William respirava com dificuldade, seus músculos doíam após serem forçados a nadarem exaustivamente, mas nada se comparava com o calor escaldante que estava instalado em seu peito.
— Me diga o porquê, o porquê de você cogitar sacrificar sua vida de tal maneira? — Ele gritava assustado para o detetive. Em todas as probabilidades possíveis de fim para o seu plano, em nenhuma Sherlock pulava atrás de si.
Ele estava assustado pela primeira vez na vida. Assustado pela forma como seu peito bateu fora do peito ao enxergar uma figura divina vindo ao seu encontro em meio a queda, assustado pelo fato de ter feito uma prece silenciosa para que Sherlock sobrevivesse, quando nunca na vida isso o tivesse ocorrido, assustado pela forma como o detetive nem sequer havia hesitado ao pular atrás de si... Seus membros tremiam e sua garganta sufocava com a hipótese de causar a morte de Sherlock.
— Liam... — O moreno murmurou, como se o fato de o ver ali vivo ainda estivesse sendo processado. — Como você pode ter cogitado me deixar aqui só...?
— O que?
— Como pode ter cogitado me deixar sozinho aqui, nesse mundo? — Dessa vez ele gritou, com os olhos ardendo e o peito apertando. — Um homem capaz de enganar uma nação, mas não de enxergar o que está bem a sua frente!
Liam olhou para o outro com os olhos arregalados, incrédulo, realização o atingindo em cheio. Sherlock arfava, como se tal confissão o tivesse drenado todo seu ar.
— Eu não poderia deixar você ir, assim como você não poderia me deixar ir, você sabe. Não seria suportável viver no mundo o qual você construiu, sem você. — Confessou, caindo de joelhos em seguida.
—Sherly... Meu detetive... — Murmurou o loiro, se juntando ao outro no chão e o acariciando o rosto. — Eu não sou digno de você.
— Então me tornarei indigno. — Rebateu o outro instantaneamente, arrancando uma risada de William.
— Você sempre seria o herói das minhas histórias. — Confessou Moriarty, com um sorriso suave.
— Então não pense em me deixar em um mundo sem você, com essas pessoas que não conseguiriam raciocinar por mais de dez minutos. — Brincou, com os olhos suplicantes.
— Não posso voltar a Londres, a Grã-Bretanha.
— Então recomeçaremos, seremos dados como mortos e recomeçaremos em outro lugar.
— Você tem pessoas queridas esperando por você.
— Assim como você, e mesmo assim você sacrificou tudo em prol da nação. No final, eu quem não sou digno de você.
— Não poderei te dar as mesmas emoções de uma vida pública se vier comigo.
— Então escreveremos uma nova história, com um roteiro tranquilo, para variar.
William riu, apesar de sentir, sinceridade em cada palavra a qual Sherlock falava. Ele se levantou, estendendo a mão para o outro, a qual a pegou e se levantou em seguida.
— Seria a história de dois amigos recomeçando a vida? Onde? Suíça? — Falou Liam com humor, sorrindo.
— Sim, amigos... Suíça... — Respondeu Holmes entorpecido pela imagem a si permitida. Seu peito apesar de ainda doer, estava mais calmo, após ver o homem em sua frente demonstrar, por menor que seja, um resquício de esperança.
Sherlock pularia quantas vezes fossem necessárias atrás daquele sorriso.
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As Many Times As Necessary
Fiksi PenggemarLiam e Sherlock após o momento da queda. Sherlock ainda não está pronto para dizer em voz alta e Liam pode ter encontrado sua esperança.