Revelations

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Todas as luzes não conseguiam apagar a escuridão

Invadindo meu coração

As luzes se acendem e eles sabem quem você é

Sabem quem você é

Você sabe quem você é?

(Lights up - Harry Styles)

10 de setembro de 2001

Olhar a paisagem das coisas através da janela de um avião nos faz enxergar como todas as coisas, apesar de grandiosas de perto, podem se transformar quase microscópicas de longe. Deixar minha irmã, a Clary e principalmente ele, mesmo que por poucos dias, me fazia sentir como se estivesse abandonando o barco. Tudo parecia estar em declínio, exceto a Clary que sempre se mostrava irredutível e tão segura de si apesar de tantas coisas que passou para alcançar sua independência, era algo que eu sempre invejaria nela.

- A senhorita aceita alguma bebida? - pergunta a aeromoça bem vestida e com um sorriso esbelto realçado por um batom vermelho nos lábios, volto a realidade e assinto com um meio sorriso - Temos café, chá, leite de amêndoas, suco de laranja e maracujá.

- Um chá, por favor - digo me ajeitando no assento, por sorte eu estava sozinha, odiava ir com mais pessoas na mesma fileira.

Ela vai até o fim do corredor e entra numa espécie de cozinha, o vôo ainda estava no início e eu já estava ansiosa para voltar logo a Nova York. Os pensamentos de ontem a noite perpetuavam minha mente e era difícil de mantê-los afastados de mim.

- Aqui está, senhorita. Bom vôo - a aeromoça me desperta mais uma vez e eu agradeço.

Fecho os olhos e relembro dos meus últimos momentos com ele.

Obrigada por ter me trago em casa - agradeço a Heath enquanto termino de fechar uma jaqueta de zíper que ele me emprestou.

- Nathalie, você ainda não me respondeu - Heath diz olhando para o volante, com os olhos fixos e vidrados - Acabamos por aqui? - finalmente me olha com os olhos marejados e a expressão quase que derrotada.

Coço os cabelos ainda úmidos, eu não podia adiar mais, a hora era agora. Eu precisava fazer o que era melhor para nós, pelo menos naquele momento. Fico alguns segundos em silêncio, procurando as palavras certas para se dizer, não tinha um modo de terminar, não era por falta de amor, era por estarmos em situações diferentes da vida.

- Heath, eu já te expliquei, só não te disse a decisão - digo quase que num sussurro e crio forças para olhar em seus olhos.

A mão grande apertava o volante com força, como se procurasse algo para se sustentar. Eu tinha um imenso medo da minha decisão impulsionar o seu vício, mas aquilo não era responsabilidade minha.

- E qual é? - pergunta com a voz cheia de melancolia.

- Sabe que não podemos estar juntos agora - digo com o gosto mais amargo na boca, e os olhos já queimando - Não é por falta de amor, mas temos coisas sérias para resolver por nós mesmos, bom, eu já disse tudo na sua casa. Vamos nos manter afastados neste tempo da sua gravação e enquanto eu estiver na Flórida tá? Nada é definitivo.

- Ainda não esqueço aquilo que você me disse uma vez - diz olhando pra janela do carro, completamente embaçada pelos ventos gelidos de Nova York - Aquela cartomante te disse que sempre voltaríamos um para o outro, e eu acredito nessas palavras.

Meu deus. Eu precisava retornar naquela cartomante, depois de todas essas reviravoltas que minha vida estava tomando eu esqueci complementarmente dela, e em como todas as suas previsões estavam corretas.

Can't take my eyes off youOnde histórias criam vida. Descubra agora