anos. As paredes eram totalmente brancas e uma única com detalhes em dourado, – desenhos de pequenas coroas, ramos de rosas, espinhos e espirais.
Em uma dessas paredes, especificamente a branca com desenhos, estava encostada uma enorme penteadeira de madeira escura com um enorme espelho e uma estante de madeira também escura com livros que ela não fazia questão de ler; noutra totalmente branca, sua cama enorme com uma cabeceira ridícula que gritava estupidamente "OLHE SÓ, EU SOU CLARAMENTE A CAMA DA PRINCESA, UM MEMBRO DA FAMÍLIA REAL". Havia uma porta de vidro que dava para a sacada, onde ela tinha uma vista privilegiada do jardim, mas as cortinas de blackout eram ótimas em protegê-la de qualquer luz solar; e na última das quatro paredes que compunham seu quarto, portas duplas que abriam passagem para um enorme banheiro moderno e seu closet.

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⏰ Última atualização: Jan 22, 2022 ⏰

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Princesas amam Princesas | Renunciando a coroa #1Onde histórias criam vida. Descubra agora