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1. Bem-vinda a favela.

Ouvi meu despertador tocar por de baixo do sono.

-Argh! - Resmunguei, irritada.

Com o rosto ainda no travesseiro, tirei minha mão direita por de baixo do edredom, levando-a até a cômoda, ao lado de minha cama.

Bati na cômoda repetidas vezes, procurando o despertador. Quando senti o mesmo, atirei-o no chão.

-QUEBRA! - Ouvi minha mãe gritar do corredor.

Suspirei fundo, tirando meu rosto do travesseiro.

Olhei para a cômoda novamente, pegando meu celular.

Pela barra de notificações, li três mensagens da Beatriz, minha melhor amiga.

"Acabei de chegar na escola"
"Por favor, vem me salvar!!!"
"Cadê você??"

Todas as mensagens acompanhadas por emoji's de choro.

Sorri levemente e joguei o celular na cama.

Desci da mesma, preguiçosamente. Arrumei-a, tão rapidamente quanto uma lesma arrumaria.

Eu odeio a escola e odeio ter que acordar cedo.

Andei até o banheiro, tirando minhas roupas. Depois, tomei um banho, tranquilizador e gelado na banheira.

Após poucos minutos, saí do banho, enrolada em um roupão. Escovei os dentes, penteei meus cabelos e passei desodorante.

Depois de fazer minhas higienes, corri para meu closet e vesti o uniforme do colégio. Composto por uma camisa branca social, uma gravata preta com listras alternadas brancas e azuis e um terno preto com destalhes azuis formando o símbolo da escola. Por fim, vesti uma meia calça preta e a saia do uniforme, igualmente preta.

Apesar de todo o conforto, eu acho breguíssimo.

Para finalizar, calcei meus tênis old school pretos.

Peguei meu celular e minha mochila rapidamente.

Antes de sair do quarto, dei uma olhada no espelho. Desentortei a saia de meu uniforme e coloquei meus longos cabelos castanhos para frente dos ombros. Passei a mão por eles, duas vezes, alinhando-os.

Rapidamente, passei um gloss rosa em minha boca, já rosada, destacando-se em minha pele bronzeada e clara.

Meu despertador tocou novamente e eu gemi de preguiça.

Desci as escadas correndo, indo direto para a cozinha, onde vi o Luiz, meu padrasto. Estava sentado em uma das oito cadeiras ao redor da mesa, lendo um jornal.

Passei direto por ele, indo até a geladeira.

-Bom dia. - Disse Luiz.

Ignorei e me virei rapidamente, vendo-o na mesa.

Seus lábios se contorceram em um falso sorriso simpático.

Ridículo. Xinguei, em minha própria mente.

O Luiz era um escroto, todos sabíamos disso. Menos minha mãe. Por algum motivo, o olhar dele me incomodava e de alguma forma me dava medo.

Por ser de menor, eu não podia sair de casa sem a autorização da minha mãe. Mas, ter que dividir a casa com um velho nojento era um inferno.

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