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Prólogo

Era início do outono, Sunoo acordara cedo como sempre fazia e se preparava para ir ao trabalho. Ele acordou Yujin, com quem dividia apartamento em Seul. Yujin era sua amiga de infância, desde sempre estudaram juntos e hoje vivem sob o mesmo teto por decisão própria. A vida adulta havia atingido os dois em cheio, a rotina jovial se tornou lembrança, apesar de a recordarem na prática sempre que podiam. Sunoo saía antes, nem ao menos compartilhava do café da manhã junto de sua amiga, ele comia no caminho.

Seu local de trabalho era a revista One-reeler, onde iniciou sua carreira após a graduação. O jovem sempre almejou ser um diretor de arte e se esforçava muito para isso, por essa razão chegava cedo e sempre era prestativo. Mesmo durante o período de mestrado, que em breve se finalizaria, Sunoo nunca deixou de ser um excelente profissional e seus colegas reconheciam-no por isso, ele era um bom rapaz.

Bom até demais. Desde que sentiu liberdade e confiança para fazer sugestões a sua superiora, Choi Myeonhui, diretora de arte da revista One-reeler, ele assistiu algumas de suas sugestões serem usadas por ela sem a sua permissão, em outras palavras, serem roubadas. Quando aconteceu pela primeira vez, Sunoo ficou incrédulo, não conseguia aceitar e cogitou questionar Myeonhui, mas não o fez. Ao desabafar com um colega mais experiente sobre a situação, Lee Heeseung, ele ouviu um cético:

– Sunoo, isso é mais comum do que parece. Se você quiser manter um emprego no nosso ramo, vai precisar aprender a conviver com isso.

Ele não acreditava no que tinha ouvido, mas a seriedade no tom de Heeseung era como um aviso muito claro. Consequentemente, Sunoo passou a aceitar aquela situação como uma cultura do meio em que sempre sonhou em trabalhar e passou a se sujeitar à situação. Trabalhar no meio exigiria resiliência dele e fé no carma. Quando a situação voltou a se repetir, Sunoo teve uma epifania, de fato, da realidade que enfrentava e, ao invés de protestar contra a situação, apenas comemorou para si. Afinal, mesmo que houvesse outro nome assinando seu projeto, a ideia era dele, portanto, ele sabia que era talentoso.

Talentoso, mas não bobo. Sunoo percebeu que suas ideias só seriam usufruídas sem sua autorização se as contasse para Myeonghui, então passou a não sugerir mais. Ele concentrou-se numa proposta aberta a todos da revista, um projeto único, onde através de uma competição, qualquer um poderia assinar a campanha a ser feita. Era uma concorrência livre, a chance perfeita de ver seu nome sendo de fato reconhecido. Dessa forma, ele passou a trabalhar silenciosamente enquanto cumpria suas obrigações. Sunoo estava investindo seu tempo, estava empolgado e esperançoso, dessa vez não seria roubado.

– Kim Sunoo, - era a voz de Myeonghui. - eu preciso que você encontre o fotógrafo do ensaio daquele grupo que estamos coordenando na edição deste mês. Ele está esperando no café da esquina.

Sunoo prontamente atendeu o pedido, ele não estava atarefado com outras coisas, pelo contrário, estava revisando o seu projeto para a campanha que poderia assinar seu nome. Ele deixou a impressão do material sobre sua mesa e saiu para ir ao café. O fotógrafo era Lim Jaebum, conhecido pelo seu estilo único e personalidade que transpareciam nas fotografias. Jaebum, além de talentoso, era lindo. Uma bela pausa para Sunoo. Os dois, que se deram bem, acertaram a contratação formal de Jaebum para o ensaio fotográfico de um grupo de k-pop que estaria na próxima edição da revista.

– Certo, depois de assinar aqui não tem mais volta. - Sunoo brincou com o mais velho, enquanto ele assinava o contrato.

– Como se a Myeonghui fosse deixar eu dar pra trás a essa altura. - Os dois riram em uníssono à medida que Jaebum entregava a papelada devidamente assinada.

– Tudo ok. - Sunoo conferiu - Eu te passo o cronograma por e-mail. Até semana que vem!

– Até! - Jaebum disse simpático. Ele também havia achado Sunoo bonito, mal podia esperar por trabalhar com ele também.